
Em uma semana marcada pelos desdobramentos p�s-elei��o, o saldo foi positivo no mercado financeiro do pa�s. Ontem, empurrado por mais um dia de forte fluxo financeiro vindo do exterior, o d�lar comercial recuou 1,24%, fechando a sess�o cotado a R$ 5,06 para venda. Com isso, a moeda norte-americana terminou a semana com desvaloriza��o de 4,5% ante o real. J� o Ibovespa, principal �ndice da Bolsa de Valores de S�o Paulo (B3), avan�ou 1,08%, para 118.155 pontos, acumulando alta semanal de 3,16%.
Os investidores ignoraram as preocupa��es que manifestaram, muitas vezes, durante o per�odo eleitoral sobre o aumento dos gastos e o desequil�brio das contas p�blicas, um risco fiscal que ser� herdado pelo novo governo, e com as diretrizes econ�micas que ser�o adotadas pelo presidente eleito, Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Segundo a economista do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, o bom desempenho reflete um sentimento de certa tranquilidade institucional e pol�tica.
"Independentemente de quem ganhou as elei��es, a instabilidade pol�tica se reduziu. Ainda � cedo para dizer que essa queda do d�lar, por exemplo, � uma tend�ncia, porque outras incertezas rondam os mercados, como a composi��o da equipe ministerial do novo governo e como ela ir� lidar com as contas p�blicas. Al�m disso, tem alguns riscos no cen�rio externo, como a possibilidade de uma recess�o global", avaliou.
Durante a campanha, acreditava-se que a vit�ria de Lula poderia gerar um fluxo de sa�da de capital, pelo menos em um primeiro momento, na sess�o p�s-elei��o. O petista sempre foi visto como defensor de uma pol�tica fiscal expansiva, que tende a aumentar o chamado risco Brasil. No entanto, de acordo com analistas, o fim da incerteza eleitoral e dos riscos de ruptura institucional tende a trazer fluxo de capital ao pa�s.
O presidente eleito tamb�m sinalizou que n�o adotar� pol�ticas econ�micas radicais, o que deu al�vio ao mercado, que aguarda, por�m, a divulga��o dos nomes de futura equipe econ�mica. Al�m disso, as sinaliza��es de melhor condu��o da quest�o ambiental foram bem recebidas no exterior e tamb�m t�m sido uma das raz�es do fortalecimento do real.
Ontem, a B3 foi favorecida pelo cen�rio externo. Em Nova York, o �ndice Dow Jones teve alta de 1,26%, enquanto o S&P 500 subiu 1,36% e o Nasdaq, 1,28%. Nos Estados Unidos foram divulgados dados que mostram o mercado de trabalho aquecido, mas com sinais de desacelera��o. "Isso dividiu opini�es entre analistas. Alguns acreditam que o Fed (Federal Reserve, banco central americano), ir� continuar com o aperto monet�rio. Outros, apostam em uma diminui��o do ritmo", observou Ariane Benedito, especialista em mercado de capitais.
Ainda no cen�rio externo, not�cias sobre um poss�vel al�vio das restri��es � covid na China alavancou o pre�o das commodities, o que beneficiou os ativos brasileiros, visto que o pa�s � grande exportador desses produtos. As a��es da Vale subiram 7,59%, o que foi destaque no bom desempenho do Ibovespa. No lado das perdas, as indica��es de que a Petrobras sofrer� maior inger�ncia no pr�ximo governo, somadas ao pedido de suspens�o dos dividendos do terceiro trimestre (veja ao lado), levaram os pap�is da Petrobras a terminarem o dia com queda superior a 5%. Na semana, as perdas da estatal superaram os 10%.
"O pedido de suspens�o dos dividendos da Petrobras j� foi entendido pelo mercado como uma interfer�ncia. Ent�o fica a expectativa do que h� por vir no pr�ximo governo", pontuou o head de renda vari�vel da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno.