A den�ncia sobre fraude no sistema de cotas raciais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tira da sala de aula um futuro m�dico, quase no fim do per�odo letivo, e tamb�m adia a oportunidade para outro estudante interessado em seguir a profiss�o. O aluno do segundo per�odo Vin�cius Loures de Oliveira, residente em Belo Horizonte, confirmou ontem ao Estado de Minas ter cancelado a matr�cula na Faculdade de Medicina da institui��o, considerada a maior universidade p�blica do estado. Vin�cius, que fez breve comunicado em contato por mensagem de texto, � um dos estudantes envolvidos na pol�mica sobre suposta candidatura irregular ao sistema de cotas raciais na Federal.
Em abril de 2016, o EM mostrou na reportagem “Movimentos negros denunciam fraude nas cotas raciais da UFMG”, que os mecanismos da universidade permitiam barrar fraudes somente em rela��o � condi��o de estudantes terem cursado escolas p�blicas e declarado baixa renda. N�o havia, segundo a universidade, como controlar as cotas raciais. Ap�s a reportagem, a institui��o deu in�cio a sindic�ncia para averiguar as den�ncias, cujo resultado deve ser divulgado este ano.
At� o fim da tarde de ontem, a UFMG n�o confirmava o cancelamento da matr�cula do estudante de medicina. De acordo com a institui��o, em casos como esse, se o universit�rio sai do curso a vaga no pr�ximo semestre � considerada remanescente, ou ociosa por motivo como abandono. A vaga, ent�o, � destinada pela universidade a transfer�ncia, reop��o de curso ou obten��o de novo t�tulo. Assim, n�o haver� nova chamada para o curso de medicina e o posto n�o ser� usado para efeito de cota com perfil �tnico, diante da proximidade com o fim do semestre e da exist�ncia de um per�odo legal para convocar estudantes.
ABALO Outra estudante que se viu envolvida na controv�rsia, Rhuanna Laurent Silva Ribeiro, de 19 anos, abalada emocionalmente com a situa��o, precisou de atendimento no N�cleo de Apoio Psicopedag�gico aos Estudantes da Faculdade de Medicina. “Ela ainda n�o conseguiu reiniciar as aulas. Estamos fazendo um grande esfor�o para que n�o desista da faculdade”, disse o pai da universit�ria, Gilberto Jos� da Silva. A aluna, que se autodeclarou parda, reiterou a condi��o em entrevista ao EM: “Eu me autodeclarei parda, pois � o que sou. Descendo de negros e �ndios. Esta � a minha etnia, o meu contexto familiar. Nunca me autodeclarei negra”.
Diante da pol�mica, o EM mostrou em sua edi��o de ontem que o governo federal revisa o sistema de cotas raciais, na tentativa de impedir fraudes na pol�tica de ingresso nas universidades p�blicas. Na ter�a-feira, ao anunciar que haver� cobran�a de mais rigor para verificar a condi��o de alunos que se autodeclararem negros, pardos ou ind�genas no processo seletivo, o secret�rio especial de Pol�ticas de Promo��o da Igualdade Racial, Juvenal Ara�jo, atribuiu � UFMG a responsabilidade por supostas irregularidades no acesso de alunos a vagas reservadas no curso de medicina da institui��o, por n�o ter criado comiss�o que avalie aspectos f�sicos dos candidatos a cotas raciais.