
Um euro vale um d�lar. Pela primeira vez em 20 anos, a moeda europeia se desvalorizou at� alcan�ar, nesta ter�a-feira (12/7), a paridade com a moeda americana. Quais s�o as consequ�ncias concretas dessa desvaloriza��o?
Quase metade dos produtos importados na zona do euro � faturada em d�lar, contra 40% comprados em euros, segundo o escrit�rio de estat�sticas Eurostat.
� o caso de muitas commodities, a come�ar pelo petr�leo e pelo g�s, cujos pre�os j� subiram nos �ltimos meses, devido � guerra na Ucr�nia.
Com a desvaloriza��o da moeda europeia, s�o necess�rios mais euros para comprar produtos importados em d�lares.
"Os produtos importados em d�lares perdem competitividade (...) e ficam mais caros", explicou Isabelle M�jean, professora da Escola Superior Sciences Po, o que contribui para acelerar a infla��o e amea�a o poder de compra das fam�lias.
"Outra veia dessa deprecia��o � que o turismo de europeus, especialmente para os Estados Unidos, ser� contido", disse William De Vijlder, economista do BNP Paribas.
Leia mais: Para BCE, euro digital teria implica��o importante para estabilidade financeira
Enquanto isso, turistas dos Estados Unidos e de outros destinos ganham com o c�mbio e podem consumir mais com a mesma quantidade de d�lares.
Empresas
O efeito da queda do pre�o do euro varia de acordo com a depend�ncia que as empresas t�m do com�rcio externo e da energia."As empresas que exportam para fora da zona do euro se beneficiam da desvaloriza��o do euro, j� que seus pre�os se tornam mais competitivos, mas as empresas importadoras s�o prejudicadas", afirma o diretor de pesquisa do banco p�blico Bpifrance, Philippe Mutricy.
As empresas dependentes de commodities e de energia e que exportam pouco v�o registrar uma explos�o de gastos.
Quem sai ganhando � a ind�stria manufatureira exportadora, principalmente os setores da aeron�utica, os fabricantes de autom�veis, a de luxo e a ind�stria qu�mica.
Crescimento e d�vida
Em tese, a desvaloriza��o do euro torna os pre�os mais competitivos e estimula as exporta��es.
Isso poderia amortecer o impacto no crescimento da alta dos pre�os das commodities no contexto da guerra na Ucr�nia, especialmente em economias mais orientadas para a exporta��o, como a Alemanha.
Para o pagamento da d�vida dos pa�ses europeus, o impacto depende.
Um crescimento maior "pode facilitar o pagamento da d�vida", observou M�jean, desde que os mercados vejam a d�vida europeia como suficientemente segura, e as taxas de juros permane�am baixas.
J� para os Estados que emitiram t�tulos denominados em d�lares, uma desvaloriza��o do euro aumenta o custo do reembolso.
Bancos centrais
A desvaloriza��o do euro acelera a infla��o, e isso pode levar o Banco Central Europeu (BCE) a aumentar mais rapidamente as taxas de juros. Este m�s, o �rg�o emissor se prepara para seu primeiro aumento em 11 anos.
"Pode-se dizer que o BCE n�o deve reagir ao aumento dos pre�os das commodities, mas seu desafio de controlar a infla��o se torna maior, j� que o pre�o das importa��es aumenta", diz o economista William De Vijlder.