
O visto foi criado pela resolu��o 45 do CNIG (Conselho Nacional de Imigra��o) em setembro de 2021, e regulamentado em janeiro deste ano.
A solicita��o pode ser feita de duas formas: em consulados do Brasil no exterior ou em representa��es do Minist�rio da Justi�a dentro do pa�s. At� 20 de outubro, o Itamaraty havia aprovado 225 solicita��es, segundo um levantamento feito pelo minist�rio.
Os pa�ses onde houve mais pedidos pelo visto brasileiro foram Estados Unidos, Inglaterra, Fran�a e Alemanha.
J� entre os pedidos feitos no Brasil, houve mais 75 aprovados at� o fim de setembro. Os estados com mais solicita��es foram S�o Paulo (28), Rio de Janeiro (19) e Santa Catarina (10).
O documento d� direito a permanecer no Brasil por um ano, prazo que pode ser renovado. Para obter o visto, o estrangeiro precisa comprovar que possui uma rela��o de trabalho com um empregador no exterior que permita o trabalho remoto e gere uma renda mensal de ao menos US$ 1.500 (R$ 7.550). Outra op��o � comprovar um saldo banc�rio de US$ 18 mil (R$ 90.640).
O valor exigido � um dos atrativos do Brasil, apontam especialistas em imigra��o.
"A renda m�dia dos profissionais que s�o n�mades digitais � de US$ 4.000 (R$ 20.140) mensais, e 40% deles ganham mais de US$ 6.000 (R$ 30.200) por m�s", diz Diana Quintas, s�cia da consultoria em imigra��o Fragomen.
"Isso desmistifica muito a figura do n�made digital como um mochileiro, um aventureiro."
Desde 2019, com o avan�o do trabalho remoto, mais de 30 pa�ses criaram facilidades para atrair funcion�rios que n�o precisam ir ao escrit�rio. A ideia � que esses profissionais ajudem a estimular as economias locais ao trazer seu dinheiro para gastar com moradia, alimenta��o e lazer.
"Estudos apontam que h� em torno de 35 milh�es de n�mades digitais no mundo, sendo que 17 milh�es s�o dos Estados Unidos", aponta Fernando Guerreiro, diretor de desenvolvimento de neg�cios da Golden Gate Global, que tamb�m atua como assessoria de imigra��o.
"O perfil m�dio de n�made digital � o de um homem solteiro, branco, de 33 anos, com pelo menos um diploma universit�rio, que trabalha com softwares e ganha US$ 85 mil (R$ 428 mil) por ano. E que fica em m�dia oito meses por ano fora de seu pa�s de origem", detalha Guerreiro.
Assim, h� uma disputa entre os pa�ses para atrair esse p�blico. Aruba e Austr�lia, por exemplo, j� aprovaram cerca de 14 mil n�mades cada uma. Barbados, tamb�m no Caribe, atraiu 5.000 deles, segundo dados da Fragomen.
O processo de an�lise do visto brasileiro leva em torno de um m�s. H� pa�ses que processam a solicita��o em menos tempo, como Ilhas Maur�cio (48 horas), Sri Lanka, Bahamas e Bermudas (cinco dias).
Nesta disputa, o Brasil ganha pontos pelo clima quente e por estar em um fuso hor�rio pr�ximo ao dos Estados Unidos, o que facilita aos americanos participar de reuni�es � dist�ncia. J� a sensa��o de inseguran�a e falhas de conex�o com a internet em cidades menores tiram pontos do pa�s.
"O avan�o da internet 5G vai ajudar bastante as pessoas a trabalharem sem depender de um bom wi-fi", avalia Guerreiro.
Para atrair mais n�mades, alguns pa�ses, como Panam�, Uruguai e Cro�cia, oferecem isen��o fiscal. A resolu��o brasileira n�o trata do tema.
Via de regra, estrangeiros que fiquem por mais de 180 dias no pa�s precisam declarar Imposto de Renda, a menos que haja acordo entre o Brasil e seu pa�s de origem para evitar tributa��o duplicada.
Os especialistas apontam que o Brasil foi �gil ao ser um dos primeiros pa�ses do mundo a fornecer esse tipo de visto, mas que agora precisa ampliar a divulga��o dele no exterior, como diversos pa�ses do Caribe e da Europa est�o fazendo.