
Com o secamento da principal nascente do S�o Francisco, no Parque Nacional da Canastra, o rio fica, enquanto n�o chove, na depend�ncia dos afluentes. O problema � que, por causa da estiagem prolongada, muitos tribut�rios da bacia est�o secos ou pararam de correr. � o caso do Rio Verde Grande, um dos principais afluentes da margem direita do Velho Chico.
No Norte de Minas, cerca de 600 rios e c�rregos est�o sem �gua e pelo menos a metade faz parte da Bacia do S�o Francisco, que atravessa a regi�o. Os dados s�o do t�cnico Reinaldo Nunes de Oliveira, do escrit�rio regional da Empresa de Assist�ncia T�cnica Extens�o Rural (Emater), em Montes Claros.
Ele ressalta que o secamento dos rios e c�rregos, pela falta de chuva, resulta em s�rios preju�zos para a economia da regi�o, principalmente � pecu�ria e � agricultura. “As secas seguidas dos �ltimos tr�s anos no Norte de Minas j� causaram perdas que chegam a R$ 1 bilh�o. O nosso rebanho bovino, que era de 3,3 milh�es de cabe�as em 2010, caiu para 2,5 milh�es.”
Entre os cursos d’�gua da regi�o que pertencem � Bacia do Rio S�o Francisco e est�o secos, Reinaldo aponta os rios S�o Domingos, Caititu e Quem-Quem, que des�guam no Verde Grande. “Outros, como o Pacu� e o Canabrava ainda correm, mas s�o apenas um filete d’�gua. “A situa��o mostra que � preciso um programa de conviv�ncia com a seca, com a��es mais efetivas, como pequenas barragens para conter a �gua da chuva e regularizar o rios. A sociedade tem que se conscientizar para cobrar as obras do governo.”
O Rio Verde Grande nasce no munic�pio de Bocai�va, no Norte de Minas, e des�gua no S�o Francisco em Malhada (BA). A bacia atinge 33 cidades (28 em Minas e cinco na Bahia). Em Riacho do Fogo, distrito Montes Claros, ainda perto de sua nascente, o Verde Grande mais parece uma estrada.
“Nunca vi esse rio assim. Isso � conseq��ncia do desmatamento em suas margens”, lamenta o agricultor Selvino Mendes Teixeira, morador de Riacho do Fogo, ao caminhar pelo leito vazio. “H� muito prometem barraginhas para manter a vaz�o do rio, mas, as obras nunca saem.” Para matar a sede das poucas vacas em um pasto �s margens do rio, ele retira �gua de um po�o tubular. O cano passa dentro do leito seco. “Temos que rezar para que S�o Pedro mande chuva logo.”
A dr�stica diminui��o do volume do Velho Chico foi constada pela Expedi��o Vidas �ridas, formada por ambientalistas, professores universit�rios e representantes de �rg�os p�blicos e ONGs, que, no �ltimo fim de semana, iniciou viagem pelo rio, de Tr�s Marias a Malhada (BA). A chegada est� prevista para s�bado. O barco que leva a comitiva enfrenta dificuldasde para navegar. “Infelizmente, a sensa��o que temos � a de que o S�o Francisco est� morto”, afirma D�lio Pinheiro, um dos integrantes da expedi��o.