
Inovar nem sempre significa aplicar novas ferramentas tecnol�gicas em sala de aula. Alguns especialistas em educa��o defendem decupar a palavra inova��o em “nova a��o”. Em vez de tentar gravar videoaulas para atender pedidos dos alunos ou tirar d�vidas on-line pela internet, o professor poder� lan�ar m�o de artif�cios criativos para ensinar, como � o caso das massinhas de modelar e de aulas de teatro bem originais. Com a proposta “Aqui a gente faz assim! Anima��o vai � sala de aula”, a professora Ana Paula Bossler se uniu a Pedro Caldeira e a Daniela Franco Carvalho para jogar holofotes no cen�rio nacional sobre a relativamente nova Universidade Federal do Tri�ngulo Mineiro (UFTM), fundada h� 10 anos em Uberaba, na regi�o de mesmo nome. O trabalho feito em equipe foi dedicado a todos os professores que pensam a sala de aula sem abrir m�o da ALEGRIA (escrito assim, com todas as letras mai�sculas).
A equipe atingiu o primeiro lugar da 5ª edi��o do Pr�mio Professor Rubens Murillo Marques, que agracia os melhores e mais inovadores projetos para o ensino de licenciatura do Brasil, como divulgado na semana passada pela Funda��o Carlos Chagas. O segundo lugar nacional coube a Marina Marcondes Machado, do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Al�m disso, mais duas professoras receberam men��o honrosa, sendo uma da Universidade de S�o Paulo (USP) e outra da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

De acordo com o livreto, as anima��es podem ser um eficaz ant�doto contra a falta de interesse dos alunos. Usar massinhas de modelar para fazer anima��es de fen�menos ou processos cient�ficos � p�r a faca e o queijo nas m�os dos alunos, transformando-os em autores de sua aprendizagem. “Isso acontece at� mesmo com os professores. Ao reproduzir o passo a passo da germina��o do feij�o, algo que todos n�s achamos que sabemos de cor, eles come�am a perceber que faltam informa��es. Poucos sabem que o pontinho existente no centro da semente equivale ao umbigo do feij�o, lugar onde ele estava pregado na vagem originalmente”, explica a bi�loga Ana Paula Bossler, que ensina futuros professores a fazer anima��es usando a t�cnica do stop motion, com temas como o ciclo das borboletas.
Segundo a professora, � poss�vel fazer at� quatro anima��es em quatro horas, em m�dia, trabalhando com um grupo de 20 alunos. Al�m de trabalhar desde 2004 com oficinas de anima��o em massinhas de modelar, Ana Paula Bossler aplicou na pr�tica sua experi�ncia anterior como professora de cegos no Instituto S�o Rafael, em Belo Horizonte. “Enquanto, literalmente, colocam a m�o na massa, os alunos d�o materialidade ao que j� sabem e ao que n�o sabem do conte�do da mat�ria, mas sem ter um peso ruim porque a atividade � prazerosa. No entanto, o aluno est� mais aprendendo do que brincando. Em outras palavras, ele aprende a ver com as m�os, como os cegos”, completa.
“Dramaturgias m�ltiplas e as culturas da inf�ncia e juventude: cria��o nos modos de aprender e ensinar na Licenciatura em Teatro” � o nome do projeto vencedor da professora Marina Marcondes Machado, de 54 anos, do laborat�rio de pr�ticas teatrais dramat�rgicas da UFMG. “Em vez de ler dramaturgia em escolas tradicionais, abri um workshop de criatividade, em que o aluno inventa pequenas cenas a partir de hist�rias em quadrinhos ou cenas do cotidiano, como, por exemplo, uma crian�a passeando no Move”, detalha a professora, que criou um prot�tipo de 13 miniaulas decompostas ao longo de tr�s semestres.
