
Em medicina, a diferen�a da nota de corte da ampla concorr�ncia com a dos cotistas foi de 60 pontos. A pontua��o mais baixa foi dos alunos da modalidade 1 (os que cursaram o ensino m�dio integralmente em escola p�blica e se declararem negros, pardos ou ind�genas, com renda familiar mensal de at� 1,5 sal�rio m�nimo per capita). O curso teve a maior nota m�nima de toda a UFMG – foram necess�rios 811,7 pontos para garantir uma cadeira na modalidade ampla concorr�ncia. � dele tamb�m o primeiro lugar geral da institui��o, com 857,64 pontos. Em ci�ncias econ�micas, a diferen�a foi de quase 100 pontos. Enquanto pela ampla concorr�ncia o m�nimo foi de 769,66 pontos, na modalidade 1 foi preciso pelo menos 679,1 para ser aprovado.
O pr�-reitor de Gradua��o da UFMG, Ricardo Takahashi, pondera que a diferen�a entre notas de corte de cotistas e n�o-cotistas varia entre 5% e 10%. “Trata-se de uma diferen�a pequena na nota de ingresso, que n�o vem se traduzindo em diferen�a de desempenho”, afirma. Ele ressalta que, at� o momento, estudos feitos pela institui��o n�o mostram qualquer distin��o no desempenho acad�mico de alunos que entraram por uma modalidade ou outra durante os quatro ou cinco anos de faculdade.
Em anos anteriores, os cotistas tiveram desempenho igual ou superior ao dos candidatos da ampla concorr�ncia no ingresso para v�rios cursos. A pol�tica de cotas ampliava a chance dos estudantes de escola p�blica em cursos tradicionais e muito concorridos, como medicina, direito, arquitetura e urbanismo e comunica��o social. Mas, em outros houve notas bem altas, mostrando que esses alunos passariam independentemente de a��o afirmativa. No primeiro ano, por exemplo, a nota de corte deles superou o dos alunos que entraram pela ampla concorr�ncia em f�sica (diurno), enfermagem e ci�ncia da computa��o.
Na sele��o deste ano, os cotistas s� superaram os demais concorrentes em duas modalidades de dois cursos. A nota m�xima de biblioteconomia foi de cotista da modalidade 4 (alunos que cursaram o ensino m�dio integralmente em escola p�blica e que tenham renda familiar mensal superior a 1,5 sal�rio m�nimo per capita): 741,96. Na ampla concorr�ncia, a maior nota foi 721,24. Em sistemas de informa��o, a maior nota tamb�m foi na modalidade 4: 784,50 – a nota m�xima de quem n�o entrou pela pol�tica de cotas foi 772,10.
Gerente pedag�gico do site Descomplica, um curso on-line de prepara��o para o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), Maur�cio Martins concorda. De acordo com ele, quando a nota das cotas � maior que a da ampla concorr�ncia, a a��o afirmativa n�o est� atendendo o objetivo para o qual foi criada, de possibilitar a inser��o no ensino superior de quem n�o teve acesso � melhor forma��o. “A defini��o das cotas � diminuir as distor��es, aumentando a possibilidade dos alunos que n�o conseguem concorrer nas mesmas condi��es”, diz. Ele afirma que n�o conhece quaisquer outros casos de cotistas que t�m desempenho melhor que os demais candidatos. “A m�dia de quem usa o benef�cio � infinitamente menor para entrar em outras universidades”, relata.
Disputa mais acirrada
A explos�o da pontua��o necess�ria para entrar na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) � um dos pontos que chamam a aten��o na edi��o 2017 do Sistema de Sele��o Unificada (Sisu). Em 2013, quando a Federal ainda adotava o vestibular, a menor nota dos cotistas em medicina, por exemplo, foi 709,04 e dos n�o-cotistas, 685,3. No Sisu 2016, o m�nimo necess�rio para se tornar calouro j� havia saltado de 750,02 para quem usa a a��o afirmativa e 805,74 para os outros estudantes. Em 2017, a nota de corte aumentou 1,6 ponto e seis pontos, respectivamente. O pr�-reitor de Gradua��o da UFMG, Ricardo Takahashi, destaca que o aumento em rela��o a 2013 ocorreu instantaneamente j� em 2014, quando a UFMG aderiu ao Sisu, fazendo o n�mero de inscri��es praticamente triplicar em rela��o ao ano anterior. No mesmo per�odo, o m�nimo em matem�tica saltou 79 pontos entre cotistas e praticamente 44 entre os candidatos da ampla concorr�ncia.
Segundo Takahashi, se por um lado o aumento do n�mero de candidatos, por si, j� eleva a concorr�ncia e as notas de corte, por outro, o fato de os candidatos j� saberem de antem�o suas notas permite visualizar “uma pr�via” da nota de corte que ser� necess�ria para ingressar em cada curso.

NOSSA HIST�RIA
Vestibular na arquibancada
A UFMG foi a universidade mais concorrida do pa�s nesta primeira edi��o do Sisu, com 171.825 inscri��es para as 6.279 vagas nos cursos de gradua��o. A disputa explodiu depois que a Federal aderiu ao Sistema de Sele��o Unificada. Em 2013, �ltimo ano do tradicional vestibular na institui��o, o processo seletivo reunia cerca de 80 mil estudantes. Por um n�mero menor, at� o est�dio do Mineir�o foi usado para aplica��o das provas, como registrado nesta foto da d�cada de 1970, do acervo do Estado de Minas. A carteira escolar era a arquibancada, com o n�mero do candidato marcado no cimento; a mesa, uma prancheta de compensado. De 1970 a 1977, durante a ditadura militar, o vestibular era feito no Gigante da Pampulha, cuja capacidade para mais de 100 mil torcedores at� o in�cio dos anos 2000 foi reduzida para 62 mil depois da reforma. Fosse nos dias atuais, seriam necess�rios quase tr�s est�dios para acomodar tantos candidatos a uma vaga na maior universidade de Minas.