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Estado de Minas

BH tem lei para multar quem joga lixo na rua, mas ningu�m � punido

Faltam educa��o e puni��o e sobram sujeira e desculpa nas ruas, de onde foram retiradas 28 mil toneladas de res�duos este ano. Lei que estipula multa n�o � aplicada


postado em 29/09/2013 06:00 / atualizado em 29/09/2013 07:48

Guimba de cigarro jogada em ponto de ônibus no Belvedere...(foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/DA Press)
Guimba de cigarro jogada em ponto de �nibus no Belvedere... (foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/DA Press)


Do in�cio do ano at� hoje, a falta de educa��o de quem joga lixo nas ruas encheu pelo menos 4.669 caminh�es em Belo Horizonte, o suficiente para ocupar quase duas vezes o estacionamento do Mineir�o. S�o pap�is, guimbas de cigarro, fezes de animais, copos pl�sticos e outros detritos aparentemente insignificantes varridos desde janeiro das sarjetas e cal�adas e que j� formaram uma montanha de 28 mil toneladas de res�duos desde janeiro. Os danos de enchentes causadas por entupimento de bueiros e anos de conscientiza��o ambiental n�o foram suficientes para controlar os suj�es. O mau h�bito persiste e cobre a cidade de res�duos. O Rio de Janeiro come�ou a punir o comportamento no m�s passado, com multas a partir de R$ 80. Em BH, a lei estipula multas de R$ 960,87 aos infratores, mas n�o � aplicada. Para agir, a prefeitura aguarda a aprova��o de projeto de lei na C�mara Municipal, que estabelece multas de R$ 100 a quem jogar lixo na rua.


A falta de educa��o n�o faz distin��o de endere�o e classe social, mas � mais presente no Hipercentro e outras regi�es, onde os poluidores agem camuflados pela multid�o. Basta observar o comportamento das pessoas. Na Pra�a Sete, por exemplo, alguns simplesmente deixaram o papel do lanche cair. Outros agiam com menos constrangimento e sujaram at� os canteiros, mesmo estando a poucos passos de uma lixeira. “� que hoje estou avoada, com muita coisa na cabe�a”, justificou a operadora de telemarketing Camila Souza, de 29 anos, que jogou a embalagem do chocolate no passeio da Rua Esp�rito Santo.

... e copo de plástico jogado na Praça da Liberdade parecem insignificantes, mas causam transtornos ao se juntar a outros dejetos(foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/DA Press)
... e copo de pl�stico jogado na Pra�a da Liberdade parecem insignificantes, mas causam transtornos ao se juntar a outros dejetos (foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/DA Press)


As sarjetas v�o acumulando latas, pap�is de bala, panfletos, copos, tampinhas. Tudo no ch�o, prestes a cair em uma das 60 mil bocas de lobo da cidade e entupir o sistema de drenagem pluvial. Somente este ano, a Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU) estima retirar 5 mil toneladas de res�duos das bocas de lobo, quantidade 13,6% maior do que o recolhido no ano passado. Mas tamb�m h� res�duos subindo pelas paredes, nem mesmo o orelh�o escapa. Anita Neta Ferreira de Matos, de 26 anos, apoiou o copo d’�gua para abrir a mochila, retirou a carteira e o dinheiro, fechou o z�per e deixou o lixo para tr�s. “Esqueci mesmo. Prefiro levar na bolsa a jogar no ch�o, porque acho muito feio. Mas cad� as lixeiras?”

Os pontos de �nibus s�o quase bota-foras. Na pressa de subir no coletivo, a guimba de cigarro � lan�ada no passeio. “Falta lixeira e a� a gente n�o tem outra op��o”, alega o passageiro, na BR-356, em frente ao BH Shopping, no Bairro Belvedere, Regi�o Centro-Sul. Na Pra�a da Liberdade, tamb�m na Centro-Sul, a dupla de amigos joga o guardanapo tranquilamente no ch�o do cart�o-postal e a idosa deixa as fezes do cachorro no canteiro como se a pra�a fosse banheiro p�blico. Perto dali, nos arredores da Avenida Jo�o Pinheiro, outros suj�es jogam copos e guimbas de cigarro nas cal�adas.

Um lix�o no Bairro S�o Crist�v�o, na Regi�o Noroeste, se forma na esquina em que moradores despejam dejetos dom�sticos. Nos jardins da Pra�a Doutor Lucas Machado, no Bairro Santa Efig�nia, na �rea hospitalar, n�o h� flores. Os canteiros s�o ocupados por todo tipo de res�duo. “O pessoal � porco mesmo, joga tudo no ch�o, at� fralda de beb�. Os ratos quase carregam a gente aqui”, afirma Irani Tom�zia Pereira, de 52 anos, funcion�ria de uma banca na pra�a, ao lado da Santa Casa.

Tanta sujeira surpreende at� os garis: “� triste. A gente v� de tudo: papel demais, fralda de nen�m, fezes, marmita, resto de comida, animais mortos”, conta Rosemar Maria, de 34 anos. Ela e o colega Ricardo Dias, de 35, limpam quarteir�es no entorno da Avenida Amazonas, Rua dos Tupinamb�s e Avenida Afonso Pena, no Centro. Eles s�o da terceira equipe que passa nesses locais diariamente. “Nem parece que a gente limpou, porque rapidinho suja tudo”, diz Ricardo. Rosemar aproveita para dar o recado: “Gostaria que as pessoas compartilhassem a limpeza da cidade”.

SUJEIRA HIST�RICA Na avalia��o da coordenadora do programa Limpa Brasil, Marta Rocha, que incentiva a��es de limpeza das cidades, o mau costume � hist�rico. “Independentemente do n�vel socioecon�mico, o brasileiro joga lixo na rua h� 500 anos, pois tem a rua como um lugar que n�o lhe pertence. Em uma de nossas a��es, tiramos 29 sof�s do Lago Parano�, em Bras�lia. Se estavam l�, � porque algu�m jogou”, diz. Neste ano, a SLU retirou mais de 200 ca�ambas de lixo e entulho nos c�rregos em BH.

Os impactos da falta de educa��o afetam diretamente o meio ambiente. “Os materiais v�o para o sistema de drenagem pluvial, podem entupir dutos e canaliza��es, assoreiam cursos d’�gua e contribuem para inunda��es”, alerta o engenheiro sanitarista e professor da PUC Minas Hiram Sartori. “Quem joga lixo na rua n�o v� a distin��o entre lixo e o asfalto e enxerga o patrim�nio p�blico como algo de ningu�m”, completa.

Protagonista do filme Lixo extraordin�rio, indicado ao Oscar, o catador Ti�o Santos, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicl�veis do Rio de Janeiro, vai al�m: “O lixo interfere na marginaliza��o e depreda��o do pr�prio local”. Para ele, a mudan�a s� ocorrer� com educa��o. “Existe um grande preconceito das pessoas em rela��o ao lixo. � uma quest�o de educa��o que envolve tamb�m o engajamento da popula��o na reciclagem”, diz.

(foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/DA Press)
(foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/DA Press)

 


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