
A alimenta��o tamb�m ficou mais restrita. "Antes, com R$ 200 a gente quase enchia o carrinho de supermercado, agora sai com duas ou tr�s sacolinhas em m�os. Uma compra realmente farta, com carrinho cheio, n�o fica menos do que R$ 800", disse o pai de fam�lia, que faz bicos como pintor.
Lan�ada h� um ano, durante a pandemia, para suprir a necessidade de papel moeda nos pagamentos do aux�lio emergencial, a nota de R$ 200 passa pouco pelas m�os dos brasileiros. De acordo com o BC, foram produzidas 450 milh�es de c�dulas de R$ 200, mas menos de 20% foram colocadas em circula��o.
"� mais f�cil ver um lobo guar� do que uma nota de 200", brinca James Carneiro, referindo-se ao animal t�pico do cerrado cuja estampa est� na c�dula. Embora a nota seja dif�cil de ser encontrada, o BC afirma que a entrada em circula��o da c�dula, assim como aconteceria com qualquer outra, ocorre de forma gradual e de acordo com a demanda da sociedade. "O ritmo de utiliza��o da c�dula de R$ 200 vem evoluindo em linha com o esperado e seguir� em emiss�o ao longo dos pr�ximos exerc�cios", informou o BC.
O poder de compra da c�dula, no entanto, despencou. Ontem, a equipe do Correio visitou uma das unidades de uma grande rede de supermercados do DF. A compra, de R$ 201,42 contou com arroz, feij�o, �leo, ovos, frango e outros 18 itens que couberam em tr�s sacolas.
C�mbio
O principal fator que tem causado a infla��o � a alta do d�lar, afirma o diretor de Estudos e Pol�ticas Macroecon�micas do Ipea, Jos� Ronaldo Souza J�nior. "A taxa de c�mbio tem impacto em tudo. Quando essa taxa fica muito alta, aumentam os custos de produ��o e os pre�os sobem", explicou. Como segundo motivo dos altos pre�os nas prateleiras, Ronaldo aponta a eleva��o nos pre�os das commodities, principalmente agr�colas. "A alta das commodities tem afetado diretamente o pre�o dos alimentos, impulsionada pela demanda internacional muito forte e por eventos clim�ticos que afetaram a produ��o", diz Souza Junior, referindo-se �s secas e �s geadas.
Quem mais sente a infla��o no bolso � o brasileiro de baixa renda. A �ltima Pesquisa Nacional da Cesta B�sica de Alimentos, divulgada em julho pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos), identificou um valor m�dio de R$ 560,65 da cesta b�sica em 17 capitais analisadas. O valor equivale a 55,68% do ganho l�quido do trabalhador remunerado com um sal�rio m�nimo (R$ 1.100).
O �ndice Abrasmercado, da Associa��o Brasileira de Supermercados, traz um n�mero ainda maior. Os dados de junho da Associa��o apontam que houve uma alta de 22,11% na compara��o com maio, passando de uma m�dia nacional de R$ 542,27 para R$ 662,17 no valor da cesta com os 35 produtos de largo consumo nos supermercados.
O poder de compra da cesta com um sal�rio m�nimo � o menor em 15 anos. Com base na cesta mais cara que, em julho, foi a de Porto Alegre, o Dieese estima que o sal�rio m�nimo necess�rio deveria ser equivalente a R$ 5.518,79, valor que corresponde a 5,02 vezes o piso nacional vigente. O c�lculo � feito levando em considera��o uma fam�lia de quatro pessoas, com dois adultos e duas crian�as.
Carrinho vazio
Lista de itens colocados no carrinho em 06/9/2021:
1 pacote de arroz de 5kg
2 pacotes de feij�o de 1kg
1 pote de margarina
1 pacote de macarr�o
1 litro de �leo
1 pacote de sal de 1kg
2 litros de leite
1kg de peito de frango
1 bandeja de ovos
1 bandeja de iogurte
1 pacote de p�o bisnaga
1 pacote de 5kg de a��car
1 pacote de biscoito
1 bandeja de queijo
1 bandeja de presunto
1 kit shampoo e condicionador
1 detergente
1 sab�o em p�
1 amaciante
1 �gua sanit�ria
1 pasta de dente
1 sabonete
1 pacote de papel higi�nico
Valor Total: R$ 201,42