(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas TRADI��O

Terra do biscoito amplia sabores e busca os clientes

Fabrica��o conhecida desde o tempo dos tropeiros em Minas melhora ap�s perdas com a pandemia, investindo em diversifica��o de receitas e rede de vendedores


25/07/2021 04:00 - atualizado 25/07/2021 07:41

Sem perda de tempo, Alexandre Nunes, há 22 anos na atividade, renovou o cardápio e foi atrás de encomendas no Sul de Minas, Centro-Oeste e Zona da Mata(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Sem perda de tempo, Alexandre Nunes, h� 22 anos na atividade, renovou o card�pio e foi atr�s de encomendas no Sul de Minas, Centro-Oeste e Zona da Mata (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

S�o Tiago – O inverno sempre aquece a venda de biscoitos e, neste ano em que o frio veio mais rigoroso, estimula uma cadeia de produ��o t�pica e que sustenta a economia em S�o Tiago, na Regi�o do Campo das Vertentes, em Minas Gerais. Ap�s as duras perdas provocadas pela pandemia de COVID-19, os empreendedores renovaram a esperan�a em dias melhores. No munic�pio de 11 mil habitantes, agora destaque da rota tur�stica Caminho de S�o Tiago, inaugurada hoje, a popula��o ocupada na atividade est� toda com a m�o na massa, de olho na comercializa��o das quitandas artesanais.

 

A Associa��o S�o Tiaguense dos Produtores de Biscoitos estima queda de 40% das vendas do setor, que tem oferta mensal de 300 toneladas de biscoitos em linha diversificada, incluindo at� a vers�o vegana. O presidente da entidade, Sebasti�o Rondon de Assis, dono da f�brica B�o Demais com o irm�o Rafael Resende de Assis, conta que a vida est� voltando ao normal depois de seis meses em que os empres�rios viveram numa esp�cie de fogueira das incertezas.

 

“Muitos tiveram que demitir, e � importante lembrar que empregamos 50% da m�o de obra local. Agora, o turismo ressurge e estamos confiantes.” O �ltimo levantamento feito pela entidcade aponta universo de 88 produtores de biscoito no munic�pio, entre grandes, m�dias e pequenas f�bricas.

 

Produção de biscoitos emprega cerca de 50% da mão de obra local, incluindo as habilidosas enroladeiras Maria Helena, Ingrid dos Santos e Glaciela Menezes Macedo(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Produ��o de biscoitos emprega cerca de 50% da m�o de obra local, incluindo as habilidosas enroladeiras Maria Helena, Ingrid dos Santos e Glaciela Menezes Macedo (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

 

Para sair do vermelho e garantir os empregos na produ��o e nas padarias, os donos dos empreendimentos procuraram diversificar a linha de biscoitos e contrataram vendedores para percorrer a regi�o no velho estilo de porta em porta. N�o faltaram tamb�m liga��es para os clientes e estudos de mercado de consumo. A modalidade do e-commerce ainda n�o seduziu os empres�rios, que preferem fazer os contatos por meio de e-mail e WhatsApp.

 

“J� at� contratei mais dois funcion�rios. Com o frio, aumenta o consumo de biscoitos, uma pedida ideal para acompanhar o caf� ou o ch�. Temos os amanteigados e os de polvilho, artesanais e semiartesanais, vendidos para o Distrito Federal, Goi�s, Bahia, Esp�rito Santo, Rio de Janeiro, S�o Paulo e Minas”, diz o presidente da associa��o, que congrega 19 produtores. Na crise, Rondon teve que dispensar oito funcion�rios, ficando apenas com 25. “Com a melhora no com�rcio, os demitidos j� trabalham em outros locais”, acrescenta.

 

 

Hist�ria apetitosa


Distante 203 quil�metros de Belo Horizonte, S�o Tiago cultiva a tradi��o centen�ria dos biscoitos artesanais com uma festa, surgida nos anos 1990, que arrebanha milhares de pessoas em setembro, mas que, pelo segundo ano consecutivo, ficar� sem o p�blico devido � pandemia. Os primeiros registros da atividade s�o da �poca dos tropeiros que passavam pela regi�o, em meados do s�culo 19, e se abasteciam com as quitandas.

 

“Aqui, tudo gira em torno do caf� com biscoito. Vai a um casamento, tem. No vel�rio, tamb�m. Na festa de anivers�rio, mais ainda. Falta m�o de obra, pois � um setor econ�mico que movimenta a agricultura, as f�bricas, chamadas de padaria, e o com�rcio em geral”, explica o secret�rio municipal de Administra��o, Bruno Henrique dos Santos.

 

Ao visitar as padarias � que a hist�ria fica realmente saborosa, e, curiosamente, perde a letra h para se tornar quase uma est�ria de contos de fada: imposs�vel n�o se lembrar de Jo�ozinho e Maria diante das fornadas dos amanteigados, recheados, integrais e o biscoito de polvilho. Para satisfazer �s exig�ncias do consumidor, s�o encontrados nas prateleiras os tipos zero a��car e zero lactose e os veganos, feitos com �gua e gorduras vegetais.

