A Copa do Mundo de 2022 come�a neste domingo (20/11) e enquanto nos gramados do Catar a Sele��o Brasileira tenta buscar o hexacampeonato de futebol, no campo econ�mico, comerciantes, donos de bares, restaurantes e empres�rios do setor de eventos de Belo Horizonte vivem a expectativa de faturar alto com o Mundial. Lojistas projetam uma ofensiva dos consumidores, animados com a disputa. Donos de bares j� organizam t�ticas para receber a torcida, enquanto o setor de eventos espera sair da defesa imposta pela pandemia e aproveitar a oportunidade para recuperar as finan�as.
A estimativa da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) � de que sejam injetados mais de R$ 2 bilh�es na economia da cidade apenas neste m�s. J� a Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) projeta aumento no faturamento no segmento de at� 30% no per�odo. O setor de eventos tamb�m espera se recuperar dos preju�zos causados pelo distanciamento social, que afetou severamente os neg�cios nos �ltimos dois anos. Em todos esses casos, por�m, ser� preciso driblar a cautela e o aperto financeiro dos consumidores na hora de torcer pelo Brasil.
Em um ano marcado pela retomada do funcionamento, sem restri��es, de bares e restaurantes, ap�s quase dois anos de desafios, a Copa do Mundo chega trazendo um novo f�lego para os empres�rios do setor, com expectativa de receitas elevadas. A realiza��o do torneio no fim do ano, algo in�dito para a competi��o, e os hor�rios dos jogos da Sele��o Brasileira, concentrados no per�odo da tarde, motivam proje��es de aumento no faturamento em quase um ter�o.
O aquecimento econ�mico extra contribui para recuperar os lucros em queda depois da pandemia de COVID-19. “Esse movimento vai ajudar a aumentar a receita e melhorar o equil�brio financeiro dos estabelecimentos”, destaca o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel.
A previs�o da entidade � de que o segmento gere um faturamento igual ao de 2019, ano anterior � crise sanit�ria, embora com uma rentabilidade menor devido � infla��o e ao endividamento das empresas.
MAIS CONTRATOS
O setor tamb�m antecipou as contrata��es tempor�rias, normalmente previstas para as festividades de fim de ano. “J� geramos muitos empregos neste per�odo. A maioria contratou em setembro, justamente para ter tempo de treinar a equipe para atender durante a Copa do Mundo”, explica o presidente da entidade.
A expectativa � de que o setor encerre o �ltimo trimestre do ano com saldo de 8 mil contrata��es no estado. Daniel prev� cen�rio de bares lotados nas �ltimas semanas do ano e em hor�rios at�picos, j� que dois dos jogos da Sele��o ser�o �s 16h.
“Com os jogos sendo realizados no per�odo da tarde, a expectativa � que o happy hour se estenda por mais tempo. E tem tamb�m confraterniza��o de empresas, de colegas de trabalho, tudo isso gera um movimento legal para a gente”, avalia.
Verde e amarelo d�o o tom dos card�pios
O restaurante Berilo Cozinha & Drinks, na Rua Fernandes Tourinho, na Savassi, foi um dos que investiram em infraestrutura para receber os torcedores durante o torneio, al�m de criar um card�pio tem�tico para a ocasi�o. O gerente do estabelecimento, Cleiton Ant�o, explica que no local n�o havia televisores. “Come�amos os preparativos para a Copa com a instala��o de diversos televisores de 55 polegadas, al�m de um videowall, justamente prevendo uma movimenta��o maior nos jogos do Brasil durante o Mundial.”
Ele ressalta tamb�m que a casa vai trabalhar com reservas de mesas exclusivamente para os jogos do Brasil. “O restaurante vai transmitir os demais jogos, mas n�o haver� necessidade de reserva. Para o primeiro jogo da Sele��o Brasileira, j� estamos com a casa cheia.” O gerente diz que espera uma movimenta��o maior durante toda a Copa do Mundo.
