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Estado de Minas NATAL CARO

Com infla��o, consumidor busca substitutos para a ceia e foge da tradi��o

Fam�lias mudam h�bitos para adaptar or�amento apertado, optando por carnes que sofreram reajuste menor, como a de porco, e acirram concorr�ncia com importados


20/12/2021 04:00 - atualizado 20/12/2021 09:07

Bufê de BH procura atender clientes com diferentes pretensões de gastos
Card�pio variado para atender clientes que demandaram mais produtos nacionais, ante o d�lar valorizado, foi estrat�gia de fornecedores em BH (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

O segundo Natal comemorado em meio � pandemia de coronav�rus marca um certo al�vio para os encontros com a fam�lia e os amigos, diante do avan�o da vacina��o, mas imp�e freio nos gastos e mudan�a de h�bitos, na tentativa de driblar a infla��o alta e persistente, sobretudo � mesa do consumidor. A tradi��o da ceia cedeu aos aumentos dos pre�os dos alimentos e dos combust�veis e busca alternativas na carne de porco, que sofreu varia��es de pre�os mais modestas. As iguarias importadas sofreram concorr�ncia acirrada com os itens nacionais, que tamb�m encareceram, surpreendendo as donas de casa.

“A ceia de Natal vai estar mais cara este ano. Em 2020, os produtos natalinos sofreram muito com a desvaloriza��o do real. Entre setembro de 2019 e novembro de 2019, a taxa de c�mbio m�dia estava em R$ 4,13. No mesmo per�odo de 2020, o valor j� era de R$ 5,58. O d�lar ficou 35% mais caro e � mais ou menos a varia��o dos pre�os dos produtos natalinos, que foram muito afetados pela taxa de c�mbio”, explica F�bio Bentes, economista da Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC).

Segundo a CNC, o Natal de 2020 teve a menor participa��o de produtos importados em mais de uma d�cada. Neste ano, a taxa de c�mbio entre setembro e novembro ficou praticamente igual � do ano passado, R$ 5,57. O economista ressalta que a ceia deve ficar mais cara n�o por conta dos importados, mas pelos produtos nacionais. “Temos observado, nos �ltimos meses, um descasamento entre os pre�os no atacado e o grau de repasse que o varejo consegue fazer dessa alta.”

Camila Bitencourt oferece opções de ceias observando as altas dos preços
Camila Bitencourt cortou itens dos jantares, como o figo, e antecipou as compras para fugir dos aumentos (foto: Victor Schwaner/Divulga��o)


Levantamento feito pela entidade sobre os produtos natalinos importados neste ano indicou que mesmo com o d�lar est�vel, o varejo importou 4% a menos de bebidas. O bacalhau registrou aumento de 21% nos pre�os; castanhas, nozes e avel�s tamb�m tiveram eleva��o de importa��o de 21%. Os embutidos , alta de 3%.

“Retirando as bebidas, o varejo, neste ano, importou mais produtos para o Natal do que no ano passado. Como a taxa de c�mbio ficou praticamente est�vel e os pre�os na ind�stria nacional cresceram muito, o varejo acabou se voltando mais para os produtos importados.”

Camila Bitencourt, propriet�ria do buf� Fora Comum, localizado no Bairro Gutierrez, Regi�o Oeste de BH, criou estrat�gias para adaptar o servi�o aos altos pre�os dos alimentos. Ela conta que na hora de planejar o card�pio da ceia de seu buf� precisou deixar alguns produtos de fora.

“N�o coloquei muitos ingredientes, como o figo, por exemplo, que � bem caracter�stico do fim de ano. Gosto muito de usar, n�o s� para decora��o, mas tamb�m nos pratos. E, neste ano, eu n�o consegui colocar porque ele est� com o pre�o absurdo.”  A fruta foi encontrada por at� R$ 40 a bandeja.

Entre as carnes, Camila adaptou a ceia sem o prestigiado fil� mignon. “Fecho meu card�pio em agosto e at� chegar em dezembro a varia��o � muito grande, cerca de 30%. S� que neste ano os valores j� estavam altos em agosto e o perigo era agora estarem mais altos ainda.”

A sa�da encontrada por ela foi conversar com v�rios fornecedores para tentar comprar os produtos dentro do pre�o planejado para n�o ter preju�zo. Camila observa que os clientes tamb�m adotaram novos h�bitos para reduzir o custo da ceia. “As pessoas diminu�ram um pouco o consumo do fil� mignon e aumentaram o do pernil. J� vendi mais de 150 kg de pernil.”

