
A hist�ria come�ou em 2017, quando os apartamentos come�aram a ser vendidos na planta. Segundo uma das compradoras, Geisyane Lima, de 37 anos, o empreendimento foi dividido em duas fases. Na primeira delas, cerca de 250 pessoas compraram apartamentos ainda ‘no ch�o’, h� quatro anos.
A fase 1 tinha previs�o de entrega em dezembro de 2019, entretanto a obra ainda n�o tinha sido finalizada, mas no contrato constava um prazo de mais 180 dias ap�s a data estimada. Tempo esse, que terminou em julho de 2020.
As promessas de entrega continuaram. Desta vez com a marca��o de uma vistoria com alguns moradores para entrega das chaves. Algumas fam�lias acreditaram que se mudariam em agosto de 2020 e passaram a comprar m�veis, j� que estavam com as documenta��es aprovadas e constru��o finalizada.
Entre e-mails de marca��es para entregas e desmarca��es, alguns compradores come�aram a entrar na justi�a contra a construtora. Segundo Geisyane, as fam�lias est�o sendo cobradas da taxa de obras, mesmo ap�s a constru��o civil ter sido finalizada: “Permanecem cobrando a taxa de obra. Eles alegam que � porque n�o entregaram e podem cobrar at� l�. A gente acha um absurdo, porque j� est� tudo 100% conclu�do”, disse.
A �ltima tentativa de entrega dos apartamentos da fase 1 foi agendada para 30 de abril: “Mandaram um e-mail com uma carta, pedindo desculpas e falando que entregariam as chaves. Eles entraram em contato por bloco, para evitar aglomera��es, disseram que iam entregar em dois dias, 30 de abril e 1º de maio”, relata Geisyane.
“Na mesma semana, em 26 de abril entraram em contato cobrando um boleto com uma ‘taxa de despachante’, que ningu�m sabia o que era. N�o tinha valor exato para todos, cada um tinha que pagar uma quantia diferente. Nosso advogado falou que n�o poderiam cobrar isso, pois a maioria dos contratos estava com esse valor zerado, mas a maioria das pessoas pagou, desesperadas para receber as chaves”, diz a futura moradora.
A construtora parcelou os valores, entretanto a condi��o para as fam�lias se mudarem era o pagamento do boleto, segundo Geisyane: “At� dividiram de 12 vezes, deram v�rias op��es de parcelamento, mas impondo a condi��o que se pagasse o boleto, ia receber a chave”.
Apesar de surpresos, os moradores que j� estavam aguardando a t�o sonhada casa pr�pria, imaginaram que faltava pouco para organizarem m�veis e encerrarem contratos de aluguel, por isso um esfor�o a mais valeria a pena.
“Tem gente com ordem de despejo da casa que est� morando, porque deixou de pagar aluguel para n�o ficar inadimplente com a Via Sul e continuaram pagando as taxas de obra. Teve gente desmontando guarda-roupas para se mudar e at� deixaram os m�veis prontos”, conta Geisyane.
“Tem gente com ordem de despejo da casa que est� morando, porque deixou de pagar aluguel para n�o ficar inadimplente com a Via Sul e continuaram pagando as taxas de obra. Teve gente desmontando guarda-roupas para se mudar e at� deixaram os m�veis prontos”, conta Geisyane.
“Quando foi 29 de abril, eles mandaram um segundo comunicado falando que n�o poderiam entregar as chaves, por conta da concess�ria de energia, a Enel. O pior de tudo � que quando cancelaram, esqueceram para quem fizeram liga��es e n�o avisaram todo mundo”, continua.
“E na sexta de manh�, dia 30, algumas fam�lias que n�o foram avisadas chegaram no condom�nio para receber as chaves, mas o porteiro disse n�o teria mais a entrega. A Via Sul esqueceu de avisar todas as fam�lias que a entrega foi cancelada! As pessoas perderam dia de trabalho e ainda gastaram mais dinheiro pra ir at� o local. Isso � um absurdo” finaliza.
Os moradores tentaram entrar em contato com a construtora para saber o motivo do descaso, por�m s� obtiveram respostas prontas, de um comunicado. “Eles n�o respondiam ou mandavam um comunicado pronto. Sempre colocando a culpa em cima da companhia de energia e dizendo que est�o fazendo de tudo para resolver. Mas a Enel vai no condom�nio e diz que est� fora do padr�o e � preciso corrigir”, diz.
