
"Fome existe no mundo todo. Daqui a pouco eu vou ter fome, voc� vai ter fome. A gente est� falando de pessoas que v�o ter fome e n�o v�o ter como matar essa fome", disse Roma, em entrevista � Folha de S.Paulo.
"O que eu estou dizendo � que o PT n�o pode acusar Bolsonaro de ter ampliado a fome, porque ele simplesmente triplicou os recursos sociais. Isso foi por uma quantidade muito maior de pessoas."
Segundo relat�rio das Na��es Unidas, divulgado em julho, no Brasil, 61,3 milh�es (cerca de 3 em cada 10 habitantes) convivem com algum tipo de inseguran�a alimentar, dos quais 15,4 milh�es em inseguran�a alimentar grave, passando fome, de 2019 e 2021.
Roma recha�a cr�ticas ao Aux�lio Brasil, diz que a iniciativa atua junto com outras pol�ticas p�blicas, e atribui ao programa a melhora na avalia��o do governo Bolsonaro nessa reta final. Para ele, Lula tenta propagar a tese de que � o "pai dos pobres", enquanto a popula��o sentiria uma melhora no bolso com o atual benef�cio."Quanto mais tempo demorar e o PT ficar batendo nisso a�, mais tempo as pessoas v�o refletir sobre isso e v�o ver que hoje a realidade � diferente."
PERGUNTA - O presidente conseguiu frear a expans�o de Lula sobre ele no Nordeste, segundo a �ltima pesquisa Datafolha. A que o sr. atribui isso?
JO�O ROMA - Segundo turno � uma elei��o diferente. � uma elei��o que fica mais n�tido para os eleitores os debates nacionais e realmente o futuro do Brasil. S� que na ponta as pessoas est�o percebendo que Bolsonaro � quem de fato conseguiu efetivar grandes ganhos para essa popula��o. O Aux�lio Brasil cresceu demais, o pre�o da gasolina conseguiu baixar sem quebrar a Petrobras, o recorde no n�mero de empregos.
Acho que o presidente Bolsonaro vai tomando uma certa vantagem perante o Lula, que tem meramente uma narrativa dizendo que � o pai dos pobres e tudo, mas as pessoas ganhavam menos de R$ 100 no Bolsa Fam�lia, uma grande parcela aqui no Nordeste, e hoje est�o recebendo no m�nimo R$ 600. Ent�o isso come�a chegando para as pessoas.
Quando o presidente diz que n�o existiria fome no Brasil, acha que isso atrapalha na campanha, especialmente no Nordeste? Falar a verdade nunca atrapalha. O PT mais uma vez busca uma narrativa, dizer que o Brasil voltou ao mapa da fome, que n�o � verdade. Houve na semana retrasada uma reuni�o da FAO, que � justamente o organismo que trata disso, e n�o est� no relat�rio que o Brasil retornou o mapa da fome.
P. - Se aumentou o investimento em programas sociais, por que vimos cenas como pessoas comendo osso?
JR - Temos um avan�o muito maior na pol�tica de seguran�a alimentar, porque nada pode ser mais impactante para o combate � inseguran�a alimentar do que um programa social que garante hoje a mais de 20 milh�es de brasileiros o m�nimo de R$ 600.
No relat�rio da FAO tem um detalhe, ele fala qual foi o motivo do aumento da inseguran�a alimentar: consequ�ncia da pandemia e da Guerra [da Ucr�nia]. N�o est� dizendo que foi a aus�ncia de pol�tica p�blica. Ent�o � importante colocar isso com clareza para n�o ficar simplesmente guerra de narrativa.
P. - Mas, ministro, da� para falar que n�o tem fome no Brasil. O senhor acha que n�o existe fome no pa�s?
JR - Fome existe no mundo todo. Daqui a pouco eu vou ter fome, voc� vai ter fome. A gente est� falando de pessoas que v�o ter fome e n�o v�o ter como matar essa fome. O que eu estou dizendo � que o PT n�o pode acusar Bolsonaro de ter ampliado a fome, porque ele simplesmente triplicou os recursos sociais. Isso foi por uma quantidade muito maior de pessoas.
