
Um novo passo foi dado para a realoca��o dos antigos moradores de Bento Rodrigues, subdistrito destru�do pelo mar de lama consequente do rompimento da Barragem do Fund�o, da mineradora Samarco, em 5 de novembro de 2015, em Mariana, Regi�o Central de Minas Gerais. Come�ou, ontem, a implanta��o do canteiro de obras na �rea escolhida para a constru��o do novo distrito de Bento Rodrigues. Segundo a Funda��o Renova – criada para lidar com os danos provocados pelo desastre – a instala��o das estruturas de apoio promete agilizar o in�cio das obras da vila. Ainda na semana que vem devem ser iniciadas as discuss�es, com cada fam�lia, sobre a arquitetura das casas. Por�m, o in�cio das obras efetivamente continua incerto, j� que a Renova ainda n�o entrou com o pedido de licen�a ambiental junto � Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad).
Ap�s mais de dois anos do desastre, o in�cio da implementa��o do canteiro de obras para a constru��o do novo distrito � um avan�o para que os atingidos resgatem o conv�vio comunit�rio – j� que depois de o subdistrito ter sido devastado eles foram abrigados em im�veis alugados na cidade de Mariana. “T�nhamos nossa vida na ro�a, t�nhamos tudo... Eu acordava e ia cuidar dos animais, hoje, acordo em um apartamento e s� vejo paredes. N�o me adaptei nem vou me adaptar”, contou Jos� do Nascimento de Jesus, o Zezinho do Bento, de 72 anos. Portanto, uma nova esperan�a com o in�cio das obras do canteiro: “O cora��o se abriu depois que a gente viu as obras come�ando. Demorou demais, dois anos e meio esperando. Hoje, o que vemos, � um grande passo”, completou o morador, que perdeu tudo com a trag�dia.
O novo distrito dever� preservar ao m�ximo as caracter�sticas originais e os aspectos patrimoniais, urban�sticos e culturais – sobretudo a rela��o com a vizinhan�a – de Bento Rodrigues, devastado pelos rejeitos que provocaram a morte 19 pessoas, na maior trag�dia socioambiental do pa�s. Em 8 de fevereiro, o projeto urban�stico conceitual do reassentamento do novo subdistrito de Mariana foi aprovado pela maioria das fam�lias, que perderam tudo na trag�dia. Foram 179 votos favor�veis ao projeto do total de 180 v�lidos das fam�lias desabrigadas. Segundo a Funda��o Renova, ficou definido que ser�o entregues lotes com tamanho igual ou superior a 250 metros quadrados. Os moradores que tinham moradias maiores receber�o novas resid�ncias de acordo dimens�es combinadas.
A expectativa � de que o novo Bento Rodrigues fique pronto em mar�o de 2019. Com 98 hectares, o terreno, na localidade de Lavoura, fica a oito quil�metros do subdistrito destru�do pela lama. Segundo a Funda��o, a implanta��o do canteiro – de 10 mil metros quadrados – tem o objetivo de antecipar a constru��o das estruturas de apoio das empresas que executar�o as obras. As primeiras a��es s�o a supress�o vegetal e terraplenagem da �rea, com previs�o de conclus�o em, aproximadamente, 45 dias. Ap�s esse per�odo, ser� iniciada a constru��o das edifica��es (dois escrit�rios e um refeit�rio), que devem ficar prontas at� julho. Na segunda fase da implanta��o do canteiro ser�o erguidos os demais pr�dios: ambulat�rio, vesti�rio, guarita, oficina mec�nica, carpintaria, entre outros. Essa etapa ser� conclu�da em setembro.
LICEN�A AMBIENTAL O pr�ximo passo � concluir a obten��o dos documentos necess�rios para a formaliza��o do pedido de licen�a ambiental para a constru��o efetiva do distrito. Por�m, ainda sem data prevista para o pedido por parte da empresa. De acordo com Patr�cia Lois, gerente do programa de reassentamento, s�o necess�rios cerca de 70 documentos para entrar com o pedido. Tr�s ainda est�o pendentes. S�o eles: “a descaracteriza��o do im�vel, junto ao Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra), para mudar a matr�cula do terreno de rural para urbana; a autoriza��o do propriet�rio atual para interven��o no loteamento. Isso porque o terreno foi comprado pela Funda��o Renova para a constru��o do distrito, mas, como ainda n�o foi adquirida a escritura, a emiss�o da autoriza��o de interven��o � do antigo propriet�rio; e a emiss�o ‘comitante’ das premissas de parcelamento pela Prefeitura de Mariana e a secretaria de cidades, ou seja, definir como ser� dividido o terreno, o tamanho da rua etc.” Segundo ela, o processo para a documenta��o est� em andamento.
Posteriormente � autoriza��o, ser� iniciada a supress�o vegetal e, em seguida, a terraplanagem, para que seja iniciada a fase de constru��o de toda a infraestrutura e execu��o dos projetos de pavimenta��o, drenagem, redes de esgoto, distribui��o de �gua e de energia. O morador v�tima da trag�dia Ant�nio Gon�alves Pereira, o Da Lua, de 48, se diz esperan�oso ap�s se deparar com os planos fora do papel, mas deixou o recado:“J� demorou bastante at� chegar este momento. Esperamos que as obras n�o parem, agora, e que a licen�a ambiental saia o mais r�pido poss�vel.”