
Nesta ter�a-feira, tr�s dos quatro investigados por suspeita de envolvimento no caso foram presos pela Pol�cia Civil.
Em 3 de setembro, um funcion�rio da funer�ria que preparou o corpo de Allan informou ao portal em.com.br que a empresa teve "bastante trabalho" no preparo do corpo para o sepultamento, pois houve afundamento no cr�nio do jovem. A informa��o era de que o fisiculturista teve dois dentes quebrados e fraturas no nariz e numa das v�rtebras do pesco�o.
Em entrevista concedida na porta do Departamento de Investiga��o de Homic�dios e Prote��o � Pessoa (DHPP) na manh� desta ter�a-feira, Quaresma negou que o pesco�o de Allan tenha sido quebrado. Mais cedo, ele havia informado ao em.com.br, por telefone, que tinha tido acesso ao laudo que aponta a causa da morte do jovem. “N�o teve fratura nenhuma de pesco�o. Teve uma les�o sim, no pesco�o, mas n�o houve nenhuma fratura de pesco�o. A cervical n�o foi rompida, n�o. Algu�m 'soprou' algo parecido, mas n�o � isso n�o”, disse o defensor, que n�o quis informar o resultado do exame.
Quaresma disse que j� contratou uma empresa para avaliar o documento. “A causa da morte est� estampada no laudo. Vou contestar com argumentos t�cnicos aquilo que n�s entendemos que est� equivocado”, disse o advogado, ressaltando que n�o houve dolo (inten��o de matar) no caso. “O mo�o foi 'pilhado' com 68 comprimidos de ecstasy, mais cloridrato de coca�na. Tinha no corpo uma subst�ncia chamada cetamina, que � um anest�sico potente ao extremo que � utilizado como entorpecente, e naquela rea��o houve um confronto f�sico. Evoluiu para o �bito? Incontest�vel. Est� morto”, argumentou o advogado. “Agora, as circunst�ncias que se deram ser�o apuradas no inqu�rito policial � �tica escoteira da autoridade policial e, posteriormente, sob o crivo do contradit�rio”, sentenciou.

Outro homem, identificado como Paulo Henrique Pardin de Oliveira, tamb�m est� preso, conforme seu advogado, F�bio Domingos. Segundo o advogado �rcio Quaresma, Paulo n�o � funcion�rio da Cy Security. Ainda conforme o defensor de tr�s dos quatro homens com mandados de pris�o, ele seria o homem que estaria com uma arma no dia do fato. No dia do crime, um amigo que acompanhava Allan disse que quando os seguran�as levaram o rapaz para uma �rea restrita, um dos homens bateu o cabo de um rev�lver em seu peito, mandando que sumisse do local sob pena de alguma coisa acontecer tamb�m com ele.
A m�e de Paulo Henrique, Anita Pardin, esteve no DHPP ap�s a pris�o do filho. Ela contou que ele j� foi empregado de duas firmas de seguran�a, mas atualmente faz bicos desse servi�o. No dia da morte de Allan, ele estava a passeio na casa noturna. Ainda segundo a Anita, o filho n�o anda armado. “Ele anda quando est� dentro da firma. N�o acham arma (na casa de Paulo). (Policiais) J� foram l� duas vezes. N�o tem arma n�o”, disse a mulher.
De acordo com a dom�stica, que tem 51 anos, Paulo Henrique disse que, na madrugada da morte de Allan, viu a confus�o e foi pedir ajuda. Anita acredita na inoc�ncia do filho e falou sobre como foi ver o filho sendo preso. “Achei horr�vel, n�? N�o esperava nunca passar por isso. Foi p�ssimo”.
HABEAS CORPUS Ainda na porta do DHPP, Quaresma disse que j� esperava que os mandados fossem expedidos. “Na semana passada eu tive acesso ao relat�rio da necropsia. Na hora que eu vi a causa mortis, imediatamente constitu�mos uma empresa para poder fazer uma an�lise t�cnica do relat�rio da necropsia assim como do laudo toxicol�gico que foi apresentado, e avisei (aos clientes) 'olha, saiam, porque voc�s ter�o pris�o tempor�ria decretada. Assim que sair, eu os apresento ao magistrado'”, revelou.
O advogado disse que deve pedir o reexame dos pedidos de pris�o ou elaborar habeas corpus para os tr�s investigados que ele representa. “Eu fico perplexo porque hoje no Brasil se prende para depois apurar. Pois bem, Delmir – vou tratar especificamente do caso dele – que � coordenador de seguran�a, que n�o teve contato f�sico nenhum com o Allan. Nenhum. E suporta agora uma pris�o tempor�ria. Primado de bons antecedentes e atividade laboral cont�nua. Pris�o tempor�ria � quando for imprescind�vel para as investiga��es”, opina.
No fim da manh�, a Pol�cia Civil divulgou uma nota confirmando que foi deflagrada uma opera��o referente ao inqu�rito que investiga a morte de Allan. “As investiga��es seguem em sigilo e outras informa��es ser�o repassadas somente na conclus�o do IP (inqu�rito policial)”.

Segundo o defensor, as pris�es fundamentam a vers�o da fam�lia que, desde o in�cio, afirmou que Allan foi assassinado. "A fam�lia desde o in�cio defende que ele foi v�tima de um crime de homic�dio, e essas pris�es confirmam isso. Mas n�s ainda n�o tivemos acesso ao laudo pericial pra determinar as causas da morte. A gente precisa de saber agora � o teor do laudo, porque isso � uma prova t�cnica que n�o se discute," destacou.
Caso seja comprovado que Allan foi morto pelos seguran�as da boate, Magela diz que vai poder� acionar judicialmente os propriet�rios do Hangar 677 e a empresa contratada para ser respons�vel da seguran�a na casa noturna no dia da morte.
"Sendo conclu�do o inqu�rito, isso ser� encaminhado ao Minist�rio P�blico para se ter o competente processo e a fam�lia vai acompanhar. Posteriormente, vamos buscar as responsabiliza��es nas esferas c�veis dos devidos respons�veis. A gente vai verificar o resultado do inqu�rito para apurar essas responsabilidades devidas, mas todos os respons�veis ser�o acionados," finalizou.

Entenda o caso
A morte de Allan Guimar�es Pontello ocorreu entre 4h e 5h do dia 2 de setembro na boate, que fica na Regi�o Oeste de Belo Horizonte. A Pol�cia Militar (PM) colheu as informa��es com as testemunhas. “A vers�o dos seguran�as � de que o rapaz foi abordado com drogas e, depois, sofreu um ataque card�aco no local. Eles alegam que tentaram reanimar o jovem e n�o conseguiram”, explicou o tenente Jerry Adriano Martins de Abreu, da 126ª Companhia da Pol�cia Militar (PM), respons�vel pela �rea. Antes e passar mal o jovem teria corrido e saltado algumas grades, caindo no ch�o em seguida, ainda conforme a PM.
Um amigo de Allan disse que os dois foram ao banheiro e, depois de ser abordado por dois seguran�as, Allan foi levado para um lugar privado na boate. “Fui tentar ver onde eles estavam e os seguran�as colocaram o rev�lver no meu peito e me mandaram sumir”, afirma. Ele garantiu que foi amea�ado caso n�o deixasse o local.
Segundo o rapaz, eles fecharam uma porta de metal e n�o conseguiu ver mais nada. “Fui procurar ajuda, pedir para uma amiga falar com quem estava organizando a festa e, quando voltei, o Allan j� estava dentro da ambul�ncia e alegaram que ele tinha falecido”, diz. Castanheira ressalta que o amigo n�o fazia uso de drogas e era saud�vel, sem problemas de sa�de. “�s 3h07, ele me deu um toque no celular, mas eu n�o vi. �s 3h15, quando retornei, ele j� n�o atendeu mais”.
Com o mist�rio nas causas da morte de Allan Pontelo, familiares e amigos do fisiculturista se mobilizaram para pedir justi�a e esclarecimentos dos donos do Hangar 677. Uma p�gina foi criada no Facebook e outdors foram espalhados por bairros de Contagem.
No fim do m�s passado, o laudo do Instituto M�dico Legal (IML) n�o identificou o uso de drogas e/ou �lcool pelo jovem. Mas detectou a cetamina, que � um medicamento usado como anestesia geral em cirurgias em humanos e tamb�m em animais. O produto tamb�m tem efeito alucin�geno.
A d�vida sobre o uso indiscriminado ou n�o do jovem da subst�ncia foi levantada pela defesa dos seguran�as da boate. Em uma p�gina de uma rede social, o advogado �rcio Quaresma questionou as informa��es de que o jovem n�o tinha feito uso de drogas. Exibindo c�pia do laudo que apontou que Allan n�o usou coca�na, maconha ou ecstasy, o advogado destaca em sua p�gina que o documento t�cnico apresenta a presen�a de ketamine (cetamina) no sangue e v�sceras do rapaz.
*Sob supervis�o do editor Benny Cohen