Com gar�ons vestidos a car�ter, de verde e amarelo, o restaurante tamb�m criou pratos e drinques tem�ticos para o torneio. “Temos dois drinques especiais que est�o estreando no card�pio neste fim de semana: ‘� hexa’ e ‘Vibra Brasil’.” O primeiro tem a colora��o verde e ingredientes como gin, cura�au blue e tangerina. J� o segundo tem um tom levemente amarelado e usa cana-de-a��car na composi��o.”
ESCALA��O DE INGREDIENTES
A lanchonete Xod�, na Rua Gon�alves Dias esquina com a Avenida Jo�o Pinheiro, no Bairro Funcion�rios, tamb�m aproveitou o evento esportivo mais esperado pelos torcedores para criar dois combos em homenagem � Copa do Mundo: Xod� uai e Xod� cheese, assinados pelo chef Paulo Gomide.
O Xod� uai aposta na combina��o de p�o franc�s, hamb�rguer artesanal (blend bovino e su�no) de 140 gramas, catupiry empanado, abacaxi em cubos, bacon, cebola, molho especial, r�cula e tomate. J� o Xod� cheese, vegetariano, traz um mix de p�o australiano, catupiry empanado, queijo-canastra, compota de ma�� verde e salada. As novidades j� est�o dispon�veis no menu da casa.
A empres�ria e cozinheira Gilka Valadares Bernardino, de 47 anos, foi outra que apostou em um card�pio tem�tico da Copa do Mundo para sua empresa, Gilka com Carinho. Ela frisa que seus produtos sempre contam uma hist�ria. “Esta ser� a primeira Copa do Mundo do Gilka com Carinho e n�o queria oferecer simplesmente um card�pio com comidinhas de boteco. Tudo come�ou, como sempre come�a por aqui, resgatando mem�rias afetivas”, lembra.
A empres�ria diz que primeiro foram definidos os pratos brasileiros. “Para harmonizar e complementar, pesquisamos a culin�ria de cada um dos pa�ses advers�rios da primeira fase, levando em conta tamb�m os dias e os hor�rios de cada jogo. Escolhemos as receitas que j� s�o de alguma forma familiares ao paladar brasileiro”, explica.
Para o primeiro jogo – Brasil x S�rvia, o card�pio � composto por minissandu�che de salpic�o, tropeirinho, lingui�a com vinagrete e farofa, al�m de p�o de queijo. Os doces escolhidos foram o brigadeiro de colher e a cocadinha. O menu conta ainda com receitas origin�rias do advers�rio do Brasil: cevapi com ajvar – bolinho de carne de boi e porco grelhado com pasta de pimenta e p�o pita; e burek de legumes – massa assada recheada com legumes. Cada menu custa R$ 590 e serve de cinco a seis pessoas.
A expectativa com as encomendas deixa a empres�ria otimista. “Nossa expectativa � de muita anima��o e festa com os jogos do Brasil. O torcedor brasileiro sempre comemora em grupo: fam�lia, amigos, colegas de trabalho. N�o tem jeito, � um evento de muita confraterniza��o em turma.”
Ela diz que a escolha do menu faz parte e ajuda as pessoas a entrarem no clima da comemora��o. “Para a abertura dos jogos, apostamos no delivery de feijoada, e a procura foi muito boa. Acreditamos que para os primeiros jogos n�o ser� diferente e j� estamos preparados para lan�ar os card�pios das pr�ximas fases e finalizar como um menu digno de hexacampeonato”, brinca.
Lojistas apostam em “trio de ouro”
Com a expectativa de inje��o bilion�ria de recursos na economia diante da chegada da Copa do Mundo, lojistas de Belo Horizonte apostam em uma esp�cie de “trio de ouro” para fechar o ano em alta no campeonato da economia. Ao lado do Mundial de futebol, jogam no time das boas perspectivas do com�rcio na reta final de 2022 a Black Friday e o Natal.
