
Pesquisa realizada pela NielsenIQ, divulgada nessa quinta-feira (15/4), mostra que as fam�lias das classes mais altas est�o optando pelos chamados atacarejos — hipermercados que fazem venda de produtos tanto no atacado como no varejo — como forma de se proteger contra a infla��o dos alimentos.
De acordo com o levantamento, dois em cada tr�s lares brasileiros, ou seja, 66%, v�m optando por comprar em maior quantidade para evitar os seguidos aumentos de pre�os.
De acordo com o levantamento, dois em cada tr�s lares brasileiros, ou seja, 66%, v�m optando por comprar em maior quantidade para evitar os seguidos aumentos de pre�os.
Mesmo depois da estabiliza��o da moeda, a forma��o de estoques caseiros permanece um h�bito entre os brasileiros. Economistas atribuem isso � mem�ria da hiperinfla��o, quando as pessoas compravam mais produtos do que realmente necessitavam apenas para n�o pagarem mais caro, �s vezes no dia seguinte, por eles. At� a entrada em vigor do Plano Real, em 1º de julho de 1994, somente em 1989 a infla��o no Brasil alcan�ou 1.782%.
O diretor de varejo da NielsenIQ, Roberto Butrague�o, explicou que a op��o pelos atacarejos vem crescendo de cinco anos para c�. "O atacarejo passou de 47% para 67%, ganhou 20 pontos percentuais em penetra��o no consumo. Isso veio da classe m�dia e da alta, al�m das outras classes que j� eram clientes. Desde a crise de 2015 e 2016, o consumidor vem buscando economizar", observou.
Segundo Butrague�o, a pandemia ajudou a turbinar ainda mais os atacarejos, pois o consumidor queria fazer compras maiores para sair menos de casa. "Mas a infla��o causou grande impacto. Tem o consumidor que precisa economizar, pois seu lar perdeu renda. Mas h� lares que, embora n�o tenham sofrido um impacto direto, se adaptam e incorporam a cultura da economia. A Nielsen calculou que os s� os pre�os dos alimentos dos �ltimos tr�s anos est�o 30% mais caros", observou. De acordo com a pesquisa, o segmento de atacarejo movimentou R$ 200 bilh�es em 2021.
EMPOBRECIMENTO
Para Marcelo Neri, diretor do FGV Social, da Funda��o Getulio Vargas, no come�o da pandemia houve perda de poder de compra. Mas, agora, o problema � o empobrecimento geral da popula��o.
Para Marcelo Neri, diretor do FGV Social, da Funda��o Getulio Vargas, no come�o da pandemia houve perda de poder de compra. Mas, agora, o problema � o empobrecimento geral da popula��o.
"A renda do trabalho desvalorizou 10%. Ent�o, � natural que as pessoas da classe m�dia busquem o desconto, uma redu��o de pre�os, pontos de distribui��o mais em conta", disse. Ele acrescenta que a maior procura pelos atacarejos tamb�m se deve � mem�ria inflacion�ria de mais de 30 anos atr�s.
"O consumidor diversifica, muda o ponto de compra para tentar baixar sua infla��o. Quem compra carne n�o vai deixar de compr�-la. Pode diminuir a frequ�ncia ou tentar achar locais mais baratos. Nesse ponto, � importante tentar entender o h�bito de consumo, pois � normal que se mude o local de compra em vez de deixar de consumir", observa.