Clima de tristeza
Toda a situa��o deixou um clima de tristeza entre os moradores, que se dizem constrangidos e alguns, sem condi��es de sustentar alugu�is: “N�o somente eu, mas todos n�s estamos constrangidos com esse descaso. O que est� acontecendo hoje para alguns moradores, � de partir o cora��o. Muitas pessoas n�o tem a vida estabilizada, est�o morando de aluguel, de favor, pegando dinheiro emprestado para pagar as contas”, contou Geisyane.
“Por causa disso que aconteceu as pessoas est�o frustradas e veem como um sonho cancelado. Muitos n�o querem nem pegar o apartamento, mas � complicado esse processo. Queremos saber por que fizeram isso com tantas pessoas? S�o praticamente 500 fam�lias que v�o morar ali dentro, por que n�o d�o nem satisfa��o direito? A gente que precisa entrar em contato e o atendimento � p�ssimo. O sonho da casa pr�pria virou um pesadelo”, finaliza a compradora, revoltada com toda a situa��o.
Procurada pela reportagem, a Via Sul Engenharia disse que toda a constru��o do condom�nio j� foi finalizada e a �nica pend�ncia � com a concession�ria de energia el�trica, que segundo eles, atrasou todos os prazos combinados, mesmo com pagamentos em dia.
Veja a nota na �ntegra:
A ViaSul Engenharia esclarece que as obras referentes ao �guas de Guanabara est�o 100% conclu�das e o empreendimento j� possui a Certid�o de Habite-se. A �nica pend�ncia para a entrega das chaves aos moradores � a ativa��o de energia el�trica, que deve ser feita pela Enel.
A ViaSul Engenharia efetivou o pagamento, dentro do prazo, para que a Enel pudesse realizar as liga��es de energia el�trica. Por�m, a concession�ria descumpriu todos os prazos fornecidos para a ativa��o.
Especificamente sobre as caixas de disjuntores, a informa��o n�o procede. A ViaSul Engenharia n�o instalou caixas de disjuntores no empreendimento.
No final do m�s de abril, agendamos a entrega das chaves aos moradores, considerando a instala��o do rel�gio feita no empreendimento, pela Enel, e que havia uma ordem judicial em cumprimento para ativa��o de energia el�trica. Mais uma vez, constatamos que os prazos n�o foram cumpridos pela concession�ria local.
Refor�ando o compromisso com a transpar�ncia e respeito a todos os clientes, a ViaSul suspendeu, temporariamente, a entrega das chaves, visando a seguran�a de todos os futuros moradores, tendo em vista a import�ncia de liberar as unidades habitacionais com os apartamentos totalmente aptos para moradia.
Ressaltamos que n�o h� pend�ncias da ViaSul Engenharia com a Enel para ativa��o de energia el�trica. Todas as medidas operacionais, administrativas e, agora, jur�dicas j� foram providenciadas. Assim como iniciamos tratativa jur�dica para que a Enel possa se responsabilizar por todos os preju�zos causados aos futuros moradores.
Por fim, sobre taxas praticadas, a ViaSul Engenharia segue rigorosamente o definido em contrato entre as partes envolvidas e se coloca � disposi��o, por meio de seus canais de atendimento, para qualquer d�vida referente aos c�lculos e detalhamento dos contratos.
Em nota, a concession�ria Enel tamb�m esclareceu que as obras para instala��o de energia el�trica no condom�nio �guas de Guanabara s�o complicadas e exigem licenciamento de outros �rg�os, como a Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Prefeitura de S�o Gon�alo. Para agilizar a situa��o, as interven��es ser�o feitas com emerg�ncia e tem previs�o de t�rmino em julho deste ano.
Veja a nota na �ntegra:
A Enel Distribui��o Rio esclarece que as obras na rede el�trica necess�rias para a conex�o do condom�nio exigem o licenciamento por parte de �rg�os como a ANTT e Prefeitura de S�o Gon�alo e que a complexidade no processo de obten��o das autoriza��es impediu que a Enel iniciasse a obra anteriormente.
Em agosto de 2020, ap�s a construtora cumprir suas obriga��es no processo de solicita��o da obra, a Enel Distribui��o Rio realizou os estudos para viabilizar as interven��es. Em raz�o da complexidade t�cnica do projeto e da necessidade de autoriza��o de outros �rg�os, a distribuidora vem atuando em parceria com a Prefeitura de S�o Gon�alo e com a concession�ria Arteris Fluminense, que tamb�m precisou ser envolvida, uma vez que a obra impacta uma �rea sob a responsabilidade da rodovia.
A Enel Rio tem tratado o caso com a m�xima prioridade e as interven��es ser�o realizadas em car�ter emergencial, com previs�o de t�rmino na primeira quinzena de julho.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz