Autom�vel mais em conta vendido hoje no Brasil � o Renault Kwid
O an�ncio deve ser feito na sede da Fiesp (Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo). As medidas incluir�o linhas de cr�dito para o setor fabril, redu��es tribut�rias, aumento do �ndice de nacionaliza��o de bens manufaturados e um programa de financiamento para ve�culos.
No caso do setor automotivo, as conversas acontecem diretamente entre as montadoras e o governo, sem interfer�ncia da Anfavea (associa��o das fabricantes). Segundo M�rcio de Lima Leite, presidente da entidade, h� quest�es de compliance envolvidas, e por isso cada fabricante deve tomar sua pr�pria decis�o.
O foco das medidas estar� nos carros de entrada, que n�o devem passar por grandes mudan�as neste momento. O objetivo � reduzir os pre�os iniciais de modelos compactos com motor 1.0 para uma faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil.
Renault se reuniu com Garald Alckmin
O autom�vel mais em conta vendido hoje no Brasil � o Renault Kwid na vers�o Zen, que custa R$ 69 mil e � produzido em S�o Jos� dos Pinhais (PR). Representantes da montadora francesa se reuniram com o ministro do Desenvolvimento e vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), na semana passada.
"Recebi a diretoria da Renault para debatermos propostas que fortale�am o setor automotivo. O presidente Lula est� empenhado em retomar o vigor de nossa ind�stria automobil�stica, que � grande empregadora", disse Alckmin em postagem nas suas redes sociais.
� prov�vel que o Kwid seja o primeiro modelo a se adequar ao programa de incentivo. Hoje todas as vers�es do compacto s�o equipadas com dire��o com assist�ncia el�trica e ar-condicionado, mas nem sempre foi assim.
No lan�amento do carro, em junho de 2017, a op��o Life n�o trazia esses itens. Na �poca, o pre�o come�ava em R$ 30 mil - valor que, corrigido com base no IPCA, equivale a aproximadamente R$ 41 mil hoje.
Infla��o do setor
A infla��o do setor automotivo, contudo, atingiu patamares mais altos nos �ltimos anos. Al�m de os autom�veis terem evolu�do para atender a normas mais severas de seguran�a e controle de emiss�es, a crise econ�mica e a pandemia fizeram as empresas apostar em ve�culos mais rent�veis. Neste cen�rio, compactos de maior volume de vendas, mas pouco lucrativos, foram deixados de lado.
O efeito colateral da estrat�gia � a ociosidade das linhas de montagem. O parque fabril tem capacidade para produzir cerca de 4,5 milh�es de carros por ano. Foram fabricadas 2,37 milh�es de unidades em 2022, n�mero que inclui carros de passeio, ve�culos comerciais leves, �nibus e caminh�es.
Para as marcas que n�o oferecem modelos de baixo custo e nem pretendem simplificar seus carros, a expectativa � convencer o governo de que o mais importante � criar formas de reduzir os pre�os dos autom�veis j� existentes, mexendo na tributa��o e retirando o m�nimo poss�vel de equipamentos.
"O carro depenado, sem conte�do, n�o vai de encontro ao que o brasileiro quer", afirma � Folha Santiago Chamorro, presidente da GM Am�rica do Sul. A montadora reposicionou seus produtos nos �ltimos anos, incluindo mais itens de tecnologia e seguran�a at� no compacto Onix (a partir de R$ 84,4 mil).
"Na nossa opini�o, ao contr�rio de fazer investimentos para criar um ve�culo popular com condi��es que o cliente n�o quer, devemos dar para esse consumidor a possibilidade de, dentro do portf�lio existente, ter um ve�culo com melhores condi��es de acesso."
Governo n�o se limitar a modelos de entrada
Essa ideia dever� constar no plano do governo, que n�o vai se limitar a modelos de entrada. Dessa forma, haver� redu��o de pre�os e financiamento de longo prazo, mas sem a obriga��o de atingir um valor abaixo de R$ 60 mil para se ter acesso a benef�cios tribut�rios. Nesse caso, um dos crit�rios usados poder� ser a efici�ncia energ�tica, que vai beneficiar modelos menos poluentes.
Um dos sinais desse processo � a exclus�o da express�o "carro popular" das declara��es p�blicas de representantes do governo e das montadoras. Outro sinal: a Volkswagen adiou a implementa��o do sistema de layoff (suspens�o tempor�ria dos contratos de trabalho) para 800 funcion�rios na f�brica de Taubat� (interior de S�o Paulo), antes prevista para come�ar em junho.
Essa unidade produz o Polo Track (R$ 81.370), modelo que substituiu o Gol como carro de entrada da marca alem� no Brasil. Com a desist�ncia, o ve�culo continuar� sendo produzido em dois turnos, o que indica vontade de aumentar o estoque. Contudo um dos pontos defendidos pelo governo no in�cio das negocia��es deve ser alterado: a vincula��o de benef�cios a carros movidos 100% a etanol.
Al�m de se preocupar com a aceita��o do mercado, as montadoras afirmam que os carros flex j� podem rodar apenas com �lcool. Qualquer outra mudan�a exigiria novos investimentos, que n�o est�o nos planos das empresas.
Eletrifica��o
Parte do que foi gasto nos �ltimos anos com a evolu��o dos modelos ainda est� sendo amortizada no pa�s, e as fabricantes n�o pretendem dedicar um ciclo exclusivo de aportes para produzir carros considerados menos rent�veis. Por serem multinacionais, as empresas do setor est�o focadas no processo global de eletrifica��o.
Mas � poss�vel que o pacote a ser apresentado pelo governo inclua est�mulos � produ��o local de carros h�bridos e el�tricos, algo que interessa �s montadoras. Em abril, a Toyota anunciou um investimento de R$ 1,7 bilh�o para produzir um novo SUV compacto no Brasil, que ser� movido a gasolina, etanol e eletricidade.
Todo esse pacote, entretanto, esbarra no problema da renda m�dia do brasileiro, que foi ainda mais achatada devido � jun��o de crise econ�mica com pandemia. A tempestade perfeita � complementada pelo patamar atual da taxa b�sica de juros e por um persistente aumento da inadimpl�ncia.
Segundo a Anef (Associa��o Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), os atrasos de pagamentos com mais de 90 dias chegaram a 5,9%, dos contratos, o que representa um aumento de 1,5% em rela��o a 2021.
Esse � o desafio do setor financeiro: oferecer taxas atraentes para pessoas f�sicas sem que isso implique em riscos de cr�dito. Umas das ideias para contornar o problema � a utiliza��o do FGTS como garantia.
Dessa forma, o dinheiro n�o seria usado efetivamente para a compra do carro, mas poderia ser acessado pelos bancos em caso de inadimpl�ncia. O tema segue em discuss�o, e n�o se sabe se far� parte do pacote de incentivos.Varejo
Todas as medidas buscam estimular as vendas no varejo, mas � prov�vel que os carros mais simples acabem em frotas de aluguel de carros. Esses modelos seriam demandados, por exemplo, pelos motoristas de aplicativo que aderem aos programas de assinatura de longo prazo.
Foram emplacadas 160,7 mil unidades no �ltimo m�s, e as locadoras foram os principais clientes. As empresas do setor compraram 47 mil ve�culos em maio.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine