Reserva de Desenvolvimento Sustent�vel Uatum�
Mas foi h� dois anos que o investimento em uma usina para produ��o do �leo alavancou o potencial econ�mico.
Sempre que sofre uma perfura��o, a �rvore breu branco evita a invas�o por insetos ao liberar uma resina de mesmo nome, que depois endurece sobre sua casca.
"Em 2019, extra�amos a resina da �rvore e vend�amos a R$ 2,50 o quilo. Hoje produzimos o �leo essencial na usina e vendemos por R$ 1.300 o litro", diz Vanderley Cruz, gestor da usina de �leos da RDS Uatum�, que foi constru�da com recursos do Fundo Amaz�nia. Ele diz que 400 kg de resina rendem 2,5 litros de �leo.
A Biozer tamb�m recebeu apoio gra�as a recursos de P&D (pesquisa e desenvolvimento) destinados por uma fabricante de eletr�nicos da Zona Franca de Manaus, que tem participa��o nos lucros.
O direcionamento de investimentos para a bioeconomia � feito atrav�s do PPBio (Programa Priorit�rio de Bioeconomia). � uma op��o criada pela Suframa (Superintend�ncia da Zona Franca de Manaus) para o investimento obrigat�rio que as empresas devem fazer em P&D.
O valor deve corresponder a, no m�nimo, 5% do faturamento como contrapartida aos benef�cios tribut�rios.
Entre 2019 e 2022, o programa arrecadou R$ 91,6 milh�es de 33 empresas. Mas convencer os neg�cios da Zona Franca de Manaus -majoritariamente voltados ao setor tecnol�gico- a investir na floresta ainda � um desafio.
"O primeiro objetivo dessa pol�tica de P&D � dar autonomia t�cnica para a empresa aumentar a competitividade e permanecer na regi�o. Por isso a gente n�o imp�e, mas busca dar os incentivos corretos para a pr�pria empresa investir nessas �reas", diz Rafael Gouveia, coordenador de gest�o tecnol�gica da Suframa.
A tarefa de construir parcerias com empreendedores, comunidades e pesquisadores fica por conta do Idesam (Instituto de Conserva��o e Desenvolvimento Sustent�vel da Amaz�nia), que coordena o PPBio desde 2019.
No in�cio do ano, a ONG promoveu uma expedi��o � RDS Uatum� reunindo investidores, empreendedores, institui��es de tecnologia e inova��o e comunidades da reserva.
"Cerca de 99% das empresas investem em P&D visando economizar nos processos, gastar menos, mas � poss�vel pensar como solu��es tecnol�gicas voltadas para uma empresa l� na Zona Franca podem servir aqui na comunidade", afirma Andr� Machado, diretor do instituto de tecnologia Creathus.
Por outro lado, a tecnologia esbarra nas dificuldades de acesso. Em conversa com pesquisadores e empreendedores, l�deres comunit�rios de Uatum� afirmaram que falta conhecimento sobre os desafios na floresta, como a falta de internet e de eletricidade.
"Diversas parcerias acabam n�o prosperando porque n�o contam com o fato de que n�o temos internet 5G para rodar um sistema", diz Cruz.
Embora seja atravessada pelo linh�o de Tucuru�, que transmite energia el�trica a Manaus, a regi�o n�o integra o Sistema Interligado de Energia e depende do diesel para a gera��o energ�tica.
"Estamos estudando junto � iniciativa privada como levar g�s natural atrav�s de barca�as a algumas regi�es para que os sistemas isolados tamb�m tenham essa matriz limpa", afirmou o governador Wilson Lima (Uni�o Brasil), em visita � RDS Uatum� para a entrega de kits de energia solar.
Lima disse que prev� combinar o uso de energia solar, fonte renov�vel, e g�s (de origem f�ssil) em um programa de mudan�a da matriz energ�tica do estado.
Questionado sobre a vantagem do g�s em rela��o � energia solar para sistemas isolados, o governador disse que "o g�s tem maior efici�ncia e precisa de volume menor, enquanto a energia solar precisa de �rea muito maior".
Outro desafio � garantir volume e escala para os produtos que mant�m a floresta em p�.
"Com a cadeia ainda pulverizada, o pre�o da polpa de tucum� oscilou no ano passado entre R$ 30 e R$ 130 reais o quilo. Nenhuma ind�stria sobrevive com essa oscila��o", diz o chef Beto Pinto, s�cio da Smart Food, que produz hamb�rgueres de tucum�.
Popular na regi�o, o fruto amaz�nico � usado em lanches como o X-caboquinho. A textura da polpa, alaranjada, lembra coco. "Quem vem para c� adora, mas ele n�o sai daqui. O a�a� j� est� no mundo inteiro, ent�o queremos levar o tucum�", afirma o chef.
A Smart Food tem 32 pontos de venda em oito estados, mas Pinto diz n�o querer expandir o neg�cio a qualquer custo. "Tem que ser bom para a comunidade, para o empreendedor e para o consumidor. Se algu�m n�o estiver feliz, n�o � sociobiodiversidade."
Um dos desejos do comunit�rio Gracilazo Miranda era continuar trabalhando com madeira. "Tinha as m�quinas, mas sem documenta��o, andava escondido. Agora trabalho de cabe�a erguida." Hoje ele � manejador e gestor da movelaria de Uatum�, que produz pe�as encomendadas por designers de renome.
"Antes era entrar numa mata, derrubar 20, 30 �rvores, cortar em prancha, levar para o atravessador", lembra. "Hoje n�o, a gente faz plano de manejo florestal, tudo licenciado. Se voc� me perguntar de onde saiu a madeira de uma pe�a, eu te levo at� a �rvore."
A reserva mant�m a produ��o de alimentos em sistemas agroflorestais e ainda administra uma pousada.
"� um sonho, para fortalecer os v�nculos familiares e com a comunidade, para que meus filhos n�o precisem sair por a� em busca de sal�rio. Se eu quero um mundo melhor, � porque estou neste mundo", afirma Elizangela Cavalcante, gestora da movelaria e uma das lideran�as da reserva.
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