Mas o carro-chefe, no momento, � mesmo o torneio internacional de futebol. “� o momento em que muitas pessoas aproveitam para trocar de televis�o para assistir aos jogos. Tamb�m tem um investimento muito forte em material esportivo, como as camisas da Sele��o. Sem d�vida, � uma oportunidade para os comerciantes desfrutarem de um bom desempenho com produtos relacionados a essa data”, afirma o vice-presidente da CDL/BH, Fernando Cardoso.
Segundo pesquisa da entidade, os produtos mais vendidos devem ser bandeiras (43%), apitos, buzinas e vuvuzelas (43%), bonecos alusivos � Copa (23%), bolas (20%), produtos aliment�cios tem�ticos (17%) e camisas da Sele��o (17%).
Os resultados positivos tamb�m podem se refletir em mais contrata��es no setor neste per�odo de megapromo��es e festas. “Esperamos um impacto muito positivo, principalmente para Belo Horizonte, onde mais de 70% do PIB vem do com�rcio e de servi�os. Esse per�odo, tradicionalmente conhecido como super-trimestre, j� � muito forte para a nossa economia. Agora, ser�o tr�s eventos muito marcantes que podem potencializar as vendas”, estima Cardoso.
Ele tamb�m destaca o desempenho positivo do com�rcio nos �ltimos meses. “Em todas as datas comemorativas tivemos um desempenho melhor do que o do ano passado. E, como o brasileiro gosta muito de futebol, tem todo um v�nculo emocional, isso traz uma perspectiva muito positiva para n�s neste momento”, disse.
Pesquisa da CDL/BH revela que 47% dos comerciantes esperam que a proximidade da Copa com a Black Friday e o Natal impulsione as vendas neste per�odo. � o caso da vendedora Marina Alves, de 28 anos, da loja S�o Paulo Acess�rios, pr�xima da Galeria do Ouvidor, no Centro de BH. Segundo ela, as vendas j� subiram na �ltima semana. Ainda de acordo com a vendedora, os itens mais vendidos s�o bandeiras, vuvuzelas e um varal com bandeirinhas do Brasil. “Estamos tendo uma procura grande. E desta semana em diante estamos com muita expectativa de crescimento das vendas.”
Marina afirma que na semana que passou houve aumento de 40% nas vendas de produtos tem�ticos em rela��o � anterior. “Hoje, fomos colocando os produtos no painel, as pessoas j� foram comprando e tivemos de ir repondo. Ent�o, a expectativa est� grande. Espero que as vendas aumentem ainda mais”, afirma.
A vendedora acredita que, � medida que a Sele��o Brasileira for avan�ando na Copa, a procura tende a ser ainda maior. Para atrair a clientela e chamar a aten��o do grande volume de pessoas que circulam pelo local, os vendedores devem entrar no clima, uniformizados com camisas da Sele��o.
NA TORCIDA
Outra que espera aumento do faturamento durante a Copa do Mundo � a gerente comercial Maria do Carmo Figueiredo, de 69. Ela trabalha na loja Ca�ula das Meias, na Rua Curitiba, tamb�m no Centro de BH, e conta que tem v�rios produtos para quem quer torcer pela Sele��o Brasileira. De acordo com ela, as camisas s�o os itens mais vendidos at� agora, mas a procura pelos produtos aumentou de forma geral com a proximidade do in�cio do torneio.
“Vendemos tr�s vezes mais que nas �ltimas semanas. Estamos com boas expectativas. Se Deus quiser, vai dar tudo certo”, diz, referindo-se tanto �s vendas quanto ao desempenho da Sele��o. “O hexa vem a�. Sou animada e penso positivo, acho que neste ano vai.”
A gerente tamb�m aposta em aquecimento dos neg�cios � medida que o Brasil avan�ar. “Esperamos nos recuperar dos preju�zos causados pela pandemia, que acabou com muitos neg�cios. N�s, gra�as a Deus, conseguimos ficar e vamos nos recuperar”, planeja.