Com trajet�ria acad�mica diferenciada, que inclui gradua��o em teatro, aulas do tema para crian�as e jovens durante 16 anos, al�m de uma passagem pela Casa dos Ventos, Machado prop�e a desconstru��o do modelo arcaico dos teatrinhos ainda adotados na maioria das escolas. Ao sair para o mercado de trabalho tradicional, por�m, esses professores formados com mentes inovadoras enfrentam resist�ncia em muitos col�gios das redes p�blica e particular de ensino. “Sinto que existe um estere�tipo de inf�ncia e de teatro infantil que est� parado no tempo h� 100 anos. O diretor quer a pe�a de fim de ano e o pai quer tirar fotos das apresenta��es do filho. Poucos prestam aten��o se a situa��o � vexat�ria para a crian�a ou se o figurino pinica”, critica a professora premiada, sugerindo que as aulas de artes nas escolas possam recriar os quintais de antigamente. “Ensino meus alunos, que v�o ser futuros professores de teatro, a trabalhar com as culturas da inf�ncia, como a brincadeira de el�stico e o pega-pega”, completa. Mais informa��es no blog www.agachamento.com.
Congresso estimula novas metodologias
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) promover� o I Congresso de Inova��o e Metodologias de Ensino, de quarta a sexta-feira. Os interessados podem se inscrever at� ter�a-feira no site da Fundep. Ser�o ofertadas 16 oficinas que prop�em novas formas de abordar o conte�do na sala de aula. Os objetivos s�o proporcionar a socializa��o de pr�ticas pedag�gicas inovadoras no ensino de gradua��o, promover a forma��o inicial e permanente do professor do ensino superior e proporcionar discuss�es sobre os diferentes pap�is dos sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem e tamb�m fomentar o protagonismo dos estudantes.
Na oficina Encontre sua Dan�a, ser�o exploradas as potencialidades do corpo, do movimento, da expressividade e da criatividade na produ��o do conhecimento. Em outra oficina, ser�o apresentadas as atividades do Projeto Redigir, da Faculdade de Letras da UFMG. As a��es do projeto s�o voltadas para a forma��o de professores de l�ngua portuguesa. Na oficina Mapa Conceitual ser� apresentado conjunto de ferramentas pedag�gicas inovadoras. Desenvolvido por Josef Novak e colaboradores, o mapa pode ser usado como instrumento de diagn�stico, constru��o e avalia��o do conhecimento.
Oficina Estrat�gias de Ensinagem � destinada a quem tem interesse na doc�ncia do ensino superior. Ser� um espa�o de troca de experi�ncias, de discuss�o do perfil do professor do s�culo XXI, bem como de apresenta��o de diversas estrat�gias de
Na oficina Forma��o de Redes e Constru��o do Conhecimento, os professores ter�o a oportunidade de pensar a pr�tica docente, e, principalmente, o uso das tecnologias digitais na educa��o para al�m da perspectiva meramente pedag�gica. Ainda � poss�vel participar de oficinas de t�cnicas de cuidados e proje��o da voz, de utiliza��o de origami na educa��o e de organiza��o pessoal. Mais informa��es podem ser obtidas www.ufmg.br/giz/congresso.

Alexandre Gobbo, instrutor de treinamento comportamental e professor de ci�ncias com especializa��o em marketing educacional
A maioria dos educadores busca seguir determinados padr�es dentro de sala. Eu acredito que, se o professor encontrar t�cnicas pedag�gicas adequadas a seu perfil, as aulas v�o correr de maneira mais tranquila e motivadora. Um exemplo claro � o Pachec�o, que sempre gostou de m�sica e, por isso, conseguiu emplacar dar aulas inusitadas ao ensinar f�rmulas de f�sica por interm�dio de jingles. Nem todo professor tem essa compet�ncia. Um professor que seja carism�tico e tenha facilidade de contar piadas pode usar a brincadeira para tornar a aula muito mais agrad�vel. Se ele n�o tem esse talento, por�m, vai se sentir mal, como se fosse um palha�o dentro de sala. Para aquele que n�o t�m o dom�nio das t�cnicas de grupo, o melhor caminho seria trabalhar com as individualidades dos alunos. Neste sentido, acredito que o segredo est� no autoconhecimento das potencialidades e em aprender a explorar isso como fator diferencial na sua aula.