
Algumas das principais cidades hist�ricas mineiras enfrentam com a temporada de chuvas um desafio ainda maior que os demais n�cleos urbanos castigados por enchentes e deslizamentos. Com topografia acidentada, infraestrutura modesta, casario e monumentos fr�geis, castigados pelos rigores do clima h� s�culos, cidades como Ouro Preto e Mariana, na Regi�o Central, e Sabar�, na Grande BH, tentam se reerguer com a miss�o de proteger o patrim�nio e recuperar bens atingidos pelos temporais ou que j� precisavam de reformas antes mesmo da esta��o das �guas, al�m de resgatar uma de suas principais fontes de receita: o turismo. A extens�o da tarefa em Ouro Preto e Mariana come�ou a ser medida no fim de semana, em um trabalho do CPRM – Servi�o Geol�gico do Brasil, ligado ao Minist�rio das Minas e Energia, que se estender� por todas as regi�es do estado afetadas.
As duas joias do barroco mineiro foram as primeiras cidades do estado, ao lado de Al�m Para�ba, na Zona da Mata, a receber uma for�a-tarefa formada por ge�grafos, hidr�logos e ge�logos que come�aram o levantamento para que sejam conhecidos onde est�o e qual � a extens�o dos riscos geol�gicos nos munic�pios. As avalia��es foram determinadas no in�cio da semana passada pela presidente Dilma Rousseff, e v�o contemplar tamb�m Rio de Janeiro e Esp�rito Santo.
Mas cidades que ficaram fora da rota do grupo, como Sabar�, tamb�m esperam socorro do governo federal. Nesse caso, socorro traduzido sob a forma dos R$ 30 milh�es prometidos para o munic�pio pelo chamado PAC das Cidades Hist�ricas, dinheiro que a prefeitura aguarda desde o ano passado. Uma verba indispens�vel para sanar problemas como goteiras e infiltra��es em igrejas seculares, agravados durante as �ltimas chuvas. O programa tem promessa de investir R$ 254 milh�es na recupera��o e valoriza��o do patrim�nio de 20 munic�pios mineiros, mas, passado mais de um ano e meio do an�ncio, quase ningu�m viu a cor do dinheiro.
Recursos para recuperar o patrim�nio s�o aguardados tamb�m em Mariana, onde parte do cemit�rio ao lado da Igreja do Ros�rio, de meados do s�culo 18, desmoronou. Para evitar um dano ainda maior, foi preciso p�r uma lona para cobrir tr�s t�mulos e um parte da encosta. No Centro Hist�rico, tapumes s�o o paliativo para amenizar os problemas na Igreja de S�o Francisco de Assis, tamb�m do s�culo 18, onde parte do muro de adobe caiu no m�s passado.

Sob risco
Em Ouro Preto, as chuvas n�o comprometeram diretamente o Centro Hist�rico, mas casar�es est�o amea�ados por encostas que podem ruir. A equipe do Servi�o Geol�gico do Brasil j� havia feito levantamentos na cidade em dezembro, quando identificou 28 setores de risco alto e muito alto, que amea�am 2,5 mil pessoas. Depois da trag�dia que matou dois taxistas, quando a rodovi�ria na entrada da cidade hist�rica foi soterrada, uma equipe retornou para analisar a situa��o e saber se houve mudan�a no grau de risco.
Alguns integrantes, como o presidente e o diretor da CPRM, que vieram de Bras�lia, puderam verificar apenas a situa��o do terminal, porque ningu�m da prefeitura apareceu para acompanh�-los �s �reas castigadas pelas chuvas no s�bado pela manh�.
A encosta que desmoronou estava em uma das regi�es consideradas mais perigosas. O diretor-presidente do CPRM, Manoel Barretto, afirma que, por enquanto, n�o � poss�vel definir uma solu��o para o problema. “Desmoronamentos pequenos ao longo de todo o morro indicam desestabiliza��o. Ser�o necess�rios estudos geot�cnicos para se saber que tipo de obra deve ser feita”, disse.
O diretor de Hidrologia e Gest�o Territorial, Thales de Queiroz Sampaio, ressaltou que uma �rea de alto risco pode ter a amea�a de dano reduzida se houver obras. “Fazemos um trabalho de an�lise e tamb�m a recomenda��o do que pode ser feito”, disse. Barretto chamou a aten��o para a ocupa��o do local: “Foi determinada a retirada de todos que moram no entorno, mas parou de chover e v�rias pessoas voltaram para as casas condenadas, e isso � muito perigoso”.