Quando a gente conseguiu implementar o aux�lio emergencial, veio para o radar do estado os invis�veis, que n�o eram abra�ados na �poca do governo do PT. E o PT tenta vender que na �poca de Lula as pessoas estavam bem e agora n�o est�o.
A pessoa come�a a ver que isso n�o bate, porque o benef�cio agora t� muito maior. Quanto mais tempo demorar e o PT ficar batendo nisso a�, mais tempo as pessoas v�o refletir sobre isso e v�o ver que hoje a realidade � diferente. Ent�o, a fome vai existir no Brasil, vai existir nos Estados Unidos, vai existir em pa�ses ricos, mas hoje voc� tem um governo que conseguiu inclusive, com destaque, fazer um programa muito eficaz, que d�, sim, um suporte no m�nimo tr�s vezes mais amplo do que na �poca do governo do PT.
E de forma muito mais digna para o cidad�o, porque antigamente conseguia emprego com carteira assinada e perdia o benef�cio. Hoje, pelo contr�rio, tem um est�mulo para conseguir melhorar de vida.
Uma das cr�ticas que o PT faz ao Auxilio Brasil � uma fam�lia que tem cinco filhos ganharia o mesmo que uma fam�lia de um filho s�. N�o � verdade. O Auxilio Brasil consegue vincular pol�ticas p�blicas que s�o muito eficazes. Para considerar justamente a composi��o familiar de forma, inclusive, muito mais ampla do que havia no Bolsa Fam�lia. Hoje voc� tem o aux�lio da primeira inf�ncia. O foco na primeira inf�ncia garante o suporte ainda mais em cada m�e que tem uma crian�a na faixa de 0 a 36 meses, com toda a quest�o de complemento, toda acompanhamento.
P. - Na previs�o or�ament�ria n�o h� recursos para pagar os R$ 600. De onde vai sair esse dinheiro?
JR - Assim como n�o estava no ano passado, quando n�s criamos o Aux�lio Brasil. Sofria-se a mesma cr�tica porque, de acordo com a PEC de dezembro do ano passado, dizia-se que o aux�lio s� iria durar at� dezembro. Isso foi resolvido com a aprova��o de uma medida provis�ria. Na mesma PEC de dezembro, se estabeleceu que benef�cios sociais do governo n�o s�o atingidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Ent�o com base nisso, a gente conseguiu tornar permanente o m�nimo de R$ 400. Posterior a isso, veio a nova PEC, criando ainda mais R$ 200.
Ent�o n�o precisa constar no Or�amento. Porque o Congresso Nacional pode aprovar como medida provis�ria, e o pr�prio Arthur [Lira] j� disse que iria avan�ar nisso.
P. - O aumento de mais R$ 200 no aux�lio aconteceu j� durante a campanha. Descobriu-se a necessidade de aumentar de R$ 400 para R$ 600 durante a campanha?
JR - N�o, n�o se descobriu isso na campanha. Desde o ano passado j� se advogava por um valor maior, mas n�o se tinha esse valor maior. Tanto que para chegar nos R$ 400 foi uma luta.
Voc�s prometeram dar o 13º para fam�lias chefiadas por mulheres. Especiliastas dizem que esse pico de renda no final do ano n�o resolve o problema das fam�lias, que seria s� uma medida eleitoreira... Esse 13º, por que que ele n�o virou permanente? Porque enquanto n�s est�vamos avan�ando nisso a�, surgiu a pandemia. Eu n�o estava nem no governo ainda. Mas na elei��o passada, o presidente j� tinha prometido o 13º do Bolsa Fam�lia, foi executado uma vez, mas n�o foi executado por uma segunda vez porque sen�o ele se tornava um benef�cio permanente.
Jo�o Roma (PL), 49
Natural do Recife, � formado em direito e desenvolveu carreira pol�tica na Bahia. Foi chefe de gabinete da Prefeitura de Salvador, que era ocupada por ACM Neto (Uni�o Brasil-BA), ex-aliado, de 2013 a 2018. Em 2018, foi eleito para o primeiro mandato como deputado federal pela Bahia. Licenciou-se do cargo em fevereiro de 2021, para assumir o Minist�rio da Cidadania. Desligou-se da pasta em abril de 2022, para concorrer ao governo da Bahia, para o qual foi derrotado.