Roberto Campos Neto

Comiss�o de Assuntos Econ�micos do Senado aprovou requerimentos convidando o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para explicar taxas de juros

SERGIO LIMA/AFP


O Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) sinalizou na ata de sua �ltima reuni�o, divulgada ontem, que est� inclinado a iniciar um ciclo de cortes na taxa b�sica de juros (Selic), mantida em 13,75% ao ano. A avalia��o predominante entre os membros do colegiado, respons�vel por fixar os juros b�sicos da economia, � de que a continuidade da queda da infla��o e seu impacto sobre as expectativas podem possibilitar uma queda dos juros em sua pr�xima reuni�o, marcada para o inicio de agosto.
 
“A avalia��o predominante foi de que a continua��o do processo desinflacion�rio em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confian�a necess�ria para iniciar um processo parcimonioso de inflex�o [corte de juros] na pr�xima reuni�o”, informou o Banco Central.
 
De acordo com o documento, uma parte do colegiado se mostrou mais cauteloso. Para esses membros, a din�mica desinflacion�ria ainda reflete a desacelera��o dos pre�os de componentes mais vol�teis e que h� d�vida sobre o impacto do aperto monet�rio em curso at� o momento. “Para esse grupo, � necess�rio observar maior reancoragem das expectativas de longo prazo e acumular mais evid�ncias de desinfla��o em componentes mais sens�veis a impactos sazonais”, destacou o comunicado.
 
A autoridade monet�ria afirmou que os membros do comit� foram un�nimes em concordar que os passos futuros da pol�tica monet�ria depender�o da evolu��o da din�mica inflacion�ria. “Em especial dos componentes mais sens�veis � pol�tica monet�ria e � atividade econ�mica, das expectativas de infla��o, em particular as de maior prazo, de suas proje��es de infla��o, do hiato do produto e do balan�o de riscos”, avaliou.
 
O novo relat�rio Copom trouxe um elemento inesperado. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, considerado o principal advers�rio do n�cleo econ�mico do governo Lula, parece ter se posicionado a favor de um indicativo de corte na taxa de juros em agosto, coincidindo com a vis�o do Pal�cio do Planalto.
 
A infer�ncia � baseada em c�lculos. No 19º par�grafo do relat�rio, destaca-se que a “vis�o predominante” do comit� � que a continuidade do processo de desinfla��o pode permitir um come�o na queda dos juros na pr�xima reuni�o. Atualmente, o Copom � composto por oito diretores, e a maioria � formada com uma margem m�nima de 5 a 3 votos.
 
Ap�s a reuni�o do Copom, tr�s diretores se posicionaram publicamente contra o corte de juros. Renato Dias Gomes, diretor de Organiza��o do Sistema Financeiro e Resolu��o, afirmou em entrevista que o Banco Central n�o deve ter pressa para cortar os juros, indicando um prov�vel voto contr�rio. Diogo Guillen, diretor de Pol�tica Econ�mica do BC, alegou que � preciso ter “paci�ncia e serenidade” at� o come�o do processo de redu��o, sugerindo voto contr�rio tamb�m. Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais, afirmou, em entrevista, que “n�o � poss�vel prever quando os juros v�o cair”, o que seria o terceiro voto contr�rio.
 
 
A �nica maneira de formar a maioria no Copom, com base nesses dados, � com Roberto Campos Neto alinhando-se aos outros quatro diretores para formar o placar de 5 a 3, corroborando a chamada “avalia��o predominante” do relat�rio.

SENADO A Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE) do Senado aprovou ontem quatro requerimentos convidando Roberto Campos Neto a explicar � comiss�o os motivos da manuten��o da atual taxa b�sica de juros, a taxa Selic, em 13,75% ao ano. � a segunda vez, neste ano, que Campos Neto � convidado a falar sobre o assunto na Casa. Como � um convite, e n�o uma convoca��o, ele n�o tem obriga��o de comparecer.
 
Dois dias ap�s o Copom manter, pela s�tima vez consecutiva, a atual Selic, o l�der do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), protocolou pedido para ouvir o presidente do BC. “� inaceit�vel que Campos Neto continue sabotando o Brasil e o povo brasileiro com a mais alta taxa de juros reais do mundo. A quem interessa impedir o crescimento econ�mico do nosso pa�s?”, questionou. Randolfe acrescentou que n�o descarta outras medidas contra Campos Neto.
 
 
Na segunda-feira, tamb�m apresentaram requerimentos para ouvir Campos Neto os senadores da oposi��o Pl�nio Val�rio (PSDB-AM), Rog�rio Marinho (PL-RN) e Ciro Nogueira (PP-PI). No pedido, Marinho, que � l�der da oposi��o no Senado, argumentou que o Banco Central j� esclareceu sobre os motivos da atual taxa b�sica de juros. “Mesmo com a recente elucida��o da mat�ria pelo presidente Campos Neto, defendemos o debate da problem�tica, bem como esclarecimentos adicionais que se fizerem necess�rios”, explicou.
 
Na semana passada, a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA) chegou a pedir ao Conselho Monet�rio Nacional (CMN) a exonera��o do presidente do BC “em raz�o do seu comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos da institui��o”. Ontem, a ata do Copom indicou que os juros podem come�ar a cair a partir de agosto. Ao abrir a sess�o da CAE, o presidente da comiss�o, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), comemorou a ata do Banco Central. “Esperamos ent�o que as perspectivas positivas se concretizem e a Selic inicie o esperado processo de redu��o”, afirmou.