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Estado de Minas

Avan�o da seca em Minas vira estopim de batalha pela �gua

Seca atinge afluentes da fonte at� a divisa do estado, faz minguar volume de Tr�s Marias e leva fazendeiros a travar brigas com vizinhos, relatadas em dezenas de ocorr�ncias policiais


postado em 25/09/2014 06:00 / atualizado em 25/09/2014 10:02

O marco do padroeiro cercado por cinzas: após sucessivas queimadas, unidade de conservação da Serra da Canastra está fechada(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O marco do padroeiro cercado por cinzas: ap�s sucessivas queimadas, unidade de conserva��o da Serra da Canastra est� fechada (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

S�o Roque de Minas e Montes Claros – A redu��o da disponibilidade de recursos h�dricos na Bacia do S�o Francisco, agravada pelo in�dito secamento da nascente principal do rio, situada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em S�o Roque de Minas, se alastra pelo leito e atinge afluentes em efeito domin�. Em territ�rio mineiro, a crise se estende da �rea onde brota o Velho Chico, no Centro-Oeste do estado, � divisa com a Bahia, no Rio Verde Grande, passando pela represa de Tr�s Marias, a segunda maior da bacia. Pelo caminho, o regime de escassez de �gua j� deflagra conflitos entre produtores rurais, que resultaram em mais de 30 ocorr�ncias registradas apenas nos �ltimos tr�s meses pela Pol�cia Militar, em pelo menos oito munic�pios do Alto S�o Francisco. A situa��o � t�o cr�tica que motivar� reuni�o emergencial do comit� nacional da bacia, amanh�, em Belo Horizonte. Entre as provid�ncias em estudo est� a possibilidade de racionamento.

No parque nacional que abriga a nascente hist�rica do rio, em S�o Roque de Minas, a seca tem se agravado nos �ltimos tr�s anos, mas piorou a partir do �ltimo m�s de abril. O ponto alto do estado de alerta ocorreu com o secamento da chamada nascente principal do Velho Chico, localizada em meio a uma paisagem hoje esturricada por sucessivos inc�ndios. Em julho, 40 mil hectares de vegeta��o foram consumidos. Em agosto e setembro, houve mais oito queimadas no parque. Na semana passada, outros quatro dias de labaredas atingiram a �rea do manancial, segundo o secret�rio de Meio Ambiente, Esporte, Lazer e Turismo de S�o Roque de Minas, Andr� Picardi. Como medida de prote��o, na sexta-feira a visita��o � unidade de conserva��o foi suspensa e deve permanecer assim at� 16 de outubro, se n�o chover.

Algumas fazendas da regi�o t�m at� seis nascentes de �gua. “Essas fontes agora s�o tempor�rias. O impacto maior da seca que estamos sofrendo � que as pessoas est�o se dando conta de que a �gua n�o est� garantida”, afirmou Andr� Picardi. Segundo ele, conflitos entre propriet�rios rurais v�m sendo registrados com frequ�ncia em alguns dos 29 munic�pios na regi�o que fazem parte do Comit� da Bacia do Alto S�o Francisco. “Isso n�o existia h� tr�s anos. Se havia um caso, era muito. Hoje, a �gua � fonte de briga entre vizinhos. Antes, as nascentes n�o secavam”, disse.

A disputa pela �gua entre fazendeiros para manuten��o das atividades em suas propriedades � confirmada pelo presidente do Comit� de Afluentes do Alto S�o Francisco, Lessandro Gabriel da Costa, que � tamb�m secret�rio de Meio Ambiente de Lagoa da Prata, a 160 quil�metros de S�o Roque de Minas. Fontes da Pol�cia Militar de Meio Ambiente na regi�o confirmam o quadro e informam que a situa��o piorou desde que a seca se agravou, nos �ltimos 40 dias, per�odo em que t�m sido registrados diariamente boletins de ocorr�ncia relacionados a brigas pela �gua.

Segundo revelou ontem um integrante da Pol�cia Militar de Meio Ambiente que trabalha na regi�o do Alto S�o Francisco, a pr�pria corpora��o tem tomado precau��es no sentido de evitar o acirramento dos �nimos entre fazendeiros. “Quando um agricultor denuncia outro por fazer um a�ude, por exemplo, e manifesta vontade de nos acompanhar at� a propriedade do vizinho, aconselhamos que n�o v�, exatamente para evitar contato direto entre eles”, afirmou o militar, que, por quest�o de hierarquia, pede anonimato.
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Lessandro Costa confirma que o origem da disputa � o desaparecimento de nascentes e de v�rios pequenos rios e c�rregos que correm em dire��o ao Velho Chico. “Os conflitos ocorrem porque produtores situados � beira de cursos represam a �gua, prejudicando o abastecimento em propriedade situadas abaixo”, explicou. “A �gua � pouca e n�o chega para todo mundo.” Em casos como esses, os militares ouvem o reclamante e v�o at� a propriedade do denunciado, registrando a ocorr�ncia, que � encaminhada ao Minist�rio Publico, a quem compete tomar provid�ncias legais.

 

Vicente Faria, chefe-adjunto do parque nacional, diante da área onde brotavam olhos d'água: cenário de desolação agravado por incêndios (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Vicente Faria, chefe-adjunto do parque nacional, diante da �rea onde brotavam olhos d'�gua: cen�rio de desola��o agravado por inc�ndios (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 

 

Mobiliza��o de emerg�ncia

O secret�rio Lessandro Costa informou que o secamento da principal nascente do Velho Chico evidenciou ainda mais a gravidade da situa��o do rio. Diante disso, amanh� o Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco promover� reuni�o emergencial na sede da Ag�ncia Ambiental Peixe Vivo, em Belo Horizonte, a fim de debater estrat�gias para enfrentar a situa��o. O objetivo � reunir subs�dios para medidas a serem adotadas pela C�mara Consultiva do �rg�o, visando ao controle e ao racionamento da �gua. “Podem ser adotadas medidas judiciais junto ao Minist�rio P�blico, com a possibilidade de ser decretado racionamento de �gua e diminui��o da retirada por parte de empresas, priorizando o abastecimento humano”, afirmou o ambientalista.

No s�bado, uma comitiva do comit� nacional deve fazer uma visita t�cnica � nascente na Serra da Canastra, para verificar a situa��o. Seus integrantes encontrar�o uma paisagem desolada: nos pontos onde antes brotavam olhos d’�gua e pequenos filetes se formavam debaixo de tufos de capim, marcando a origem do S�o Francisco, agora h� um tapete de cinzas. N�o h� sequer uma gota d'�gua correndo em trecho de um quil�metro da principal fonte do rio. A terra �mida, que pode ser sentida com o dorso da m�o, � o �nico ind�cio de que ali antes havia vida. “V�rios animais, como cobras e tamandu�s, morreram queimados nos inc�ndios. Os tamandu�s t�m vis�o e audi��o muito ruins e s�o as maiores v�timas”, disse chefe-adjunto do parque, Vicente Faria.

A iniciativa de fechar a unidade de conserva��o � uma tentativa de proteger a fauna e a flora. Para evitar inc�ndios, foi feita um esp�cie de aceiro �s margens da estrada que corta o parque, para aumentar a prote��o e impedir que o fogo chegue �s �reas verdes remanescentes, onde est� concentrada a maior parte dos animais silvestres.

 

 


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