
A pandemia varreu os trabalhadores de baixa renda do mercado de trabalho, mas o aux�lio emergencial evitou uma piora da desigualdade no Pa�s em 2020, ao elevar o rendimento m�dio dos brasileiros mais vulner�veis. Ainda assim, a metade mais pobre da popula��o brasileira sobrevivia com apenas R$ 453 mensais no ano de 2020. S�o cerca de 105,5 milh�es subsistindo com apenas R$ 15,10 por dia por pessoa. Os dados s�o da Pesquisa Nacional por Amostras de Domic�lios Cont�nua (Pnad Cont�nua) 2020 - Rendimento de todas as fontes, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) nesta sexta-feira, 19.
A escassez de renda permanecia mais grave no Norte e Nordeste do Pa�s, mesmo com o alcance do aux�lio emergencial pago pelo governo. Os 50% mais pobres do Nordeste sobreviviam com R$ 10,03 di�rios por pessoa da fam�lia no ano passado. No Norte, R$ 10,83.
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O aux�lio emergencial permitiu, pelo menos temporariamente, que a renda m�dia per capita recebida pela metade mais pobre da popula��o brasileira crescesse 3,9% em rela��o a 2019, quando era de R$ 436. Na passagem de 2019 para 2020, houve aumento no rendimento domiciliar per capita m�dio principalmente nas faixas de renda mais baixas. Entre os que se situam entre os 5% at� 10% mais pobres, a alta foi de 17,6%. A maior perda ocorreu entre o 1% mais rico: 9,4%.
"Todo mundo teve perda (na renda do trabalho), alguns mais, outros menos, mas voc� teve uma pol�tica social que segurou (os mais vulner�veis)", disse Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.
Como consequ�ncia, o �ndice de Gini - indicador que mede a desigualdade de renda, numa escala de 0 a 1, em que, quanto mais perto de 1 o resultado, maior � a concentra��o de renda - do rendimento m�dio domiciliar per capita passou de 0,544 em 2019 para 0,524 em 2020.
"Houve redu��o da desigualdade porque todo mundo perdeu, n�o � porque alguns est�o ganhando. � uma not�cia que parece boa, mas n�o � t�o boa", comentou Alessandra.
Na passagem de 2019 para 2020, o �ndice de Gini caiu em todas as regi�es brasileiras, sobretudo no Norte e Nordeste, onde o aux�lio emergencial atingiu maior propor��o de domic�lios. Ainda assim, o Nordeste manteve o maior Gini em 2020 (0,526), enquanto o menor ainda foi o do Sul (0,457).
Segundo a pesquisadora do IBGE, a perda do rendimento proveniente do mercado de trabalho afetou todas as faixas de renda, especialmente os mais ricos, enquanto que o aux�lio emergencial funcionou como um "colch�o" contra efeitos mais nocivos da perda do emprego entre a popula��o mais vulner�vel."Foi um colch�o, mas n�o para suprir toda essa queda que teve no mercado de trabalho e em outras fontes de renda. No Norte e Nordeste, como o peso de programas sociais � maior, aumentou um pouquinho (a renda per capita). Nas outras regi�es, n�o. No total do Brasil, tamb�m n�o", lembrou.
O rendimento m�dio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1.349 em 2020, uma queda de 4,3% em rela��o aos R$ 1.410 estimados em 2019. As Regi�es Norte (R$ 896) e Nordeste (R$ 891) apresentaram os menores valores, embora tenham registrado aumento em rela��o ao ano anterior, de 2,3% e 0,9%, respectivamente.
A Regi�o Sudeste se manteve com o maior rendimento domiciliar per capita m�dio, R$ 1.623, 6,0% inferior ao de 2019. Houve redu��o tamb�m no rendimento m�dio nas Sul (R$ 1.597, queda de 6,3%) e Centro-Oeste (R$ 1.504, recuo de 5,2%).