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Estado de Minas SOBRETAXA

Aumento de 52% na bandeira vermelha da conta de luz? Reflexo no Bolso

Conta de luz vai ficar em m�dia 8,12% mais cara pelos c�lculos da FGV. Nova alta deve elevar tarifa para R$11,50 em agosto


30/06/2021 04:00 - atualizado 30/06/2021 07:29

Reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, como Furnas, estão com capacidade reduzida pela escassez de chuvas(foto: Marcelo Sant'Anna/Estado de Minas 1/12/01)
Reservat�rios das hidrel�tricas do Sudeste/Centro-Oeste, como Furnas, est�o com capacidade reduzida pela escassez de chuvas (foto: Marcelo Sant'Anna/Estado de Minas 1/12/01)

Com a escassez de �gua nos reservat�rios das hidrel�tricas e o acionamento das usinas t�rmicas dispon�veis, a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) aprovou ontem um aumento de 52% no valor da bandeira vermelha patamar 2, que passa de R$ 6,24 para R$ 9,49 em julho a cada 100 quilowatts/hora (kWh). E um novo reajuste deve ser anunciado para agosto, elevando o valor para entre R$ 11,50 e R$ 12, uma vez que a alta anunciada ontem n�o ser� suficiente para cobrir os gastos com o acionamento das usinas t�rmicas que este ano j� chegam a R$ 9 bilh�es.

O reajuste anunciado ontem est� acima dos 21% previstos em mar�o e deve aumentar a conta de luz dos consumidores em m�dia em 8,12%, segundo c�lculos da Funda��o Getulio Vargas (FGV), com um impacto de 0,36 ponto percentual na infla��o medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho. Com o aumento, o governo busca inibir o consumo e evitar o racionamento de energia el�trica. Para o ano, a previs�o  � de que o reajuste nas contas de luz deixe a infla��o oficial acima do teto da meta, que � de 5,25%.

“Este ano, os nossos reservat�rios de �gua est�o com n�vel baixo e, em fun��o do baixo volume de chuva, a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) teve que fazer esse reajuste, e aconteceu acima do que era esperado”, explicou o economista Glauber Silveira, pesquisador da Funda��o Jo�o Pinheiro. Ele avalia que o impacto na eleva��o no pre�o da energia afeta diretamente os empres�rios e, consequentemente, o bolso do consumidor final. “Faz com que ele seja mais tributado e impacta no consumo de outros bens e produtos. Este ano a gente deve ficar com infla��o entre 5% e 6% no IPCA, provavelmente acima da meta do Banco Central, que � de 5,25.”

O pesquisador lembra que energia � servi�o essencial para a sociedade. “A energia � muito dif�cil de fugir. N�o tem muita alternativa, tem que economizar, � claro, mas n�o tem como fugir do que � essencial, como geladeira, chuveiro, luz”, observa. De acordo com Silveira, o impacto na economia ocorre a partir do an�ncio do reajuste. “O consumidor j� fica apreensivo com receio do valor da conta. O resultado na conta, propriamente dito, s� vem na pr�xima fatura que chegar.”

Na simula��o de uma conta com consumo de 150kWh por m�s e uma tarifa R$ 0,6959 por kWh, o consumidor paga R$ 104,4 sem incid�ncia de bandeiras. Com o novo patamar, ele passa a pagar R$ 118,60, contra R$ 113,50 atualmente, com a bandeira no valor anterior ao reajuste. Sobre junho, o aumento � de 4,5%. mas em rela��o ao valor sem tarifa extra o aumento � de 17,18%. A conta de luz vai pesar no bolso dos consumidores dom�sticos e tamb�m no caixa das ind�strias, do com�rcio e dos servi�os. (Leia mais na p�gina 13.)

