Havia uma expectativa de que o Banco Central adotasse uma mensagem mais suave em documento divulgado nesta quarta-feira (21/6)
De acordo com relatos ouvidos pela Folha, membros do governo subiram o tom contra o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto – alvo preferencial das cr�ticas do governo petista. Agora, j� se fala em "declara��o de guerra" por parte da autarquia.
Um dos pontos que causou indigna��o � o trecho do comunicado que cita "alguma incerteza residual sobre o desenho final do arcabou�o fiscal", apesar de a proposta ter sido aprovada nesta quarta-feira (21) pelo Senado Federal com poucas mudan�as. Embora a decis�o do BC tenha sido divulgada antes da vota��o, o texto do parecer j� era conhecido desde a ter�a-feira (20).
Outra ala do governo ainda mant�m esperan�as de que a ata do Copom, a ser divulgada na pr�xima ter�a-feira (27) com maior detalhamento da decis�o, traga um tom mais ameno, abrindo espa�o para sinalizar um corte na Selic.
As cr�ticas nos bastidores ecoam o tom adotado por Lula, que vem sistematicamente criticando Campos Neto pelo patamar dos juros no pa�s. O petista j� afirmou que Campos Neto n�o tem compromisso com o Brasil e sim com o governo de Jair Bolsonaro (PL), que indicou o atual chefe da autoridade monet�ria.
Al�m da press�o de Lula e de seus ministros, um grupo de 51 integrantes do Conselh�o (Conselho de Desenvolvimento Econ�mico Social Sustent�vel da Presid�ncia da Rep�blica), dentre eles a empres�ria Luiza Heleno Trajano, escreveu uma carta aberta pedindo corte de juros. Houve ainda um protesto em frente ao pr�dio do BC em S�o Paulo, na ter�a-feira (20), promovido por centrais sindicais.
Ap�s a decis�o desta quarta, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defendeu a sa�da dos atuais integrantes do BC.
"Est� na hora do Senado agir, com os poderes que a lei confere, para cobrar Campos Neto e a diretoria bolsonarista do Banco Central. Sabotam a economia e atuam propositalmente contra o pa�s. N�o h� mais como tolerar esta situa��o. O certo � a sa�da desse pessoal", afirmou Gleisi em rede social.
O l�der do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse � reportagem que discorda da decis�o do BC e reclamou que "nem aceno teve" para um corte de juros. "N�o falei com ningu�m [do governo] sobre isso, mas n�o deve ter gostado. Ali�s, n�o o governo, acho que o Brasil n�o gostou", afirmou.
"Mas � o papel deles, eles est�o fazendo a miss�o deles. S� quero ter o direito de discordar. Eu e o Brasil", acrescentou.
Mais cedo, durante a sess�o, Wagner disse no plen�rio aos senadores que "n�o h� nenhuma pretens�o do governo de retirar o presidente do Banco Central".
"O presidente da Rep�blica do nosso governo respeita a legisla��o vigente. J� existe a legisla��o da autonomia, tanto faz se concordo ou n�o, a lei esta a� e ser� respeitada", disse.
"Por outro lado, quero dizer que n�o � o governo, n�o � o presidente da Rep�blica, s�o v�rios setores da economia que t�m o direto [de criticar]. Quem senta na cadeira de presidente do Banco Central n�o � superior a nenhum de n�s", afirmou Wagner.
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