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Estado de Minas Crise

Desemprego em Minas deixa quase 1,5 milh�o de exclu�dos

Corte de vagas leva desocupa��o a 13,8% no 1� trimestre, recorde da s�rie hist�rica do indicador medida pelo IBGE, no estado.Taxa de informais tamb�m � destaque


14/06/2021 04:00 - atualizado 14/06/2021 07:40

A busca por trabalho do auxiliar de cozinha Samuel Ramos, que já estava complicada com os efeitos da pandemia, foi atropelada pelo aumento do desemprego(foto: Gazeta de Araçuaí/Divulgação)
A busca por trabalho do auxiliar de cozinha Samuel Ramos, que j� estava complicada com os efeitos da pandemia, foi atropelada pelo aumento do desemprego (foto: Gazeta de Ara�ua�/Divulga��o)

 

Festejada pelo governo, a rea��o da economia brasileira de janeiro a mar�o passou distante da batalha de milhares de trabalhadores afetados pelo agravamento da crise do emprego, neste ano, no pa�s e em Minas Gerais. Sem oportunidade ou nem sequer a esperan�a de encontrar vaga, 1,482 milh�o de pessoas no estado vivem rotina de exclus�o, representada pela maior taxa de desemprego em nove anos, de 13,8% medidos no primeiro trimestre de 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). No Brasil, s�o 14,8 milh�es de pessoas que n�o est�o trabalhando, retratadas numa taxa de desocupa��o tamb�m recorde, de 14,7%.

 

Em toda a s�rie hist�rica de dados do instituto, que acompanha o comportamento do mercado de trabalho desde 2012, o drama em Minas nesse come�o de ano conturbado pela falta de controle da pandemia de COVID-19 e a lenta vacina��o s� se compara ao in�cio de 2017, per�odo ainda influenciado pela recess�o da qual o pa�s estava saindo naquela �poca. No primeiro trimestre daquele ano, o n�vel de ocupa��o havia alcan�ado 13,7% e sacrificava 1,491 milh�o.

 

De janeiro a mar�o �ltimo, o desemprego no estado teve expressivo crescimento em rela��o �s taxas de 12,2% de outubro a dezembro �ltimo – trimestre que parecia indicar uma recupera��o de vagas, agora descartada – e de 11,5% no primeiro trimestre de 2020. Al�m das restri��es que a doen�a respirat�ria imp�s � economia, a deteriora��o do emprego reflete o baixo f�lego do setor de presta��o de servi�os e da ind�stria no estado, como observa o analista Alexandre Veloso, da regional do IBGE em Minas, ao analisar os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) Cont�nua.

 

“Esse dado que saiu agora (os resultados da Pnad Cont�nua no primeiro trimestre foram divulgados no �ltimo dia 27) mostra que a taxa aumentou 2,3% do in�cio do ano passado para o in�cio deste ano. O que notamos s�o as atividades, como a �rea de servi�o que continua sendo a mais afetada, que est�o bem abaixo do n�vel do per�odo pr�-pandemia”, disse. De janeiro a mar�o, havia 186 mil desempregados a mais no estado que entre outubro e dezembro de 2020. Frente ao primeiro trimestre do ano passado, o aumento equivale a 200 mil pessoas.

 

O corte de empregos deste ano alcan�ou 152 mil postos nos servi�os de alojamento e alimenta��o frente aos meses de janeiro a mar�o de 2020, 127 mil oportunidades no com�rcio e no setor de repara��o de ve�culos e 124 mil vagas na ind�stria. Para o auxiliar de cozinha Samuel Alves Ramos, de 29 anos, que perdeu o emprego no ano passado, o recrudescimento na gera��o de vagas tornou ainda mais dif�cil uma recoloca��o.

 

Com a escassez de vagas em Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, onde ele nasceu, Samuel partiu para S�o Paulo. Ele trabalhava num restaurante em Piracicaba, quando os efeitos da crise sanit�ria sobre as vendas sacrificaram o quadro de pessoal da empresa. “Pra mim foi um baque, uma coisa que eu realmente n�o estava esperando. Com a perda do emprego, fiquei sem ter como sobreviver longe de casa”, afirma.

 

Outros 137 mil empregos foram eliminados em Minas nos outros ramos de empresas do setor de servi�os. Para Alexandre Veloso, o mercado de trabalho que chegou a apresentar uma leve melhora voltou a piorar num cen�rio de recrudescimento das contamina��es e mortes provocadas pelo coronav�rus.

 

“A gente teve no �ltimo trimestre do ano passado uma recupera��o relativa do mercado de trabalho. A partir de mar�o do ano passado houve uma queda muito significativa, tanto em Minas quanto no Brasil e foi o reflexo da pandemia. Quando a situa��o sanit�ria ficou um pouquinho melhor, o mercado de trabalho havia conseguido se recuperar um pouco”, afirmou.

 

Desempregado desde que os primeiros casos de COVID-19 surgiram no Brasil, Pablo Henrique Nascimento, de 28 anos, convive com o temor de n�o conseguir uma recoloca��o no mercado de trabalho, diante das incertezas que cercam a economia. Ele trabalhou 5 anos e 3 meses em uma empresa que fabrica pe�as de tratores. Assim que a crise sanit�ria se instalou, foi demitido.

 

“Fui pego de surpresa. Nunca esperamos que isso aconte�a com a gente. Fiquei bastante tempo l� na empresa, minha carreira foi crescendo, mas fui demitido simplesmente porque a pandemia chegou. Entendo a crise, mas � muito dif�cil. Estou procurando emprego h� mais de um ano”, lamenta Pablo Nascimento. Ele conta que, quando surgem vagas, s�o as muitas exig�ncias que dificultam as chances dele diante da concorr�ncia. “Al�m de ser dif�cil encontrar emprego, quando acho eles pedem muita coisa. Assim, tudo fica mais fechado e o medo aumenta. N�o consigo ficar parado.”

Registro


Outro reflexo preocupante da crise e desfavor�vel tanto para o trabalhador quanto para um pa�s que busca crescimento sustentado � o avan�o do emprego sem registro. Em Minas, a taxa de informalidade medida pelo IBGE atingiu 38,4%, o que representa cerca de 3 milh�es de trabalhadores que n�o t�m carteira assinada ou CNPJ. A taxa � maior que as de seis estados, incluindo S�o Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paran� e Mato Grosso do Sul.

 

“A taxa de informalidade est� um pouco acima da m�dia. O que a gente pode notar nesse momento de crise � diferente de outros momentos em que a economia funciona de uma forma um pouco mais normalizada. Atualmente, � a �nica oportunidade de emprego que muitos t�m. � o que est� sobrando”, comentou Alexandre Veloso, do IBGE. No Brasil, os 34 milh�es de trabalhadores informais respondem por 39,6% do total de empregos.

 

* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Marta Vieira

 

Estado busca estimular investimentos privados 

 

O governo de Minas Gerais informou que tem adotado pol�ticas p�blicas visando � melhora do cen�rio de restri��es que afetam a economia. Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econ�mico destacou que a��es voltadas para desburocratiza��o do setor p�blico associadas a uma pol�tica de atra��o de investimentos pr�-ativa, realizada pela Ag�ncia de Promo��o de Investimento e Com�rcio Exterior (Indi), “geraram condi��es para a cria��o de mais de 57 mil empregos diretos e outras centenas de milhares indiretos. Entre janeiro de 2019 e abril de 2021, o governo estadual j� atraiu R$ 121 bilh�es em investimentos privados”, diz a nota.

 

Para o superintendente de Gest�o e Fomento ao Trabalho e � Economia Popular Solid�ria da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese-MG), Marcel Cardoso Ferreira de Souza, os resultados da Pnad Cont�nua do IBGE refletem n�o s� a crise econ�mica sob efeito da pandemia, como o fato de ter aumentado a procura de emprego por parte de trabalhadores que deixaram de receber o aux�lio emergencial, ajuda que vem sendo concedida pelo governo federal para os trabalhadores mais prejudicados pelos efeitos da doen�a respirat�ria sobre a economia.

 

“O n�mero (do desemprego) estava a�, mas a gente n�o tinha detectado ainda. A quest�o do desemprego � um problema do desenvolvimento econ�mico. Em Minas, h� a��es de investimentos, obras p�blicas, tem tamb�m o acordo com a Vale (acordo de repara��o pelos danos que o rompimento da barragem de rejeitos de min�rio de ferro da mina Corr�go do Feij�o, em Brumadinho, provocou). Ent�o, a aplica��o desses recursos vai gerar benef�cios e empregos para a popula��o.”

 

Marcel Souza afirmou, ainda, que o governo mineiro tem trabalhado para estimular a cria��o de empregos  por meio de projetos de qualifica��o de m�o de obra em cursos na �rea de tecnologia da informa��o. com o intuito de recolocar pessoas no mercado de trabalho. Pessoas mais vulner�veis, a exemplo das mulheres, segundo ele, t�m prioridade nessa pol�tica de forma��o profissional.

 

Em Minas, no primeiro trimestre do ano faltou trabalho para 3,2 milh�es de pessoas, soma do grupo de trabalhadores que o IBGE classifica como subutilizadas, que s�o aquelas desempregadas, subocupadas por insufici�ncia de horas trabalhadas na semana ou na for�a de trabalho potencial, quer dizer, n�o trabalharam nem procuraram trabalho, mas estavam dispon�veis caso uma oportunidade fosse oferecida ou surgisse. Esse n�mero de subutilizados cresceu em 448 mil de janeiro a mar�o, frente ao mesmo per�odo de 2020 e em 124 mil ante o trimestre de outubro a dezembro de 2020. Retrato dessa situa��o, a taxa composta de subutiliza��o da for�a de trabalho em Minas foi de 27,7%, enquanto estava em 23,4% entre janeiro e mar�o de 2020.


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