OUTRO AUMENTO

Os diretores da Aneel decidiram elevar o valor da bandeira por quatro votos a um ontem e tamb�m deliberaram pela abertura de consulta p�blica para mudan�a no c�lculo, o que elevar� o valor novamente em agosto. A possibilidade de que o novo valor chegue a R$ 11,50, conforme c�lculos da �rea t�cnica da ag�ncia vai representar um aumento de 80% em rela��o ao valor cobrado hoje. Com os reservat�rios das hidrel�tricas do Sudeste/Centro-Oeste, que representam 70,1% da capacidade de armazenamento de �gua das usinas do pa�s, abaixo de 30%, a perspectiva � de que a bandeira vermelha no patamar mais alto vigore at� novembro, quando come�a o per�odo chuvoso.

Os valores cobrados nas demais bandeiras tarif�rias tamb�m foram ajustados e houve at� redu��o, como no caso da bandeira vermelha no patamar 1, que passou de R$ 4,16 para 3,97 a cada 100kWh, com queda de 4,5%. J� a bandeira amarela saiu de R$ 1,34 a cada 100kWh para R$ 1,87, uma alta de 39%. O diretor-geral da Aneel, Andr� Pepitone lembrou que “estamos num momento de escassez. N�o temos �gua e a gera��o de energia est� cara por causa das t�rmicas. O que estamos vivendo � bem parecido com qualquer produto que depende do clima. Consumir energia agora e nos pr�ximos meses est� mais caro”.

Ainda segundo o diretor da ag�ncia, “ningu�m gosta de anunciar aumento de pre�o, tanto � que temos um trabalho imenso da Aneel para desonerar tarifa”, afirmou. O sistema de bandeiras tarif�rias busca compensar o aumento de custos com a produ��o de energia. No Brasil, 61% da energia do pa�s prov�m de hidrel�tricas. Com a falta de chuvas nas principais bacias hidrogr�ficas, o governo � obrigado a acionar usinas termel�tricas para dar conta da demanda. Essa fonte de energia, no entanto, � mais cara e causa mais preju�zos ao meio ambiente.

IMPACTO

O agravamento do quadro h�drico pode frear a retomada da economia que ainda sente os efeitos da pandemia do novo coronav�rus. “O problema nosso agora � que a economia j� est� em uma situa��o muito ruim desde o final de 2015 e as coisas v�o se somando. Estamos vivendo o problema da pandemia, com v�rias pol�ticas equivocadas de falta de est�mulo mais inteligente � economia. E agora a gente vem com a restri��o energ�tica agravar ainda mais o processo. Pode ser que a situa��o nossa seja pior que a de 2001”, afirmou o economista e professor de economia e demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), M�rio Rodarte, referindo-se ao ano em que houve racionamento de energia.

Em 2001, na �poca do apag�o,  o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 1,5% – a previs�o do ano era de uma alta de 4,5%. Rodarte lembra que naquele ano  coordenava uma pesquisa de emprego e desemprego em Salvador (BA) e analisava diversas outras pesquisas econ�micas da �poca. “Em 2000 o mercado de trabalho estava se aquecendo pelo fato de que tinha tido a desvaloriza��o do ano anterior (1999) e a economia n�o era um crescimento Chin�s, mas era um crescimento bom. S� que a� bateu numa parede que foi a restri��o de energia que desincentivou a produ��o de v�rios setores intensivos em energia, tipo alum�nio”, relembra.

''N�o temos �gua e a gera��o de energia est� cara por causa das t�rmicas. O que estamos vivendo � bem parecido com qualquer produto que depende do clima. Consumir energia agora e nos pr�ximos meses est� mais caro''

