Chocolatesem barra e pedaços

Chocolates em barra e peda�os

Pixabay
O cen�rio do mercado brasileiro de chocolates hoje � promissor, tanto em termos de produ��o e exporta��o, quanto de gera��o de empregos. A ind�stria de chocolates responde pela gera��o de cerca de 23 mil empregos diretos, de acordo com dados da Rela��o Anual de Informa��es Sociais (RAIS), relat�rio de informa��es socioecon�micas solicitado pelo Minist�rio do Trabalho e Emprego �s pessoas jur�dicas e outros empregadores anualmente.

Para a Associa��o Brasileira da Ind�stria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), o n�mero evidencia a import�ncia do setor para o mercado de trabalho. A entidade celebra nesta sexta-feira (7) o Dia Mundial do Chocolate.

Levantamento realizado pela Abicab, em parceria com a Consultoria KPMG, revela crescimento de 9,8% na produ��o de chocolates no primeiro trimestre de 2023, em compara��o ao mesmo per�odo do ano passado. O volume atingido foi de 219 mil toneladas. Em 2022, a produ��o chegou a 760 mil toneladas, representando expans�o de 8% em rela��o a 2021.

 

A Abicab analisou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o Brasil � um dos poucos pa�ses que tem toda a cadeia produtiva de chocolates, desde a produ��o de am�ndoas de cacau at� as ind�strias respons�veis pela fabrica��o do produto final. Essa integra��o, segundo a entidade, permite uma produ��o de alta qualidade, apreciada pelo grande consumo nacional e internacional.

Consumo

O consumo de chocolates no Brasil atingiu 3,6 kg/pessoa em 2022, contra 3,2 kg em 2021. A Abicab avaliou que o consumo nacional aumenta a cada ano, por�m ainda existe um grande mercado a ser aproveitado. Os fatores favor�veis para isso s�o o aumento da renda e a diminui��o de desemprego, que ampliam o poder de compra da popula��o.


De acordo com pesquisa da Euromonitor, os pa�ses europeus s�o os que apresentam maior consumo de chocolate. O ranking � liderado pela Est�nia, com 8,5kg/por pessoa, seguido pela Alemanha (8,4 kg), �ustria (8 kg) e Su��a (7,9 kg).


A Abicab informou que os produtos oferecidos pela ind�stria s�o de consumo eventual. “Assim, estimulamos o consumo respons�vel e consciente, sempre no contexto de uma dieta equilibrada, associada a h�bitos alimentares saud�veis e aliada a exerc�cios f�sicos”.

Destacou que as ind�strias investem constantemente em inova��o e est�o empenhadas na melhoria constante de seus processos produtivos e portf�lio para a oferta de produtos de qualidade. “As ind�strias oferecem ampla variedade de produtos de diferentes tamanhos, pequenas por��es e demandas espec�ficas dos consumidores, como zero a��car, diferentes intensidades de cacau, sem lactose”. A Abicab disse manter contato permanente com o Minist�rio da Agricultura, a Comiss�o Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), o Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria, Com�rcio e Servi�os (MDIC), a C�mara do Cacau e outras entidades, “para trabalhar em conjunto em favor da cadeia”.

Exporta��es

Chocolates branco e preto

Chocolates branco e preto

Anete Lusina
A Abicab destacou que o Brasil � reconhecido internacionalmente como produtor de chocolates de qualidade. “Atualmente, nossos produtos chegam a 135 pa�ses, com destaque para Argentina, o Chile e Paraguai”. Os dados s�o do ComexStat.

Em 2022, as exporta��es totalizaram 35,8 mil toneladas, correspondendo a US$ 141,3 milh�es. No primeiro semestre de 2023, j� foram exportadas 17,5 mil toneladas, correspondendo a U$ 71,8 milh�es.

Levantamento do Instituto Kantar, divis�o Worldpanel, feito para a Abicab, aponta crescimento de 16,2% em faturamento para o setor de chocolates em 2022, em compara��o ao ano anterior. De acordo com a associa��o, o principal fator positivo para esse resultado, e que permanece em expans�o ap�s o per�odo da pandemia da covid-19, � o consumo fora de casa, embora tenha sido registrado aumento tamb�m no consumo dentro de casa. As duas modalidades de consumo contribu�ram com incremento no volume e valor arrecadados no per�odo.

Em rela��o aos benef�cios trazidos pelo consumo de chocolates para a sa�de, a Abicab citou o estudo , feito pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), vinculado � Ag�ncia Paulista de Tecnologia dos Agroneg�cios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de S�o Paulo. Com apoio da Abicab, foram analisadas as composi��es e os valores nutricionais de 483 produtos de chocolate, em que foi poss�vel identificar que 99,6% n�o incluem antioxidantes, 98,1% n�o t�m conservantes e 95,2% s�o isentas de corantes.

