
As ruas da Bahia e Guajajaras s�o o limite da Feira de Artes e Artesanato de Belo Horizonte, que ocorre todos os domingos na Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte. Mas a exposi��o e venda de produtos n�o est� limitada a esses quarteir�es. Os passeios da avenida, em dire��o � rodovi�ria, est�o tomados por vendedores que dizem ser artes�os, mas que exp�em ali produtos bem diferentes de artesanato. O que impera nos panos pretos estendidos pelo ch�o s�o colares e pulseiras de a�o, produtos de grande procura por quem passa por ali.
A venda irregular pode ser vista tamb�m nos passeios da pr�pria feira. De acordo com o presidente da Federa��o Mineira de Artes�os (Femeart), Apolo Costa, al�m dos ambulantes que pegam carona na liminar que permite a atividade dos hippies, h� inclusive expositores legalizados que contratam pessoas para expor seus produtos na cal�ada. “A feira � um espa�o demarcado e legalmente reconhecido por meio de uma licita��o p�blica. Espalhar o com�rcio pelos passeios do Centro � uma a��o contr�ria a toda a organiza��o montada para a realiza��o dela”, defende Apolo. Ele ainda critica o com�rcio de camel�s, porque entende que eles praticam uma venda que deixa a cidade suja e que atrapalha a passagem dos pedestres. “Eles est�o expondo de qualquer jeito. E como n�o tem uma pessoa na fiscaliza��o para diferenciar o que realmente � artesanato, continuam vendendo suas correntinhas do Paraguai � margem da lei.” O presidente da Femeart cobra uma a��o fiscal mais efetiva da prefeitura para fiscalizar o devido cumprimento da liminar que favorece hippies e artes�os.
M. afirma que n�o h� como fugir da venda de produtos industrializados, uma vez que h� muita procura por esse tipo de mercadoria. “Alguns produtos feitos � m�o t�m sa�da sempre, como brinco e anel de coco. Mas temos que seguir a tend�ncia de mercado, porque se mantiver s� artesanato a gente n�o vende quase nada. As pessoas querem os produtos industrializados”, afirma.
A concentra��o do com�rcio ambulante aos domingos � maior na esquina da Avenida Afonso Pena com Rua dos Tupis. No local, pelo menos 10 pessoas exp�em produtos perceptivelmente industrializados. O agente de fiscaliza��o, que com o r�dio poderia avisar o fiscal sobre a presen�a dos camel�s, esteve por l� na manh� de ontem, mas nada fez. Quando perguntado por que n�o atuava nesse sentido, chegou a dizer que eles podiam por serem artes�os. Mas, depois, admitiu: “N�o temos orienta��o para mexer com esse pessoal a�”.
Enquanto isso, ambulantes como O. L., de 53 anos, aproveitam para vender pulseiras de couro, correntes de a�o, brincos de pl�stico e outros materiais expostos no passeio. “Tenho carteira de artes�o. Mas quem vive s� de arte hoje? Antigamente dava, mas hoje n�o, porque o que tem sa�da � industrial”, diz. Ele ainda critica o trabalho de parte dos artes�os que ficam nos arredores da Pra�a Sete. “Prefiro trabalhar do meu jeito a ficar expondo tr�s pe�as que eu mesmo fiz, bebendo cacha�a e perturbando as pessoas na rua, como muitos fazem.”
TRENZINHO MALUCO
Ainda mais ousado que os ambulantes que colocam objetos � venda nos panos estendidos sobre os passeios, um casal montou uma banquinha na cal�ada da Avenida Afonso Pena, no mesmo quarteir�o, para vender um brinquedo infantil. Sem a presen�a da fiscaliza��o a dupla se sentia livre para anunciar o produto: “Trenzinho maluco. � R$ 10, � 10”, dizia a mulher. Ela afirma que h� mais de nove anos trabalha como camel�, mesmo sabendo que a atividade � irregular. “Est� dando certo para mim. Por que eu vou sair da rua?”