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Estado de Minas ENTREVISTA

'A Samarco tem sido extremamente flex�vel'

Luiz Fabiano Saragiotto, diretor de reestrutura��o da Samarco, fala sobre dificuldades em processo de negocia��o e perspectivas


17/04/2022 04:00 - atualizado 16/04/2022 18:56

na foto, Luiz Fabiano Saragiotto, diretor de reestruturação da Samarco
Luiz Fabiano Saragiotto, diretor de reestrutura��o da Samarco (foto: Marcus Desimoni/Nitro Imagens)
A assembleia geral de credores da Samarco, em recupera��o judicial desde abril de 2021, ocorrer� nesta segunda-feira (18/4) sem que a companhia tenha chegado a um consenso sobre o plano de reestrutura��o da sua d�vida. O maior impasse est� nas negocia��es com grandes fundos internacionais que compraram os t�tulos da d�vida da empresa depois do rompimento da Barragem de Fund�o com o objetivo de obter lucro. Esses fundos internacionais, conhecidos como fundos distressed, s�o investidores especializados em t�tulos de d�vidas de empresas em dificuldade financeira.
  
�s v�speras da assembleia que deve votar pela aprova��o ou reprova��o da proposta de recupera��o judicial apresentada aos credores, o diretor de reestrutura��o (chief restructuring officer ou CRO) da Samarco, Luiz Fabiano Saragiotto, falou sobre as dificuldades ao longo do processo de negocia��o e as perspectivas para a empresa. 

Por que a Samarco ainda n�o conseguiu chegar a um acordo com os fundos internacionais? 
A Samarco tem sido extremamente flex�vel, e isso tem ficado claro nas negocia��es e nas assembleias realizadas at� o momento, especialmente em rela��o � �ltima proposta apresentada aos fundos distressed, investidores especializados em t�tulos de d�vidas de empresas em dificuldade financeira. Com as melhorias implementadas no plano proposto, conseguimos avan�ar nos principais pontos solicitados n�o s� por esses investidores, mas tamb�m por outros credores, empregados e fornecedores. Ao longo do processo de negocia��o, os fundos distress muitas vezes mudaram de posi��o em pontos que entendemos j� terem sido acordados, o que denota uma postura inconsistente e intransigente e de pouco interesse em chegar a um acordo que atenda todas as partes. De nossa parte, seguimos empenhados e acreditando em um acordo justo, vi�vel e que atenda aos interesses de todas as partes envolvidas. Claro que isso encontra limites, n�o podemos colocar em risco a sustentabilidade das nossas opera��es em curto, m�dio e longo prazos, e nem abrir m�o dos compromissos inerentes � fun��o social da companhia. 

"Seguimos empenhados e acreditando em um acordo justo, vi�vel e que atenda aos interesses de todas as partes envolvidas"

Luiz Fabiano Saragiotto, diretor de reestrutura��o da Samarco



Quais s�o os principais pontos do impasse?
Basicamente, o interesse de um grupo seleto de investidores estrangeiros, que concentram uma fatia relevante da d�vida da empresa, parece ser o de buscar o recebimento integral de seus cr�ditos, em detrimento dos demais credores que fizeram e continuam a fazer um grande esfor�o que permitiu a manuten��o de nossa estrutura e a retomada da opera��o. Esses fundos distressed, que compraram esses cr�ditos ap�s o rompimento da Barragem de Fund�o com valores abaixo dos originais e n�o apoiaram a nossa longa caminhada de retomada, exigem um pagamento que vai muito al�m da capacidade financeira da companhia. Eles agem como se tivessem garantias que nunca tiveram e, por terem maioria de poder de voto nas delibera��es da assembleia de credores, veem-se no direito de impor suas vontades, colocando em risco a capacidade da companhia de operar, de investir e de cumprir com as obriga��es sociais e de repara��o. 

"Evolu�mos de forma concreta para atender �s reivindica��es dos credores encontrando uma maneira de contemplar os pedidos"



Mas os credores t�m afirmado que a Samarco insiste em apresentar proposta amparada em proje��es conservadoras e muito abaixo da capacidade da empresa, o que seria uma maneira de beneficiar os acionistas controladores. A Samarco fez avan�os concretos para evoluir na negocia��o? 
A afirma��o n�o procede. A Samarco fez avan�os concretos na proposta oferecida aos credores financeiros, sendo coerente com uma postura que adotamos durante todo o processo que foi de di�logo e negocia��o. Evolu�mos de forma concreta para atender �s reivindica��es dos credores encontrando uma maneira de contemplar os pedidos, respeitando os nossos limites financeiros e nosso fluxo de caixa. Conseguimos negociar um importante apoio de nossos acionistas, que ofereceram, como parte desta proposta, abrir m�o de receber parte de seus cr�ditos e concordaram em aportar relevantes recursos na Funda��o Renova, liberando nossa gera��o de caixa para nossas opera��es e para pagamentos de outros credores. Os acionistas tamb�m ofereceram honrar as nossas obriga��es de aporte na Renova no caso da nossa gera��o de caixa ser insuficiente. Essas propostas trouxeram previsibilidade �s nossas proje��es e permitiram-nos oferecer aos credores financeiros, terceiros e acionistas, receber parte dos repagamentos via um instrumento de d�vida com juros e vencimentos pr�-definidos com liquidez no mercado secund�rio. Tudo para atender �s solicita��es feitas por esses fundos distress. 

"Estamos preparados para defender as nossas opera��es e tomar as medidas judiciais apropriadas para prevenir condutas abusivas"



O que mudou no plano de neg�cios da Samarco?
A Samarco vem cumprindo rigorosamente seu plano de neg�cios com uma retomada gradual da produ��o, come�ando pelos 26% atuais e atingindo 100% at� 2029, sempre observando as melhores pr�ticas sociais, ambientais e de seguran�a. Estruturamos nossas proje��es a partir de an�lises validadas por especialistas independentes e times t�cnicos dos acionistas, atendendo a todos padr�es ambientais e com premissas comerciais baseadas em mais de 18 provedores de pre�os de mercado, os quais garantem a solidez desse planejamento. Tamb�m avan�amos em um acordo entre Vale e Samarco buscando melhorar as condi��es de implementa��o desse plano, permitindo a antecipa��o da retomada de 100% da produ��o, entre outros ganhos. Al�m disso, o acordo global contempla avan�os como a cria��o de alternativas adicionais � destina��o de rejeitos, venda de material est�ril (material residual) e aumento das sinergias da nossa infraestrutura a longo prazo.

Quais ser�o os pr�ximos passos para se chegar a uma reestrutura��o de d�vida bem-sucedida? O fato de n�o conseguir chegar a um acordo ou de a assembleia ainda n�o ter sido finalizada impactar� o avan�o na retomada de opera��es da empresa?
A Samarco acredita na proposta de plano apresentada que contempla o interesse de todas as partes, permitindo o desenvolvimento de suas atividades produtivas e a manuten��o de sua fun��o social. Seguimos abertos a uma negocia��o com transpar�ncia, sempre apresentando a melhor proposta poss�vel diante do nosso plano de neg�cios e inerentes limita��es. Tamb�m estamos preparados para defender as nossas opera��es e tomar as medidas judiciais apropriadas para prevenir condutas abusivas e propostas que inviabilizem ou ameacem o avan�o de nossa retomada gradual.


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