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Estado de Minas

Mineiros que largaram o crack retomam rotina e lutam para afastar o perigo da reca�da

Conhe�a Carlos, que deu um passo para a liberdade sem o uso da droga


postado em 14/08/2013 06:00 / atualizado em 24/08/2015 08:09

O caminho de Carlos até a recuperação: em fevereiro, o trabalho de assar pães na comunidade terapêutica, em Ravena, ajudou a ocupar a cabeça e a esquecer o crack(foto: ramon lisboa/em/d.a press - 7/2/13)
O caminho de Carlos at� a recupera��o: em fevereiro, o trabalho de assar p�es na comunidade terap�utica, em Ravena, ajudou a ocupar a cabe�a e a esquecer o crack (foto: ramon lisboa/em/d.a press - 7/2/13)
Faz tr�s meses que Carlos �ngelo Becalli, de 27 anos, est� “limpo”. N�o foi f�cil. Viciado em crack desde os 19, trilhou caminho de alto risco que culminou com uma interna��o em uma comunidade terap�utica de Ravena, na Grande BH. No pior momento, Carlos frequentou por um ano bocas de fumo perto da Pedreira Prado Lopes, maior ponto de distribui��o da droga na capital mineira, e chegou a presenciar o assassinato de um usu�rio por um traficante. As coisas melhoraram. Depois de seis meses em tratamento, voltou para casa e j� conseguiu um emprego. Mas n�o baixa a guarda: est� em abstin�ncia total. “Se beber meio copo de cerveja, � certo que vou parar no crack”, diz. Na terceira e �ltima reportagem da s�rie sobre a trajet�ria de usu�rios da pedra, conhe�a a hist�ria de Carlos e outros dois mineiros que conseguiram largar o crack e lutam como podem para ficar longe dele.


O CRACK COMO ELE �: confira todas as reportagens da s�rie especial

 

“O que aconteceu comigo foi uma transforma��o”, diz Carlos, sorrindo. � o dia seguinte � sa�da do rapaz do s�tio em Ravena, distrito de Sabar�, na Grande BH, no qual ficou seis meses internado. A apar�ncia est� bem cuidada. O primeiro compromisso marcado � uma visita a uma ag�ncia de empregos no Centro de Belo Horizonte. Antes, passa na porta da escola onde a m�e trabalha. A faxineira Maria de F�tima Becalli, de 54, abra�a o filho com for�a. “A melhora dele foi muito grande”, constata. “Sonho que ele conquiste tudo de bom. Daqui para a frente � trabalhar.”

H�, sim, muito trabalho pela frente para Carlos. O emprego ele j� tem: � seguran�a de um supermercado no Bairro Tupi, tamb�m na Regi�o Norte. O desafio maior � manter a conquista do longo per�odo de tratamento. Precisa ficar longe do crack. “Ainda prefiro ficar na retranca. Se voc� pensa que est� forte demais, acaba caindo”, reconhece. Para reduzir riscos, ele decidiu adotar a abstin�ncia total. N�o toma bebidas alco�licas nem fuma cigarros.

Os cuidados s�o necess�rios. Antes de se tratar, Carlos “consumia crack compulsivamente”, nas palavras dele. O hoje seguran�a come�ou a fumar a pedra aos 19 anos, mas j� tinha problemas com outras drogas. Come�ou a beber aos 12. O v�cio em crack se tornou pior em 2011. Durante um ano, ele praticamente morou na Pedreira Prado Lopes. L�, fumava em qualquer lugar. Entrava em longas filas para comprar a pedra.

Mineiros que largaram a pedra retomam rotina e lutam para afastar o perigo da recaída(foto: paulo filgueiras/em/d.a press - 22/5/13)
Mineiros que largaram a pedra retomam rotina e lutam para afastar o perigo da reca�da (foto: paulo filgueiras/em/d.a press - 22/5/13)
Numa dessas tentativas de conseguir a droga, viveu um trauma. Enquanto aguardava a vez, outro usu�rio foi reconhecido por traficantes como respons�vel por pequenos roubos na regi�o. “O traficante segurou uma pistola autom�tica e perguntou se o cara queria levar um tiro na m�o ou no peito. Como n�o respondeu, o bandido disse que seria no peito, mas o homem levantou e o tiro acabou arrancando a m�o dele”, lembra. Na segunda vez em que ele presenciou um acerto de contas, um traficante assassinou um usu�rio na frente de v�rias pessoas. “Ele tinha roubado uma certa quantidade de crack e tomou dois tiros”, lembra.

Carlos atribui parte dos problemas que viveu a desarranjos familiares – ele n�o se dava bem com o padrasto. A experi�ncia com crack, conta, ocorreu depois de uma desilus�o amorosa. O rapaz diz que entre 2011 e 2012 a Pedreira Prado Lopes se tornou ambiente para esquecer problemas, mesmo com tantos riscos. “Se voc� estivesse dentro do beco, corria muito perigo. Eles (traficantes) atiravam sem se preocupar em quem acertar.”

O tratamento a que Carlos se submeteu no Centro de Recupera��o de Dependentes Qu�micos (Credeq), em Ravena, come�ou em novembro do ano passado. Em todas as ocasi�es em que a reportagem do EM esteve no s�tio, ele parecia reagir bem. “Os dois primeiros meses foram os mais dif�ceis”, lembra. Uma das coisas que o ajudaram a esquecer o crack foi trabalhar na unidade de recupera��o. Ele conta que se apaixonou pelo of�cio de padeiro. � medida que o tratamento avan�ava, a perspectiva de voltar ao conv�vio social era o que animava Carlos. “N�o virei santo. O ser humano est� sujeito a falhas, mas com certeza vejo melhoras. Antes, posso dizer que respirava por aparelhos. Hoje, j� consigo respirar por minha conta”, disse, em mar�o, quando j� havia completado quatro meses de interna��o.

Faz três meses que Carlos Ângelo Becalli, de 27 anos, está
Faz tr�s meses que Carlos �ngelo Becalli, de 27 anos, est� "limpo". N�o foi f�cil (foto: jair amaral/em/d.a press - 23/5/13)
O dia 22 de maio ficar� marcado na mem�ria de Carlos. A sa�da da comunidade terap�utica � comparada por ele a um novo nascimento. Sorridente, com 20 quilos a mais, j� dava o tom do que seria sua prioridade. “Preciso arrumar um servi�o para ocupar a mente e n�o colocar tudo a perder.” Dois meses depois de deixar a unidade de recupera��o, a reportagem do EM tentou fazer novo contato com Carlos. Ele atendeu � liga��o da reportagem em seu celular. Era um bom ind�cio: o telefone � um dos primeiros objetos trocados ou vendidos por viciados para conseguir pedra. Outra boa not�cia era que o rapaz j� tinha arranjado emprego como seguran�a de supermercado. “N�o tenho tempo para pensar em outras coisas. Esse emprego foi essencial para meu recome�o”, conta.

Carlos tamb�m arranjou uma namorada. Diz que a nova companheira o ajuda a ficar longe de problemas. Assim como as reuni�es que frequenta, ainda como parte do tratamento. “Agora posso dizer que levo uma vida normal. N�o preciso beber e usar drogas para viver.”

 

 

 

 

 


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