O estudo comprovou ainda, segundo a Abicab, a presen�a de teores de prote�nas, fibras e polifen�is, al�m dos est�mulos sensoriais capazes de gerar bem-estar. Outras pesquisas destacam o potencial dos chocolates como alimentos provedores de compostos fen�licos, cuja presen�a faz com que o consumo de cacau e derivados mostre rela��o positiva com a sa�de humana.

Am�ndoas da �frica

Os produtores de cacau nacionais que fornecem a mat�ria-prima para as ind�strias sediadas no pa�s s�o contr�rios � importa��o de am�ndoas africanas e alegam que esse produto n�o apresenta quest�es sanit�rias adequadas. Indagada sobre essa quest�o pela Ag�ncia Brasil, a Abicab disse entender que a produ��o nacional de cacau n�o � autossuficiente. “Por esse motivo, � necess�ria a importa��o do produto para atender o consumo do mercado nacional e exporta��o. Desta forma, a ind�stria moageira j� consome todo o cacau  produzido nacionalmente”.

A Abicab explicou que todas as an�lises exigidas por resolu��es dos �rg�os competentes, como o Minist�rio da Agricultura, s�o realizadas para que n�o haja riscos fitossanit�rios � produ��o nacional. “O Mapa � respons�vel por garantir que tanto a importa��o quanto a exporta��o de produtos animais e vegetais ocorram dentro dos crit�rios mais r�gidos, seguindo as legisla��es nacionais e internacionais. E, no cacau, � da mesma forma”, garantiu.

Crise

A presidente da Associa��o Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC), Vanuza Lima Barroso, disse que o mercado do produto est� em crise desde a d�cada de 80, quando as lavouras da Bahia foram dizimadas pela doen�a chamada vassoura de bruxa. “De l� para c�, o mercado de cacau ainda n�o se recuperou”. Ela lembrou que os produtores est�o conseguindo se reerguer sozinhos, sem ajuda de pol�ticas p�blicas. “N�o existe nenhuma pol�tica p�blica direcionada ao cacau”, afirmou.

Segundo Vanuza, o grande problema enfrentado pelos produtores nacionais � a importa��o de am�ndoas “desnecess�ria”, feita pela ind�stria. A entidade luta para conter essa importa��o porque traz risco de pragas e doen�as inexistentes no Brasil e permite � ind�stria “manipular o pre�o das am�ndoas brasileiras”. A entidade pede mudan�a da instru��o normativa que liberou a importa��o do produto africano.

Vanuza informou que a produ��o de cacau est� aumentando no Brasil. N�o h� culturas somente na Bahia, no Par� e Esp�rito Santo, mas em outros estados, como Rond�nia, Roraima, Acre, Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Goi�s, Minas Gerais e S�o Paulo. “Mas a nossa produ��o nunca aumenta, apesar de o IBGE dizer que somos autossustent�veis”. Ela garantiu que o setor n�o tem nenhum incentivo para plantar. “N�s n�o temos previs�o de safra”.

Dados da ANPC relatam que a produ��o nacional foi de 290 mil toneladas no ano passado, atingindo 302 mil toneladas em 2021. Vanuza argumenta que se a produ��o atinge 290 mil toneladas, por que a ind�stria de moagem tem que importar? Disse ainda que o processo do cacau � todo manual, desde o plantio at� a finaliza��o da am�ndoa. Diante desse cen�rio, afirmou que neste Dia Mundial do Chocolate, “n�o h� nada a comemorar”.

Outro lado

A Associa��o Nacional das Ind�strias Processadoras de Cacau (AIPC) lan�ou nesta sexta-feira (7) v�deo comemorativo do Dia Mundial do Chocolate, dentro do projeto Educacau. Criado em mar�o deste ano, o projeto visa a disseminar informa��es sobre diferentes aspectos da cacauicultura, que envolvem desde produtores rurais, t�cnicos, fornecedores de insumos e ind�strias, at� organiza��es sociais e os governos federal e estaduais.

A AIPC tem como associadas, at� o momento, tr�s DAS maiores empresas de alimentos do Brasil e do mundo (Barry Callebaut, Cargill e Olam). Existem outras processadoras menores, mas n�o s�o associadas � entidade. A presidente executiva da AIPC, Anna Paula Losi, informou que a m�dia, nos �ltimos cinco anos, � de 230 mil toneladas de am�ndoas de cacau processadas por ano. Ela estima que, a partir deste ano, o n�mero deve aumentar, porque ser� computado o processamento de algumas empresas de menor porte.

As tr�s companhias associadas � AIPC respondem pelo processamento de cerca de 95% do cacau produzido no Brasil. “No ano passado, recebemos mais ou menos 202 mil toneladas”. As chocolateiras artesanais utilizam cerca de mil toneladas de cacau/ano para fabrica��o de produtos pr�prios.

