
As expectativas de infla��o para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 8,45%, 4,12% e 3,25%, respectivamente. De acordo com a ata, a trajet�ria para a taxa de juros extra�da do relat�rio e a taxa de c�mbio a USD/BRL 5,25, em paridade com o poder de compra (PPC), situam as proje��es de infla��o do Copom em torno de 8,5% para 2021 e 3,7% para 2022. "Esse cen�rio sup�e trajet�ria de juros que se eleva para 8,25% ao ano em 2021 e para 8,50% ao ano durante 2022", diz o colegiado.
Ainda segundo o Copom, considerando o acionamento da bandeira tarif�ria de ''escassez h�drica" na energia el�trica em dezembro de 2021, as proje��es para a infla��o de pre�os administrados s�o de 13,7% no fim deste ano. A cria��o da nova bandeira foi anunciada pela Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) no final de agosto, e cobra adicional de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos na conta de luz. Atualmente, a bandeira vigente � a vermelha patamar 2, que adiciona R$ 9,49/100kWh.
Daniel Xavier, economista s�nior do Banco ABC Brasil, explica que, considerando as informa��es do boletim Focus divulgado segunda-feira (27/9), o Copom continuar� mais disposto a prosseguir com o ajuste da taxa b�sica de juros. "Isso porque as maiores infla��es projetadas para 2021 e 2022 requerem resposta de pol�tica monet�ria por parte do BC. A nossa expectativa � de duas altas adicionais de 1% nas reuni�es de outubro e dezembro, conduzindo a Selic para 8,25% no final deste ano, seguidas por eleva��o adicional de 0,75% em fevereiro de 2022, elevando para 9,00%, permanecendo neste patamar da� em diante", diz o economista.
Nas duas �ltimas reuni�es do Copom, em agosto e setembro, o ajuste na Selic foi de 1% em cada reuni�o, o mesmo esperado pelo mercado financeiro. A taxa b�sica de juros atual est� em 6,25% ao ano, valor confirmado na ata divulgada hoje. "Sem preju�zo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de pre�os, essa decis�o tamb�m implica suaviza��o das flutua��es do n�vel de atividade econ�mica e fomento do pleno. (...) O Copom considera que, no atual est�gio do ciclo de eleva��o de juros, esse ritmo de ajuste � o mais adequado para garantir a converg�ncia da infla��o para a meta no horizonte relevante", informa a ata.
Em comunicado logo ap�s a �ltima eleva��o na Selic, o Copom informou que os ajustes de juros prosseguir�o em "territ�rio contracionista".
"O comit� antev� outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da pol�tica monet�ria poder�o ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de infla��o e depender�o da evolu��o da atividade econ�mica, do balan�o de riscos e das proje��es e expectativas de infla��o", pontua o documento assinado pelo comit�, que inclui o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Riscos fiscais e ambiente externo
Na ata divulgada hoje, o Copom aponta riscos e fatores que t�m colaborado para a alta infla��o no pa�s. Segundo o colegiado, os riscos fiscais continuam implicando um vi�s de alta nas proje��es e, somente se houvesse uma poss�vel revers�o do aumento recente nos pre�os das commodities internacionais em moeda local, a trajet�ria de infla��o seria abaixo do cen�rio b�sico. Por outro lado, o comit� aponta que o prolongamento das pol�ticas fiscais de combate � pandemia pode piorar a trajet�ria fiscal e elevar os pr�mios de risco do pa�s.
"Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da d�vida p�blica, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balan�o de riscos, ou seja, com trajet�rias para a infla��o acima do projetado no horizonte relevante para a pol�tica monet�ria", diz o documento do comit�.
J� com rela��o ao ambiente internacional, o colegiado aponta dois fatores adicionais de risco para o crescimento das economias emergentes em geral, incluindo o Brasil: as redu��es nas proje��es de crescimento das economias asi�ticas, refletindo a evolu��o da variante Delta da Covid-19, e o aperto das condi��es monet�rias em diversas economias emergentes.
Apesar disso, o comit� afirma que os est�mulos monet�rios de longa dura��o e a reabertura das principais economias ainda sustentam um ambiente favor�vel para pa�ses emergentes, embora "questionamentos dos mercados a respeito dos riscos inflacion�rios nas economias avan�adas podem tornar o ambiente desafiador para pa�ses emergentes", informa.
2022
A ata do Copom sugere que o crescimento da economia ser� beneficiado por tr�s fatores no pr�ximo ano. O primeiro deles, � a continua��o da recupera��o do mercado de trabalho e do setor de servi�os, mesmo que em menor intensidade do que o antecipado previamente. O segundo � o desempenho de setores menos ligados ao ciclo de neg�cios, como agropecu�ria e ind�stria extrativa. E o terceiro, os resqu�cios do processo de normaliza��o da economia conforme arrefecimento da crise sanit�ria de coronav�rus no pa�s.
O colegiado tamb�m aponta evolu��o do emprego. Segundo o comit�, haver� recuo da taxa de desocupa��o com crescimento da for�a de trabalho e da popula��o ocupada, o que indicar� um mercado de trabalho em recupera��o. "Todavia, os n�veis das duas �ltimas vari�veis ainda seguem consideravelmente abaixo dos observados antes da pandemia e, diante da diferen�a entre os principais indicadores do emprego, permanece a dificuldade de avalia��o do efetivo estado do mercado de trabalho", ressalta.