Andr� Pepitone, diretor-geral da Aneel



ENQUANTO ISSO...
...E�lica e solar batem recordes

Em tempos de crise nas hidrel�tricas, a gera��o e�lica e solar bateram recorde no Nordeste e ajudaram a abastecer o pa�s, informou o Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS). Na segunda-feira, a energia e�lica registrou novo recorde ao atingir gera��o instant�nea (pico) de 10.856MW, �s 23h44. O volume foi suficiente para atender a 96,1% da demanda do subsistema do Nordeste naquele momento. O �ltimo recorde, deste mesmo tipo, havia sido registrado h� cerca de um m�s, no dia 26 de maio, quando foram produzidos 10.612MW. Em menor escala, a gera��o solar tamb�m contribuiu para o atendimento do Sistema Interligado Nacional (SIN) com gera��o de 681MW m�dios, representando 6,4% da demanda do Nordeste. "O n�mero indica um crescimento de 2,1% em compara��o ao �ltimo recorde, registrado no dia 24 de maio, quando foram produzidos 667MW m�dios na mesma regi�o", disse o ONS em nota. A energia e�lica, atualmente, representa 10,6% da matriz el�trica brasileira e a expectativa � que chegue ao fim de 2021 representando 11,1%. J� a energia solar representa 2% da matriz, com expectativa de atingir 2,5% at� o fim do ano.

Reservat�rios s�o preservados

Para evitar que os reservat�rios de algumas usinas hidrel�tricas cheguem ao fim do per�odo de estiagem sem �gua suficiente para operar, o Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS) decidiu flexibilizar a opera��o dos reservat�rios do Rio S�o Francisco e da cabeceira da bacia do Rio Paran�, para permitir que os mesmos possam guardar a �gua armazenada, enquanto a demanda � atendida pelas usinas termel�tricas. Com a medida, ficam permitidas a redu��o da vaz�o nessas usinas, o que inclui as usinas de Tr�s Marias, que hoje est� com 61,61% da sua capacidade de armazenamento, e a de Furnas, no Rio Grande com 30,17% de �gua no seu reservat�rio.

Enquanto Tr�s Marias representa 1,15% da capacidade de armazenar energia do Sudeste e Centro-Oeste, Furnas responde por 17,21%. No Sistema Nordeste, Tr�s Marias representa 31%. Em nota, a Cemig informou ontem que a opera��o da usina est� sendo feita sob coordena��o do ONS e explicou a import�ncia do reservat�rio para o sistema. “A opera��o de Tr�s Marias � fundamental para a regulariza��o do Rio S�o Francisco, no trecho entre a barragem e a Usina de Sobradinho, na Bahia”, disse a concession�ria mineira. A Cemig informou ainda que a hidrel�trica, com capacidade pot�ncia para gerar 396 megawatts (MW) continua produzindo energia.

A concession�ria mineira informou ainda que “no passado, o reservat�rio chegou a atingir 100% da sua capacidade. Por isso, a Cemig n�o tem nenhuma preocupa��o atual com esse reservat�rio. Vale destacar que o cen�rio de aflu�ncias recentes da bacia do S�o Francisco foi bem mais favor�vel que os valores verificados na bacia do rio Paran�, principal preocupa��o do setor el�trico brasileiro, atualmente.”

Hoje, os reservat�rios do Sistema Nordeste est�o com 59,38% da capacidade de armazenamento. � com esse fator que o ONS trabalha. “Essa opera��o nos permite gerar mais nas t�rmicas e estocar essa �gua”, afirmou na C�mara dos Deputados este m�s, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.

A expectativa, segundo Ciocchi, segurando a vaz�o nas usinas ser� poss�vel acionar mais t�rmicas, atendendo � demanda e preservando a �gua nos reservat�rios. “Se n�o adotarmos essas a��es, vamos chegar a uma condi��o muito fr�gil para atender as necessidades de energia da� para frente”, observou Ciocchi.

Com a reten��o de �gua nos reservat�rios da bacia do Rio Paran� e do S�o Francisco, haver� um ganho de 4,6% de preserva��o dos reservat�rios. Al�m disso, est� em estudo a paralisa��o da Hidrovia Paran�-Tiet�, que pode representar um ganho adicional de 1,6% na capacidade de armazenamento do sistema. 


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