Compra antecipada 

Jo�o Teixeira, propriet�rio do Buffet C�lia Soutto Mayor, localizado no Bairro Santo Ant�nio, Regi�o Centro-Sul de BH, tamb�m est� otimista, a despeito da infla��o alta.“Hoje, j� estamos com o Natal praticamente fechado. Vai ser dif�cil pegar alguma encomenda. A venda est� sendo muito antecipada e observamos que existe uma demanda reprimida. Com a abertura, as pessoas est�o procurando as coisas com mais rapidez.”

Teixeira conta que o buf� apostou em card�pio bem variado, com op��es importadas e nacionais. Ele ressalta que os pratos com alimentos nacionais est�o sendo mais procurados. “Tem cliente para todo tipo de ceia. Temos pratos com camar�o, bacalhau, fil�, peru. Tem alimentos com pre�o maior e menor. O cliente � que vai escolher aquilo que ele quer pagar.”

Ele afirma que agora os produtos importados est�o com pre�os muito mais elevados do que estavam, por exemplo, em setembro ou outubro. A estrat�gia adotada no buf� foi antecipar as compras. “Compramos os produtos com anteced�ncia. Tradicionalmente, vendo em anos anteriores, procuramos ver aqueles produtos que sempre vendem mais e fizemos um estoque maior deles. Um pouco menos com os importados, que s�o mais caros, mas j� colocamos � disposi��o no estoque.”

Outra estrat�gia adotada por Camila Bitencourt foi lan�ar uma promo��o, em novembro, que concedeu desconto de 5% a 10% para quem fizesse a encomenda at� o dia 30 do m�s passado. “Isso me fez vender mais, ter um estoque mais planejado e ainda agradar o cliente com um pequeno desconto. Isso me ajudou bastante.”

Segundo a propriet�ria de buf�, as encomendas de ceia ficaram praticamente no mesmo n�vel das de 2020. “Ano passado foi um Natal muito bom para os nossos servi�os. Com a pandemia, as pessoas ficaram em casa e as encomendas aqui cresceram muito. Neste ano, est� bom do mesmo jeito.”

* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Marta Vieira

Encomendas renovam �nimo nas padarias 

A despeito da crise, os panificadores que faturam com as ceias de Natal n�o t�m reclamado das encomendas. Elas devem repetir o mesmo n�vel daquelas do ano passado, com a diferen�a do refor�o na quantidade para atender as reuni�es de familiares e amigos. Em 2020, quando a pandemia de coronav�rus mostrava avan�o sem controle e foram necess�rias restri��es para conter a dissemina��o da doen�a, as ceias demandadas eram menores, como avalia o presidente do Sindicato e Associa��o Mineira da Ind�stria de Panifica��o (Amip�o), Vinicius Dantas.

Donas de casa têm optado por carnes cujos preços subiram menos, como a de porco
Pernil foi um dos campe�es das encomendas em buf� da capital (foto: Victor Schwaner/Divulga��o)

“No ano passado, as ceias eram pequenas, e as encomendas eram de produtos menores para mandar ou presentear os pais e av�s. Agora (as encomendas), est�o maiores. O n�mero de ceias, talvez, seja o mesmo, por�m, com ceias maiores, porque me parece que as pessoas, agora, v�o para a casa dos pais. Percebo que elas est�o mais animadas para o evento de fam�lia.”

Dantas acredita que, apesar da crise econ�mica, as pessoas n�o v�o deixar de fazer suas encomendas. “As prote�nas est�o muito caras e a base da ceia � prote�na. Isso acaba influenciando no pre�o final, j� que a energia, o g�s, as embalagens tamb�m tiveram aumento de pre�o. No contexto geral, tivemos altas em rela��o ao ano passado. Mas, � o momento em que todos fazem o seu sacrif�cio. Apesar dos sal�rios n�o acompanharem o aumento de pre�os, as pessoas est�o comprando”, afirma.

O economista F�bio Bentes, da Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC) lembra que, at� outubro �ltimo, o pre�o m�dio de alimentos no Brasil subiu 25% no atacado. “O varejo est� repassando para o consumidor alta de 11,2%, ou seja, menos da metade do que teve. Na hora de comparar o fornecedor externo com o nacional, a balan�a pendeu um pouco mais para o produto importado porque � muito dif�cil driblar essa alta dos alimentos, especialmente nessa �poca do ano, por conta da acelera��o dos pre�os no mercado interno, j� que estamos com uma infla��o de custos (energia el�trica, combust�veis).”

Al�m disso, a alimenta��o no domic�lio deve ter alta de 12% este ano, em rela��o ao Natal passado. “Em 2020, a alta foi muito maior, de 18,7%, com uma desvaloriza��o forte da taxa de c�mbio, al�m de uma infla��o de alimentos muito caracterizada. Neste ano, os pre�os subiram, mas de uma forma um pouco mais lenta do que no ano passado.” (MC)







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