
Leia tamb�m: Ma�� de peito vira 'brisket' no churrasco temperado pela infla��o
Levantamento feito pelo Mercado Mineiro a pedido do Estado de Minas aponta que, de agosto de 2020 a outubro de 2021, o valor m�dio dos rod�zios de Belo Horizonte aumentou de R$ 74,02 para R$ 86,55 nos dias �teis, varia��o de 20,4%. Nos fins de semana, a m�dia saltou de R$ 77,02 para R$ 92,54, acr�scimo de 22,6%.
Embora significativa, a eleva��o, segundo Vicente de Morais, n�o reflete os custos reais de operacionaliza��o do restaurante que administra. “Lucro mesmo, n�o tem nenhum. Estamos trabalhando para n�o fechar as portas. Inclusive, tivemos que fechar duas churrascarias da rede e transform�-las em restaurantes � la carte, para segurar as pontas”, relata o administrador.

Outro problema citado pelo gestor � a falta de certos cortes no mercado, j� que os pecuaristas t�m preferido vender seus produtos para o cliente externo, que paga em d�lar, a disponibiliz�-los para o consumo interno. “Cupim, picanha e alcatra, por exemplo, s�o pe�as que, al�m de car�ssimas, est�o bem dif�ceis de encontrar”, queixa-se Vicente, no ramo dos rod�zios desde 1977.
“Essa � a segunda pior crise que j� vivi. Mais brava que essa, s� aquela que passamos no fim dos anos 1980, quando houve desabastecimento de carne bovina no mercado. As pessoas tinham que dormir na fila do a�ougue para conseguir comprar”, recorda-se o gerente.
O boi sumiu
“Tem churrasquinho de qu�?”, pergunta a rep�rter do Estado de Minas ao vendedor ambulante Nicanor Gomes, de 67 anos, instalado h� quase tr�s d�cadas na Avenida Paran�, Centro da capital mineira. “Tem de tudo, freguesia, s� n�o tem carne de gato. O �nico gato aqui sou eu!”, responde o comerciante, bem-humorado.
A resposta � parcialmente verdadeira. Nicanor tamb�m n�o vende mais espetinhos de carne bovina. “Cortei faz uns seis meses. O boi est� car�ssimo, s� d� dinheiro para quem cria. Ficou imposs�vel vender churrasco bovino a pre�o popular. Cora��ozinho de frango tamb�m j� n�o compensa”, explica o aut�nomo, que cobra o pre�o �nico de R$ 6 por todos os itens do card�pio.
Nos �ltimos 12 meses, os pre�os foram reajustados duas vezes, passando de R$ 4 para os R$ 6 atuais. O repasse, garante o vendedor, foi m�nimo. “Para n�o levar preju�zo, eu teria que cobrar ao menos R$ 8. Mas a� eu perderia toda a clientela”, frisa.
Para enxugar os custos, Nicanor fez outras adapta��es. O espetinho de pernil, antes feito com o suculento corte traseiro, agora � feito com o pernil dianteiro, a chamada paleta, pe�a mais em conta. O de lingui�a, agora, leva calabresa de segunda. A asinha de frango foi substitu�da pela contracoxa. Mesmo assim, o ambulante diz que amarga queda de 50% no faturamento, na compara��o com o per�odo anterior � pandemia.
“N�o reclamo porque, h� at� poucos meses, nem trabalhar eu podia, com as regras de isolamento social na cidade. Com a flexibiliza��o, as pessoas voltaram a circular no Centro e est�o comprando novamente, mas ainda est�o ressabiadas. Tamb�m est�o com pouco dinheiro. Mas eu tenho esperan�a de que a situa��o se normalize”, torce o comerciante. “O churrasquinho me deu casa, carro e muitas outras coisas que eu conquistei na vida. N�o � agora que ele vai me decepcionar”, conclui.
“N�o reclamo porque, h� at� poucos meses, nem trabalhar eu podia, com as regras de isolamento social na cidade. Com a flexibiliza��o, as pessoas voltaram a circular no Centro e est�o comprando novamente, mas ainda est�o ressabiadas. Tamb�m est�o com pouco dinheiro. Mas eu tenho esperan�a de que a situa��o se normalize”, torce o comerciante. “O churrasquinho me deu casa, carro e muitas outras coisas que eu conquistei na vida. N�o � agora que ele vai me decepcionar”, conclui.