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Estado de Minas AUMENTO DA GASOLINA

Regi�es mais carentes de Minas Gerais pagam mais pela gasolina

Estado de Minas mostra que valor praticado por postos em regi�es carentes de Minas � maior que em cidades de maior IDH. Explica��o est� na log�stica


21/03/2022 04:00 - atualizado 21/03/2022 07:12

Posto em São João das Missões, uma das localidades mais pobres do estado, no Vale do Jequitinhonha, mostra gasolina a R$ 7,99 o litro
Em S�o Jo�o das Miss�es, uma das localidades mais pobres do estado, no Vale do Jequitinhonha, moradores pagam R$ 7,99 pelo litro da gasolina (foto: Jeferson Mota/Divulga��o)

No recente aumento do pre�o da gasolina (m�dia de 18,8%) – que, segundo a Petrobras, teve como uma das causas o impacto, no mercado internacional, da invas�o da Ucr�nia pela R�ssia –, os moradores dos munic�pios mais pobres e isolados de Minas Gerais, situados no Norte do estado e no Vale do Jequitinhonha, est�o pagando mais caro do que a popula��o de Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), munic�pio mineiro com maior �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), de 0,813.

Com 97,3 mil habitantes, Nova Lima tem Produto Bruto Interno (PIB) per capita anual de R$ 124.987,23, quase 20 vezes o PIB de S�o Jo�o das Miss�es, que � de R$ 6.428,57, cidade do Norte de Minas que tem o menor IDH do estado: 0,529. No entanto, a popula��o de S�o Jo�o das Miss�es (11,8 mil moradores, 70% ind�genas xacriab�) est� pagando 40 centavos a mais por cada litro do combust�vel (R$ 7,99) do que os mais bem estruturados moradores de Nova Lima, onde o litro do produto pode ser encontrado a R$ 7,599 na bomba.


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Ao longo da semana passada, a reportagem do Estado de Minas levantou o pre�o do combust�vel na bomba em outros nove munic�pios do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha. Em todos, foram verificadas a discrep�ncia e a penaliza��o dos mais pobres.

Dos lugares pesquisados, a cidade com a gasolina mais cara � Coronel Murta. A cidade tem duas revendas de combust�veis: em uma delas, a gasolina a est� custando R$ 8,59 o litro; na outra, R$ 8,49 o litro, R$ 1 a mais do que o valor do combust�vel (R$ 7,49) encontrado em postos de Belo Horizonte – que tem o segundo maior IDH de Minas (0,810) e PIB per capita anual de R$ 38.695,31.
Posto de gasolina em Nova Lima, município mineiro com maior Índice de Desenvolvimento Humano, com gasolina custando R$ 7,599
Em Nova Lima, munic�pio mineiro com maior �ndice de Desenvolvimento Humano, a gasolina � encontrada a R$ 7,599 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A professora V�nia Vilas Boas, coordenadora do �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC) do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma que moradores dos pequenos munic�pios de regi�es carentes como o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha pagam mais caro pelos combust�veis por causa do chamado “custo log�stico”.

Por estarem distantes das refinarias, a despesa com transporte fica maior. As cidades das duas regi�es, na grande maioria, est�o situadas a mais de 500 quil�metros da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na RMBH.

“Temos o impacto do custo log�stico, que � o custo do transporte dos derivados de petr�leo da refinaria at� a bomba no posto. Soma-se a isso a quest�o que em Minas Gerais temos uma das maiores tributa��es sobre gasolina, de 31%, a segunda maior do Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro (34%). Isso faz com que o pre�o dos combust�veis seja mais alto nessas regi�es, que s�o �reas onde a popula��o tem poder aquisitivo mais baixo, em decorr�ncia das (fracas) atividades econ�micas de seus munic�pios”, observa a economista.

Segundo V�nia Vilas Boas, o aumento do valor dos derivados de petr�leo em efeito cascata impacta na disparada dos pre�os de outros produtos b�sicos. “Quando h� aumento da gasolina, em efeito cascata, ele influencia nos custos em praticamente todos os setores da economia. Essa press�o do reajuste dos combust�veis � sentida em dobro pelo trabalhador/consumidor, principalmente nas regi�es interioranas”, assegura a coordenadora do IPC/Unimontes.

“O aumento da gasolina pesa n�o apenas na hora em que o consumidor vai encher o tanque, mas tamb�m no frete, nas passagens e em todos os produtos e alimentos que chegam �s pequenas localidades, que n�o possuem produ��o pr�pria suficiente para atender suas demandas”, completa.

O preço da gasolina em diferentes regiões de Minas Gerais
O pre�o da gasolina em diferentes regi�es de Minas Gerais (foto: Arte: Janey Costa)


Os moradores dos pequenos munic�pios t�m mais despesas com transporte porque precisam sempre se deslocar para tratamentos de sa�de ou procurar atendimento banc�rio, n�o existentes onde vivem. Essa situa��o � verificada em S�o Jo�o das Miss�es, onde o aumento da gasolina tem impacto maior ainda porque mais de 70% da popula��o pertence � tribo ind�gena xacriab� e reside na zona rural,  em 32 aldeias que ocupam 70% do territ�rio do munic�pio.

Os ind�genas acabam necessitando de constantes deslocamentos at� a cidade, para tratamento m�dico, receber benef�cios ou cuidar de compromissos pessoais.

“As pessoas est�o reduzindo as viagens por causa pre�o da gasolina, que subiu demais enquanto a renda da popula��o continua baixo. Ningu�m aguenta isso”,  afirma Adimar Seixas de Lima, supervisor da Secretaria Municipal de Cultura e Assuntos Ind�genas de S�o Jo�o das Miss�es.

Adimar pertence � etnia xacriab�. Ele disse que � um dos “penalizados” com o aumento da gasolina, pois tem que pagar praticamente R$ 8 pelo litro e, de tr�s a quatro vezes por semana, precisa se deslocar ate a sede do munic�pio, distante 60 quil�metros da aldeia Sumar� 1, onde mora.

“As coisas est�o desenfreadas. Quando o pre�o da gasolina sobe e o sal�rio n�o acompanha, traz um sacrif�cio para todo mundo. Para mim, � abuso de poder do governo”, reclama o morador de S�o Jo�o das Miss�es, lembrando que sempre luta em defesa em direitos dos povos ind�genas.


O que � o IDH


O �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado pelo Programa das Na��es Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU) e � baseado nos indicadores de educa��o, sa�de e renda de pa�ses, estados e munic�pios. O item educa��o considera os anos de estudos dos habitantes. Na sa�de, � levada  em conta a expectativa de vida. O quesito renda mede o rendimento m�dio dos moradores, avaliando o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de toda a riqueza produzida em determinado per�odo.


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