Um dos eventos que impulsionam o consumo da cacha�a e leva parte da visibilidade e status atingidos pela bebida � a Expocacha�a. Em 2020 as atividades foram suspensas devido � emerg�ncia sanit�ria do pa�s, mas a feira j� tem data para 2021 e promete ser ainda mais especial, em conjunto com a 14ª Brasilbier.
Todos os setores produtivos foram atingidos pelas mudan�as provocadas pelo coronav�rus. Entre os produtores da cacha�a, houve queda no consumo e faturamento. Segundo Carlos Lima, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cacha�a (Ibrac), o principal motivo foi o fechamento dos bares e restaurantes.
"O fechamento de bares e restaurantes impactou de uma forma muito dura o setor. Eles representam cerca de 70% do consumo. A cacha�a, ao contr�rio de outras bebidas, n�o conseguiu migrar para o consumo dom�stico, como o vinho e cerveja. Por depender tanto dos bares, restaurantes e n�o conseguir migrar para as casas, al�m das proibi��es de consumo de bebidas alc�olicas em muitos munic�pios, nosso setor teve redu��o de 23,8% em 2020", disse o diretor executivo do Ibrac.
Com dados da Euromonitor International, o tamanho de mercado de Cacha�a no Brasil em 2020 foi de 399 milh�es de litros. O faturamento tamb�m caiu, segundo Carlos Lima: "J� em rela��o ao faturamento, houve redu��o de 20,9%".
Segundo o Anu�rio da Cacha�a 2021, feito pelo Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (MAPA), o n�mero de estabelecimentos produtores de cacha�a e de aguardente registrados no minist�rio cresceu 4,14 % no �ltimo ano.
Minas Gerais lidera o ranking com 397 locais registrados. Em seguida, est�o os estados de S�o Paulo (128), Esp�rito Santo (67), Rio de Janeiro (64) e Santa Catarina no 5º lugar, com 47 produtores registrados.
O estudo tamb�m revelou o n�mero de marcas de produtos classificados como Cacha�a e Aguardente de Cana registradas no Minist�rio. Em 2020 foram 5.523, enquanto 2019, eram 4.705 registros.
Data comemorativa
O Dia Nacional da Cacha�a � uma iniciativa do Ibrac, que foi lan�ada em junho de 2009, durante a Expocacha�a de Belo Horizonte, se tornando um Projeto de Lei por iniciativa do Deputado Valdir Colatto, de Santa Catarina.
Segundo o Ibrac, a escolha da data n�o foi aleat�ria. Com uma longa hist�ria, a bebida come�ou a ser produzida, pela primeira vez de forma intencional entre os anos de 1516 e 1532. Ao longo dos s�culos, enfrentou preconceitos e chegou a ser proibida por diversas vezes no Brasil Col�nia.
Os impedimentos originaram a Revolta da Cacha�a, um movimento que abriu caminho para a legaliza��o da bebida, que ocorreu em 13 de setembro de 1661. "O caminho rumo � valoriza��o da bebida tem sido longo, mas est� em um est�gio melhor do que j� foi, principalmente devido � valoriza��o no Brasil, nos �ltimos anos, de produtos tradicionais", afirma o Ibrac.
Dificuldades do setor
Apesar do crescimento, o �ndice de informalidade no setor continua preocupante. Atualmente, 89% de produtores n�o est�o cadastrados no MAPA e isso causa uma s�rie de problemas. O �ndice � obtido na compara��o com aqueles identificados pelo Censo Agropecu�rio do IBGE de 2017.
Segundo Carlos Lima, "a informalidade � um grande problema pra todo mundo, porque um produtor ilegal ou informal n�o recolhe tributos, ent�o do ponto de vista de arrecada��o, h� uma perda de muito grande. O IBRAC divulgou um estudo no in�cio de 2019 mostrando que o Brasil perde R$ 10 bilh�es por ano, em fun��o de il�citos no mercado de bebida alco�lica como um todo, n�o � s� a cacha�a, s�o todas as bebidas", explica.
Outro ponto cr�tico gerado pela informalidade � a qualidade dos produtos. "Um produto que � comercializado e produzido de maneira ilegal n�o tem nenhuma garantia para o consumidor de que est� apto para o consumo", continua.
"Na cacha�a isso � ainda pior, porque existe um folclore em rela��o ao consumidor e � pr�pria cacha�a, que muitos acham que bebida boa � aquela artesanal, feita no fundo de uma propriedade, que o produto � comercializado sem r�tulo ou em garrafa pet. O consumidor n�o sabe que produto est� comprando, o que pode gerar um problema de sa�de p�blica", explica Carlos Lima.
O terceiro problema � em rela��o concorr�ncia desleal, j� que os produtores registrados recolhem tributos, passam por fiscaliza��o e os ilegais n�o t�m nenhum tipo de regulamenta��o.
Entre os diversos motivos que levam � informalidade no mercado, segundo o diretor executivo do Ibrac est�o:
- Falta de fiscaliza��o eficiente: isso faz com que o mercado dos produtores ilegais se multiplique;
- Falta de informa��o ao produtor: muitas vezes o produtor ilegal, mas n�o sabe como se legalizar;
- Falta de informa��o para o consumidor: quem realiza a compra tamb�m precisa ser alertado sobre a origem do produto;
- Conscientiza��o dos bares e restaurantes: precisam saber a import�ncia de n�o comercializarem produtos ilegais;
- Alta carga tribut�ria: incentivo para informalidade.
"O Brasil vive um cen�rio tribut�rio que pode proporcionar o aumento do mercado ilegal, ainda mais quando olhamos as reformas tribut�rias que est�o no Congresso Nacional, que podem aumentar ainda mais a tributa��o. Sabemos que quanto maior a tributa��o, chega um ponto que voc� n�o arrecada mais, ent�o voc� tem um incentivo para n�o ser legalizado", explicou Carlos Lima.
ExpoCacha�a 2021
A 30ª edi��o da ExpoCacha�a est� de volta em 2021 e j� tem data. Neste ano, a feira acontecer� em paralelo com a 14ª edi��o do BrasilBier, unindo a cadeia produtiva de cervejas artesanais e cacha�a.
O evento acontecer� entre os dias 25 e 28 de novembro, voltando a ser realizado na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte. Segundo Jos� L�cio Mendes, presidente e promotor dos eventos, a data foi reajustada para alcan�ar o momento em que quase toda a popula��o de BH estar� completamente vacinada.
"Est�vamos programados para que o evento ocorresse em outubro, mas achamos por bem alterar para novembro, quando teremos praticamente 100% da popula��o de Belo Horizonte, Regi�o Metropolitana, munic�pios mineiros e de outros estados j� vacinados. Al�m disso, teremos alguns eventos realizados em agosto, setembro e outubro que servir�o para observarmos os protocolos adotados", disse Mendes.
"At� novembro, esses protocolos dever�o ter flexibiliza��o, especialmente para a presen�a de p�blico, que ajudar� no formato da Expocacha�a e Brasilbier que tem shows em sua programa��o, ac�sticos e com as bandas no mezanino da Serraria", finaliza.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria
