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Estado de Minas ECONOMIA

O que � a taxa Selic e como ela afeta as pessoas

Por que os juros brasileiros est�o em trajet�ria de alta este ano? E o que isso significa na pr�tica para o seu bolso?


04/08/2022 08:12 - atualizado 04/08/2022 10:23


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(foto: Getty Images)

O Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central (BC) aumentou os juros b�sicos da economia brasileira de 13,25% para 13,75% ao ano na quarta-feira (3/8).

A taxa Selic — como � conhecida — subiu meio ponto percentual em rela��o � �ltima reuni�o do Copom; antes do an�ncio, a expectativa era que esse seria o �ltimo aumento no ciclo atual de alta.

No entanto, o comit� disse que vai avaliar para o encontro seguinte, em setembro, "a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua pr�xima reuni�o". Acredita-se agora que possa haver um novo aumento.

Mas qual � a import�ncia de tudo isso? Por que os juros brasileiros est�o em trajet�ria ascendente neste ano? E o que isso significa na pr�tica para o bolso das pessoas?

Para que serve a taxa de juros da economia?

A taxa Selic (sigla para Sistema Especial de Liquida��o e de Cust�dia) serve como refer�ncia para todas as taxas de juros do mercado brasileiro e � definida pelo Copom, grupo composto pela dire��o do Banco Central. Eles se re�nem para definir a trajet�ria da Selic.

A Selic � o principal instrumento de pol�tica monet�ria usado pelo Banco Central para controlar a infla��o.

Quando a taxa sobe, os juros cobrados em financiamentos, empr�stimos e no cart�o ficam mais altos e isso desencoraja o consumo — o que, por sua vez, estimula uma queda na infla��o. Por outro lado, se a infla��o est� baixa e o BC reduz os juros, isso barateia os empr�stimos e incentiva o consumo.

Para definir o que fazer com a Selic, o BC avalia as condi��es da infla��o, da atividade econ�mica, das contas p�blicas e o cen�rio externo — sempre com o objetivo de manter a infla��o dentro da meta.

O instrumento � usado por todos os governos e autoridades monet�rias. O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, define os juros b�sicos da economia americana. O Banco Central Europeu faz o mesmo com os juros nos pa�ses que comp�em a zona do euro.

O mundo vive um momento de alta da infla��o em diversos pa�ses — como reflexo de desequil�brios na cadeia de produ��o combinados com um aumento do consumo devido � pandemia de covid-19.

A infla��o tem batido recorde de mais de quatro d�cadas em pa�ses europeus, EUA e Reino Unido. Tudo tem ficado mais caro. Por isso, esses pa�ses tamb�m est�o vendo os juros subirem.

No Brasil, o mais recente ciclo de alta come�ou em 17 de mar�o de 2021. Desde ent�o, a Selic subiu 12 vezes consecutivamente, de 2% para 13,75%, patamar atingido na quarta-feira (3/8). � o patamar mais alto desde 2016, quando a taxa come�ou o ano em 14%.

O objetivo do Copom � fazer a infla��o brasileira ficar dentro da meta de infla��o, que � definida pelo Banco Central.


Grafico 1
(foto: BBC)

O que � a meta de infla��o?

O regime de metas de infla��o, o c�mbio flutuante e a meta fiscal comp�em o chamado "trip� macroecon�mico", anunciado em 1999 como a nova estrutura da pol�tica econ�mica brasileira. Isso depois de o Brasil ter superado, com o Plano Real (1994), um per�odo traum�tico de hiperinfla��o, durante o qual os pre�os chegavam a aumentar 80% em um �nico m�s.

A meta de infla��o � definida pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN). Do jeito que funciona hoje, ele determina em junho a meta para a infla��o de tr�s anos � frente.

A ideia � que uma infla��o previs�vel, est�vel e baixa possa ajudar a economia a crescer mais, reduzindo as incertezas. Para 2022, a meta para o IPCA (o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo, usado oficialmente pelo governo) � de 3,5%. Para o ano que vem, a meta � de 3,25%.

O mercado, no entanto, n�o acredita que o governo v� conseguir cumprir essas metas. O mais recente Boletim Focus (sondagem semanal do Banco Central com agentes de mercado) mostra que o mercado acredita que o Brasil encerrar� 2022 e 2023 com infla��es anuais de 7,15% e 5,33% respectivamente — ambos �ndices acima da meta oficial.

O mesmo boletim mostra que os agentes de mercado acreditavam que o ciclo de alta de juros estaria pr�ximo do fim agora, com a Selic terminando esse ano em 13,75% e baixando para 11% no final de 2023.


Grafico 2
(foto: BBC)

Quais as consequ�ncias da alta de juros para a vida das pessoas?

A alta dos juros t�m consequ�ncias diretas na vida das pessoas.

Se n�o houvesse aumento nos juros, as pessoas estariam expostas � infla��o alta, o que provocaria uma queda nos padr�es de vida de todos. Os pre�os de bens e servi�os subiriam, e os sal�rios das pessoas n�o acompanhariam essa alta.

Mas a alta de juros tamb�m tem dois efeitos claros no cotidiano das pessoas:

  • Pegar dinheiro emprestado fica mais caro
  • Poupar e investir dinheiro em renda fixa tornam-se mais vantajosos

Sobre empr�stimos, os bancos comerciais passam a cobrar juros mais altos. Isso afeta principalmente pessoas que tomam financiamentos para comprar casa ou carro — e tamb�m consumidores que t�m d�vidas com cart�o de cr�dito.

Com empr�stimos mais caros, o poder de compra de todos � reduzido. O mesmo acontece com empresas: o aumento dos juros n�o incentiva tomada de empr�stimos para realizar investimentos. E governos tamb�m sofrem: juros maiores prejudicam as finan�as p�blicas, j� que os pa�ses tamb�m tomam empr�stimos ao emitir t�tulos de d�vida (uma das formas como governos se financiam — outra � a arrecada��o de impostos).

Sobre poupan�a, o movimento costuma ser vantajoso para quem tem dinheiro para emprestar e investir. Mas � preciso tomar cuidado. Os investimentos e poupan�as precisam ter taxa de retorno superior � infla��o para que haja um ganho real.

Por exemplo: o mais recente dado do IPCA mostra que no �ltimo ano a infla��o brasileira foi de 11,39%. O rendimento atual da poupan�a hoje � pouco acima de 6% — ou seja, quem aplica dinheiro na poupan�a ainda est� vendo seu dinheiro perder poder de compra.

A alternativa � buscar rendimentos acima da infla��o tanto no mercado como em t�tulos do governo federal (o chamado Tesouro direto) — que possuem retornos mais pr�ximos ou at� acima da Selic.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62418880

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