A diminui��o na taxa de empresas inadimplentes em pelo menos um item � um sinal de que as empresas est�o gerenciando suas d�vidas de forma mais eficaz
Minervino J�nior/CB/D.A.Press
A perspectiva de redu��o da taxa b�sica da economia (Selic) e de aumento de investimentos em infraestrutura tem deixado os representantes das micro e pequenas ind�strias mais otimistas em rela��o ao futuro.
Cerca de 37% est�o mais otimistas diante da expectativa de nova queda nos juros ap�s o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), do Banco Central, ter iniciado a redu��o da Selic na �ltima reuni�o, realizada em agosto, em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano.
"Se a taxa de juros continuar na trajet�ria de queda no pr�ximo Copom, e de uma forma um pouco mais agressiva do que atualmente, isso, fortemente, trar� aumento no consumo", afirmou o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Ind�stria de S�o Paulo (Simpi), Joseph Couri, em entrevista ao Correio, se revelando "pessoalmente otimista".
Segundo o executivo, os dados da pesquisa "Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Ind�stria", referentes aos meses de junho e julho, cerca de 37% dos empres�rios esperam melhora na conjuntura econ�mica devido tamb�m aos avan�os das pautas econ�micas no Congresso, como o novo arcabou�o fiscal e a reforma tribut�ria. No bimestre anterior, esse percentual era de 32%, o menor patamar do ano. Ele lembrou que a taxa de inadimpl�ncia caiu de 42%, entre abril e maio, para 35% — mesmo patamar de outubro e novembro de 2023 e terceiro menor da s�rie dos �ltimos 12 meses, conforme levantamento realizado pelo Instituto Datafolha.
A queda desse indicador � um sinal de que as empresas est�o gerenciando suas d�vidas de forma mais eficaz, mas, de acordo com Couri, o cr�dito ainda continua escasso e a taxas de juros "extremamente proibitivas". "O BC deu in�cio a uma trajet�ria de queda dos juros que vai ser longa e n�o vai se refletir neste ano para as micro e pequenas ind�strias. Por enquanto, nada mudou", declarou.
Pesquisa
Conforme dados da pesquisa que ouviu 702 micro e pequenas ind�strias espalhadas pelo pa�s, a taxa de empresas que deixaram de pagar pelo menos um item (fornecedores, d�vidas com bancos, despesas gerais, impostos ou contas de consumo) caiu de 25% para 23%, entre os meses de abril e maio e junho e julho. Enquanto isso, a fatia de d�vidas relacionadas a impostos, tributos e taxas recuou de 29% para 21%.
"Esses dados apontam para uma recupera��o econ�mica no setor de micro e pequenas ind�strias. A redu��o na taxa de inadimpl�ncia indica uma gest�o financeira mais s�lida, enquanto a diminui��o nas faixas de inadimpl�ncia no faturamento demonstra maior estabilidade nas empresas", indica o estudo.
A diminui��o na taxa de empresas inadimplentes em pelo menos um item � um sinal de que as empresas est�o gerenciando suas d�vidas de forma mais eficaz. Al�m disso, a redu��o das d�vidas relacionadas a impostos e taxas � um al�vio para o comprometimento financeiro das empresas com o governo.
Na avalia��o do empres�rio, se n�o houver mais sobressaltos no setor externo, "a conjuntura internacional poder� contribuir para uma melhora do cen�rio", pois o programa de renegocia��o de d�vidas do governo federal, o Desenrola, � importante para tirar os endividados do negativo, mas isso n�o quer dizer que o sistema financeiro tradicional vai voltar a dar cr�dito para essas pessoas. "Os grandes bancos continuar�o sendo eletivos, mas as fintechs poder�o oferecer mais cr�dito e isso trar� incentivo ao consumo. Acreditamos que o Desenrola tem um papel importante como sinalizador de que haver� outras formas para estimular um c�rculo virtuoso de crescimento, que � o que desejamos. Porque, se isso n�o ocorrer, n�o haver� emprego, nem arrecada��o tribut�ria", disse.
Couri reconheceu que a meta de deficit prim�rio zero no pr�ximo ano, prevista no novo arcabou�o fiscal, ser� um "desafio gigantesco", porque o governo precisar� equilibrar as contas p�blicas de uma forma "extremamente agressiva", mas, mesmo assim, admitiu que faz uma an�lise mais otimista sobre o quadro fiscal. "Temos que olhar para tr�s e ver que, quando o ministro Fernando Haddad (da Fazenda), come�ou a falar na reforma tribut�ria, ningu�m acreditava na negocia��o com o Congresso. Hoje, eu diria que a maioria da popula��o, das empresas e da sociedade acredita que essa reforma vai sair", ponderou.
O empres�rio � um dos integrantes do Conselh�o, reativado pelo novo governo, ao lado de 240 integrantes, e torce para que os investimentos previstos no novo Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) se concretizem. "Os an�ncios do PAC preveem fortes investimentos em infraestrutura. Al�m disso, se o governo conseguir avan�ar nos projetos do mercado de cr�dito de carbono, ser� um passo forte para o pa�s e uma nova avenida de recursos financeiros para a manuten��o de florestas. Isso � maravilhoso", disse. Segundo ele, o governo federal tem ouvido atentamente as demandas dos empres�rios e integrantes da sociedade civil no �mbito do Conselh�o. "E os governos estaduais tamb�m est�o tomando medidas fortes para atrair investimentos, o que s�o medidas que aquecem diretamente a economia", acrescentou.
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