
�s v�speras do Enem, n�o � raro encontrar jovens com conte�do estudado, mas ainda em d�vida com a raz�o da exist�ncia do Exame Nacional do Ensino M�dio: a forma��o profissional. Muitos ainda n�o sabem sua �rea de interesse exatamente, porque a conclus�o do ensino m�dio representa n�o somente o fim de uma etapa acad�mica, mas tamb�m a defini��o da carreira. “Cada vez mais, o jovem, absorvido por tantas demandas, sabe muito do mundo exterior e pouco de si mesmo”, alerta a coach Maria Ant�nia Oliveira, do Centro de Orienta��o Profissional. Dificilmente, esses momentos – ir bem na prova e escolher para que isso servir� – v�o se separar, mas � poss�vel torn�-los menos angustiantes. Fam�lia e escola t�m papel essencial, mas nada adianta se o futuro profissional n�o se voltar para si mesmo antes.
Mas como? Segundo Delba Barros, professora do Departamento de Psicologia e Coordenadora do Programa de Orienta��o Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (POP/UFMG), as pessoas ainda imaginam que o processo � fundamentado em testes, apesar de a caracter�stica mais importante da orienta��o profissional atual ser proporcionar, acompanhar e ajudar o estudante a refletir. “Ele precisa pensar quem ele �, do que ele gosta, quais s�o de fato seus interesses e suas habilidades, como � sua personalidade, o que lhe chama aten��o de forma particular”, sugere Delba, para s� depois conhecer tamb�m as �reas pelas quais se despertou, o mundo de trabalho onde se imagina. “N�o d� para pensar o externo sem antes ter um bom referencial do interno. A boa escolha � um casamento harmonioso desses dois lados”, defende.
CLAREZA Helena Luttembarck, de 17 anos, acaba de passar por esse processo e de decidir ser publicit�ria. A escolha foi acompanhada de perto pelos pais e guiada por uma especialista. “Sempre fui indecisa nesse aspecto. J� pensei em fazer praticamente todos os cursos que se podem imaginar. Meses atr�s, n�o sabia, por exemplo, se seria humanas ou exatas. Sempre que pensava em seguir uma carreira, vinha a certeza de que era aquilo que queria fazer, at� chegar a semana seguinte e ter clareza de que era outra coisa”, brinca a estudante, um exemplo do que se passa na vida de jovens frente a essa decis�o. Com o coaching, ela percebeu que poderia usar suas habilidades e interesses em sua futura profiss�o. “Sou criativa, ent�o, uma carreira que use isso aumenta minhas chances de ser bem-sucedida e de gostar do que fa�o”, acredita Helena.
Visitar uma ag�ncia de publicidade e perceber um pouco da rotina desses profissionais foi uma das etapas. Para Maria Ant�nia, que acredita que a assertividade depende de qu�o profundo foi o processo de se conhecer, � por esse motivo que os testes vocacionais s�o importantes, desde que incorporados a conversas, busca de conhecimento do jovem e pesquisa de profiss�es. No coaching de profiss�o, com o qual trabalha, s�o combinados testes e t�cnicas de orienta��o profissional e da psicologia positiva, al�m de viv�ncias de autoconhecimento e de programa��o neurolingu�stica. Mas t�o importante quanto � o processo em que o jovem parte para a pesquisa da grade curricular das profiss�es de afinidade, a conversa com profissionais das �reas, a busca pelas informa��es necess�rias para escolher a profiss�o com aquilo que descobriu sobre si mesmo.

Mudan�a de planos
A d�vida era entre rela��es internacionais e direito, mas prestes a encerrar seu processo de orienta��o profissional, conduzido por uma psic�loga, Maria Vit�ria Arantes Maz�o, de 17 anos, aluna do Pit�goras Cidade Jardim, deve mesmo fazer � jornalismo. Isso reflete uma realidade que Beatriz Vilas Boas Marprates, orientadora educacional do ensino m�dio no col�gio, v� todos os anos. Segundo ela, h� pelo menos tr�s tipos de alunos: os certos do que querem, aqueles em d�vida entre um curso e outro e aqueles muito indecisos. Para os dois �ltimos, passar por um processo de orienta��o � essencial, mas a especialista acredita que o processo seja importante at� para aqueles que n�o julgam ter d�vidas. Porque eles n�o experimentaram ainda um processo de autoconhecimento, e nele tudo pode mudar.
Maria Vit�ria percebeu que a escolha por rela��es internacionais era uma influ�ncia da irm�, que faz o curso. “Quando vi a grade, percebi que n�o tinha nada a ver comigo. E a� me assustei, porque era algo praticamente claro at� ent�o”, conta Vit�ria. A fam�lia pode colaborar ou atrapalhar muito o processo, principalmente quando pressiona seus jovens a seguir a carreira que ela escolheu para eles. A pedagoga M�nica Lima, m�e de Helena, esteve ao lado da filha durante suas d�vidas, at� a decis�o pela publicidade. “N�o � a profiss�o que queria, mas confio muito no talento dela. N�o adianta ela fazer o que n�o quer e depois n�o se realizar. O papel dos pais � orientar e ajudar, ponderar sobre os pr�s e contras, mas nunca pressionar. � um momento de muita ansiedade para eles. Achei bem sofrido.”
ACOLHIDA Estudiosa das tend�ncias em orienta��o profissional, a professora da UFMG Delba Barros chama a aten��o para habilidades comuns na fam�lia, que, por isso mesmo, podem passar despercebidas. “�s vezes, todos s�o t�o organizados que o jovem nem percebe que aquela � uma habilidade que o diferencia.” A especialista tamb�m preocupa-se com o foco exacerbado das escolas no conte�do, que pode afast�-las de um papel essencial de fomentar o processo reflexivo desde o in�cio da forma��o. Os professores, nos quais os alunos se espelham, devem estar atentos. “� escola caberia promover discuss�es e conversas sobre o mundo das ocupa��es”, sugere. Beatriz defende acolhida a esse jovem, pois � na escola que ele vive toda a press�o do �ltimo ano, a expectativa pelo Enem. (CC)