
A Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE) ampliou significativamente a previs�o de crescimento do PIB brasileiro neste ano para 2,8%, segundo um estudo publicado nesta ter�a-feira. A estimativa anterior, realizada em junho, era de aumento de apenas 0,6% em 2022.
Para 2023, a entidade, com sede em Paris, manteve sua proje��o de aumento de 1,2% do PIB do pa�s, abaixo da m�dia mundial de 2,2%.
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Segundo a organiza��o, a atividade econ�mica no Brasil acelerou acima do esperado no primeiro e segundo trimestres deste ano, mas o crescimento perdeu for�a no terceiro trimestre.
"O consumo interno no Brasil tem sido apoiado por programas de transfer�ncia de renda mais elevados e pelo vigoroso crescimento do mercado de trabalho, mais isso deve se atenuar no pr�ximo ano", diz o estudo da OCDE com previs�es para a economia mundial.A organiza��o afirma ainda que o investimento privado vai continuar subindo no Brasil por conta da maior confian�a empresarial. A previs�o � de que a pol�tica monet�ria continue restritiva e a atual taxa de juros b�sicos da economia deva se manter at� meados de 2023, na avalia��o da OCDE.
Ap�s um crescimento do PIB brasileiro estimado em 2,8% neste ano, o estudo ressalta que a expans�o menor da economia projetada em 2023, de 1,2%, ocorre por conta da deteriora��o das previs�es globais, da pol�tica fiscal mais apertada e dos efeitos dos aumentos dos juros nos �ltimos meses para conter a infla��o.
"Pre�os mais baixos das commodities e a desacelera��o econ�mica em grandes parceiros comerciais v�o reduzir a demanda externa. Condi��es de cr�dito mais rigorosas v�o limitar o consumo dos lares, como tamb�m uma desacelera��o na gera��o de empregos em 2023 no Brasil", afirma o estudo.
No pr�ximo ano, apesar de ficar novamente abaixo da m�dia mundial, o PIB brasileiro ir� crescer acima do americano e do PIB da zona do euro, ambos com expans�o estimada em 0,5% e da m�dia de 38 pa�ses da OCDE, projetada em 0,8%.
Para 2024, a OCDE prev� uma leve melhoria do PIB brasileiro, com crescimento estimado em 1,4%, abaixo da m�dia mundial, que deve ser de 2,7%.
O estudo prev� ainda que a infla��o no Brasil dever� diminuir durante o per�odo de proje��o � medida que os efeitos dos pre�os mais altos da energia e dos alimentos se atenuarem. A OCDE projeta que a taxa dever� cair de 8,9% ao ano em 2022 para 4,2% em 2023, subindo levemente para 4,5% em 2024 com o pequeno aumento retomada econ�mica.
Incertezas
"Os riscos que pesam sobre a infla��o est�o voltados para cima, uma vez que a maior parte da queda da infla��o � proveniente de pre�os administrados, como o dos combust�veis. Os pre�os aumentam menos rapidamente para os bens industriais, mas restam din�micos no setor de servi�o", afirma o estudo, acrescentando que o mercado de trabalho aquecido poder� manter a infla��o dos servi�os mais elevada por mais tempo, especialmente se os sal�rios come�arem a subir.
"Incertezas em torno da futura pol�tica or�ament�ria podem perturbar os mercados financeiros, obrigando o Banco Central brasileiro a manter as taxas de juros elevadas por mais tempo, o que pesar� sobre o crescimento econ�mico", afirma ainda o documento da OCDE.
A organiza��o ressalta que uma "estrat�gia de consolida��o abrangente" � necess�ria para reduzir o d�ficit e restaurar a credibilidade do quadro fiscal. O estudo acrescenta que reduzir a rigidez or�ament�ria e limitar as despesas obrigat�rias do Estado permitiria melhorar a efici�ncia dos gastos p�blicos.

A OCDE afirma que o Brasil teve uma pol�tica fiscal expansionista em 2022, impulsionada pelas isen��es fiscais para lidar com os pre�os mais altos da energia e com o aumento de 50% no tamanho do programa Aux�lio Brasil. Ambas as pol�ticas devem expirar em dezembro, embora o aumento do programa de transfer�ncia de renda seja provavelmente mantido, diz o estudo. � o que sinaliza o presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva.
Segundo informa��es divulgadas pela equipe de transi��o, o Aux�lio Brasil ser� reestruturado e o benef�cio de R$ 600 dever� ser mantido.
De acordo com o estudo da OCDE, se a isen��o de tributos federais sobre os combust�veis e o aumento do programa de renda forem mantidos, ser� dif�cil para o Brasil conciliar isso com as regras or�ament�rias e com a necessidade de uma pol�tica fiscal mais restritiva para reduzir o d�ficit e conter a d�vida p�blica a partir de 2023.
Desafios crescentes
A economia global, que est� enfrentando "desafios crescentes", dever� crescer 3,1% em 2022, segundo a OCDE, cerca de metade do ritmo observado em 2021, de 5,9%, durante a recupera��o registrada a partir do in�cio da pandemia de Covid-19.
"A guerra na Ucr�nia tem um efeito negativo persistente sobre as condi��es econ�micas", diz o relat�rio da organiza��o, acrescentando que a agress�o da R�ssia contra o pa�s fez os pre�os aumentarem consideravelmente, sobretudo da energia, somando-se �s press�es inflacion�rias em um momento em que o custo de vida j� estava subindo em todo o mundo por conta da retomada das atividades ap�s o in�cio da pandemia.
A OCDE ressalta que o crescimento econ�mico mundial perdeu seu impulso e que uma infla��o alta se mant�m persistente, enquanto a confian�a diminui e as incertezas s�o elevadas.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63701894