 

“Nosso produto vegano surgiu antes da pandemia e hoje oferecemos v�rios sabores”, revela o propriet�rio da Mineirisse, Alexandre Nunes Machado Chaves. Com 22 anos em atividade, a empresa tem 17 empregados entre enroladeiras, que se dedicam, como o nome diz, a enrolar a massa dos biscoitos doces de trigo; empacotadores, respons�veis por embalar os biscoitos, passadores, dedicados ao polvilho; e os forneiros, encarregados de assar. “Tive que dispensar alguns, pois trabalhamos no vermelho e os insumos (�leo, a��car, trigo, margarina e embalagens) encareceram. Depois os dispensados foram readmitidos em outras empresas.”

 

Sem esmorecer e perder tempo, Alexandre Chaves tratou logo de botar o “bloco na rua”, como ressalta. “Paramos dois dias em mar�o de 2020, e voltamos devagar, fazendo algumas adapta��es. Minha primeira provid�ncia foi contratar um vendedor para percorrer as cidades de Divin�polis, Barbacena, S�o Louren�o e Po�os de Caldas oferecendo nossos produtos. Deu certo e fomos recuperando terreno”, recorda-se Alexandre. A produ��o hoje est� em 30 mil quilos/m�s, e no pico j� chegou a 40 mil quilos. Na f�brica, Maria Sousa mostra dedos art�sticos ao fazer os biscoitos de nata zero a��car, enquanto Mayra Augusta Ferreira � toda cuidados ao empilhar, na embalagem, os biscoitos de polvilho.

 

Com pouco mais da metade do que produzia antes da crise, Eduardo Parreiras está animado e pretende abrir uma segunda unidade(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Com pouco mais da metade do que produzia antes da crise, Eduardo Parreiras est� animado e pretende abrir uma segunda unidade (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

 

Vendas reagem e demandam espa�o

 

A sa�da de caixas e mais caixas carregadas mostra que o setor est� reaquecido em S�o Tiago e produ��o a todo vapor na Ind�stria de Biscoitos Santos Resende, no Bairro Cerrado. O propriet�rio, Eduardo Cust�dio Rodrigues Parreiras,  mostra a produ��o, satisfeito com o carregamento que segue para outros estados. Ele est� � frente da padaria, que abriu h� 18 anos com a sogra Rosilda Resende Santos, de 63, e comercializa os produtos Rosa de Minas. “Hoje, produzimos 18 toneladas, mas j� chegamos a 30 toneladas”, compara Eduardo.

 

A pandemina trouxe mudan�as. Com a queda nas vendas durante dois meses, o propriet�rio identificou no biscoito de polvilho uma boa op��o para recuperar as contas. “Esse tipo de biscoito ocupa muito espa�o, o que eu n�o tinha antes. Ent�o, passei a produzi-lo. Deu bom resultado, tanto que vou abrir outra unidade aqui mesmo no bairro. Assim, ficarei nesta padaria com a linha de biscoitos doces (bolachas, rosquinhas, recheados com goiaba, doce de leite e chocolate), num total de 30 variedades, e o de polvilho em outra.”

 

Rota tur�stica S�o Tiago est� em festa, embora sem comemora��es, como pedem os novos tempos de medidas de preven��o contra o coronav�rus. � que o munic�pio ganhou destaque no Caminho de S�o Tiago, inspirado na famosa peregrina��o na cidade de Compostela, na Espanha. Inaugurado hoje, o roteiro inclui 11 cidades dos circuitos Trilha dos Inconfidentes, Villas e Fazendas, e do Ouro, e pode ser cumprido a p�, de bicicleta e a cavalo, com 80% do trajeto em �reas rurais, explicou o presidente da Federa��o dos Circuitos Tur�sticos de Minas Gerais (Fecitur), Marcus Vin�cius Janu�rio, tamb�m gestor dos circuitos dos Inconfidentes e Villas e Fazendas.

 

A nova rota tur�stica inclui Ouro Preto, Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Queluzito, Casa Grande, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada, Resende Costa, Coronel Xavier Chaves, Rit�polis e S�o Tiago, munic�pios onde vivem cerca de 400 mil pessoas. “O objetivo � dinamizar a economia das cidades, especialmente as de menor porte, atrair visitantes e dar maior visibilidade aos pontos de relev�ncia tur�stica”, informou Marcus Janu�rio.

 

Na pra�a central de S�o Tiago h� um marco e uma placa com os dizeres: “A mais completa rota tur�stica das Minas Gerais, por onde se aventuram tropeiros e inconfidentes. Um roteiro onde transbordam hist�ria, natureza, religiosidade e toda a hospitalidade do povo mineiro. Inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, Minas tem agora o seu pr�prio Caminho de S�o Tiago”. Portanto, est�o a� as boas-vindas � cultura, � hist�ria, �s aventuras e ao paladar.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)