Ao contr�rio da Associa��o Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC), Anna Paula Losi afirmou que, tirando a previs�o de safra feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) - “dado estimativo", em nenhum outro lugar se tem n�meros que confirmem que a safra chega perto de 290 mil toneladas. "Muito pelo contr�rio”. Segundo a executiva, �rg�os oficiais como o Minist�rio da Agricultura e a Ceplac trabalham com n�mero inferior ao do IBGE. “Isso acontece porque n�o se verifica se a previs�o do IBGE de fato aconteceu por ocasi�o da colheita”, explicou.

Volume

Para Anna Paula, a melhor forma de se ter no��o da produ��o de cacau � o volume comercializado. Ela argumentou que se “no ano passado, foram recebidas mais ou menos 202 mil toneladas e as chocolateiras artesanais utilizam cerca de mil toneladas de cacau/ano, a produ��o em 2022 foi em torno de 215 mil toneladas”. De acordo com a presidente executiva da AIPC, n�o h� nenhum dado que confirme que a produ��o nacional alcan�a perto de 290 mil toneladas.

Para suprir a necessidade, a ind�stria importa cacau de outros pa�ses. Isso se deve porque o Brasil hoje ï¿½ o �nico pa�s da Am�rica do Sul que tem produ��o de derivados de cacau e consegue atender o mercado sul-americano com manteiga de cacau e cacau em p�. Os principais pa�ses compradores de derivados de cacau do Brasil s�o Argentina, Chile, Uruguai, Estados Unidos e Canad�. “O Brasil � um importante 'player’ de derivados de cacau”. Cem por cento do que o pa�s importa s�o para atender o mercado internacional. 

A importa��o depende do cen�rio da safra no pa�s. No ano passado, foram importadas 11 mil toneladas, com uma safra de 200 mil, “muito boa”. J� teve ano, por�m, em que foram importadas 60 mil toneladas. Em 2023, at� agora, foram importadas 30 mil toneladas. O importante, disse Anna Paula, � que tanto a ind�stria moageira, qunto a chocolateira, os governos e outras institui��es de produtores est�o trabalhando em conjunto para que o pa�s volte a ser autossuficiente at� 2030. Ela j� v� uma queda consider�vel na importa��o a partir de 2025, porque “novos projetos est�o entrando e a produtividade est� melhorando”.

A Associa��o Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC) combate a importa��o de am�ndoas de cacau, sobretudo as provenientes da Costa do Marfim, na �frica, porque representariam riscos fitossanit�rios para o Brasil. Anna Paula Losi afirmou, contudo, que os crit�rios para importa��o s�o definidos pelo Minist�rio da Agricultura, ap�s an�lise dos riscos, o que “gera an�lise super criteriosa, inclusive visitando o pa�s produtor e indicando crit�rios que devem ser adotados pela ind�stria daquele local.


Praga

A AIPC est� empenhada, junto com a coaliz�o de produtores e o governo, no combate � monil�ase, a grande praga que traz riscos s�rios para a cacauicultura brasileira, uma vez que tem a capacidade de dizimar a produ��o. O risco apresentado pela monil�ase � muito maior que o da vassoura de bruxa, disse Anna. A praga chegou no Brasil procedente do Equador e do Peru, tem foco no Acre e Amaz�nia “e est� cada vez mais pr�xima da regi�o produtora”. Nos locais onde s�o identificados focos, elimina-se a planta��o e � estabelecida uma �rea de cuidado. Pessoas que procedem de �reas contaminadas t�m que passar por quarentena e os equipamentos por elas usados, como celulares e computadores, passam por processo de desinfec��o.

Anna Paula informou que a ind�stria importa am�ndoas secas e fermentadas, que t�m pr�-beneficiamento. Isso significa que o produto n�o vem . Relat�rio do Minist�rio da Agricultura indica que os riscos s�o minimizados pelos procedimentos adotados na Costa do Marfim e pela ind�stria, seguindo a legisla��o nacional e internacional. Em rela��o aos riscos fitossanit�rios, de acordo com a entidade, “o Minist�rio da Agricultura j� emitiu nota t�cnica informando que o risco � muito baixo para as pragas  (planta daninha) e  (fungo) e, portanto, n�o justifica a regulamenta��o. Assegura tamb�m que, at� o momento, n�o houve registro de intercepta��o dessas pragas nas importa��es da Costa do Marfim.


Por ser produzido na floresta amaz�nica e na Mata Atl�ntica, conservando os dois biomas, o cacau brasileiro pode ser considerado o mais sustent�vel do mundo. “E se a gente conseguir ter volume para atender o mercado interno e volume para exportar, o nosso cacau vai ser disputado pelo mundo inteiro, porque � diferenciado”, afirmou Anna Paula Losi. Para 2023, a expectativa da AIPC � que a moagem ficar� entre 230 mil toneladas e 235 mil. Para a produ��o, a previs�o � de que n�o vai superar o resultado de 2022, “que foi uma safra muito boa”.