
Quando surgiram as primeiras imagens do inc�ndio que matou 242 pessoas na Boate Kiss, imaginou-se que o pa�s nunca mais seria o mesmo. Na �poca, surgiu uma onda de fiscaliza��o nas casas noturnas de todos os estados, muitas propostas de mudan�as legislativas, cobran�a por uma puni��o r�pida dos respons�veis. E, um ano depois, a pressa n�o teve resultados. Projetos apontados como a solu��o para evitar casos semelhantes n�o entraram em vigor e as investiga��es n�o caminharam. Os �nicos que deixaram de ser os mesmos s�o os familiares e amigos e sobreviventes da trag�dia.
Os propriet�rios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Le�o, foram soltos quatro meses depois de presos. A Pol�cia Civil indiciou 16 pessoas, mas o Minist�rio P�blico denunciou apenas oito. Ainda tramitam na Justi�a ga�cha cinco processos. O da Justi�a Militar denunciou bombeiros por neglig�ncia e por inserir declara��o falsa em documento p�blico. O processo c�vel aponta improbidade administrativa de oficiais do Corpo de Bombeiros por n�o terem atuado na preven��o de inc�ndios em locais fechados.
Na esfera criminal, h� tr�s processos: acusa��es de homic�dio, falso testemunho e fraude processual. Um inqu�rito civil acusando de improbidade servidores municipais e o prefeito da cidade, Cezar Schirmer, foi arquivado em julho, mas reaberto em outubro e segue sob investiga��o. Ningu�m est� preso ou foi condenado.
C�MARA Por outra via, as tentativas de firmar regras mais r�gidas e evitar que a trag�dia se repetisse n�o emplacaram. Na C�mara dos Deputados, foi criada uma comiss�o externa para acompanhar o caso, que prop�s mudan�as na legisla��o, como punir com at� dois anos de deten��o quem descumprir as normas sobre preven��o e combate a inc�ndi os. O texto est� pronto para ser votado no plen�rio desde julho, mas esbarrou na pauta trancada.
Apesar da demora, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), diz considerar “superpriorit�rio” o projeto. “Pe�o at� desculpas ao Rio Grande do Sul e a Santa Maria pela C�mara n�o ter votado essa mat�ria por causa da pauta trancada, mas esse cen�rio n�o pode continuar. � uma quest�o de respeito � cidadania brasileira”, afirmou.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que coordenou o comiss�o, lamenta a falta de resultados: “O trabalho da Justi�a e do Legislativo s�o a��es reparadoras que n�o apagam a dor, mas podem ajudar a cicatrizar o sofrimento”.
SANTA MARIA Desde a trag�dia, a Associa��o dos Familiares de V�timas e Sobreviventes da Trag�dia de Santa Maria se re�ne na Pra�a Saldanha Marinho, a poucos metros da Boate Kiss, em um ato simb�lico para lembrar os 242 mortos. O clima de luto prevalece. Nas redes sociais, homenagens se espalharam ao longo do ano e foram refor�adas nesta semana.
Ontem, moradores da cidade ga�cha espalharam toalhas, faixas e flores brancas pelas casas e lojas. Na internet, uma campanha diz Somos Todos Santa Maria — N�o ao Esquecimento, em apoio aos que ainda sofrem pela perda de um ente querido.
Hoje ser� lan�ado, durante o Congresso Internacional Novos Caminhos, em Santa Maria, o document�rio Janeiro 27. O filme dirigido por Luiz Alberto Cassol e Paulo Nascimento, ambos nascidos na cidade ga�cha, n�o exibe cenas do inc�ndio. Retrata a vida dos que perderam filhos e parentes e como a cidade tem lidado com os resqu�cios do desastre.
Saiba mais
A TRAG�DIA
Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, mais de mil pessoas estavam na Boate Kiss, em Santa Maria, quando um sinalizador usado no show da banda Gurizada Fandangueira provocou as chamas que se espalharam pelo teto. Seguran�as chegaram a impedir as pessoas de sa�rem. Laudo da Pol�cia Civil apontou que o fator determinante para a trag�dia foi a fuma�a liberada pela espuma de isolamento ac�stico da boate. Os clientes inalaram cianeto e mon�xido de carbono e morreram asfixiados. Muitos corpos foram achados acumulados nos banheiros, j� que as v�timas pensaram que eram sa�da de emerg�ncia. An�lises t�cnicas apontaram que o estabelecimento, com capacidade para 700 pessoas, abriu as portas para 1.061 clientes. Foram 242 mortes e centenas de feridos.
A TRAG�DIA
Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, mais de mil pessoas estavam na Boate Kiss, em Santa Maria, quando um sinalizador usado no show da banda Gurizada Fandangueira provocou as chamas que se espalharam pelo teto. Seguran�as chegaram a impedir as pessoas de sa�rem. Laudo da Pol�cia Civil apontou que o fator determinante para a trag�dia foi a fuma�a liberada pela espuma de isolamento ac�stico da boate. Os clientes inalaram cianeto e mon�xido de carbono e morreram asfixiados. Muitos corpos foram achados acumulados nos banheiros, j� que as v�timas pensaram que eram sa�da de emerg�ncia. An�lises t�cnicas apontaram que o estabelecimento, com capacidade para 700 pessoas, abriu as portas para 1.061 clientes. Foram 242 mortes e centenas de feridos.