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Estado de Minas

Funda��o investe em cuidado com nascentes para compensar danos da trag�dia de Mariana

Renova atua no cercamento e preserva��o de nascentes em �reas impactadas pelo rompimento da Barragem do Fund�o. Objetivo � devolver qualidade � �gua do Rio Doce


postado em 17/10/2018 06:00 / atualizado em 17/10/2018 08:50

Fazenda selecionada para fazer parte do programa em Galileia: seca esvaziou o Córrego Boa Vista e impede bombeamento de água na propriedade(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Fazenda selecionada para fazer parte do programa em Galileia: seca esvaziou o C�rrego Boa Vista e impede bombeamento de �gua na propriedade (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
 

Galileia – A seca deste ano esvaziou o C�rrego Boa Vista ao ponto de o fazendeiro Marcos Jacob da Costa, de 57 anos, n�o ter mais como bombear �gua para sua propriedade. Mas uma das medidas de compensa��o para os estragos trazidos pelo rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, pode mudar esse futuro, j� que a fazenda dele, no munic�pio de Galileia, a cerca de 50 quil�metros de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, foi selecionada pela Funda��o Renova para receber o cercamento e a preserva��o de 11 nascentes do C�rrego Boa Vista. “Minha esperan�a � que, com esse cercamento e com o plantio de �rvores nas nascentes, o Boa Vista possa voltar a correr aqui na seca como fez a vida toda”, disse.

A lama e os rejeitos de minera��o despejados no Rio Doce pela Samarco passaram a 30 quil�metros da fazenda do senhor Marcos Jacob, mas h� terrenos a at� 100 quil�metros de dist�ncia do rio devastado recebendo os mesmos trabalhos de preserva��o de nascentes, como ocorre no munic�pio de Itambacuri. “Esse � um trabalho que visa ajudar a devolver �gua em quantidade e qualidade melhores para os afluentes que comp�em o Rio Doce”, disse Almir Jacomelli, l�der de opera��es agroflorestais da Funda��o Renova.

O programa de cercamento, reflorestamento e manuten��o de nascentes da funda��o visa atender a 5 mil surg�ncias em 10 anos. Desde sua implementa��o, em 2016, j� foram beneficiadas 1.050 nascentes em 12 munic�pios de Minas Gerais e do Esp�rito Santo. “Pode parecer pouco ante a grandeza do Rio Doce e de suas 350 mil nascentes, mas a ideia � tamb�m mudar essa cultura local, muito ligada ao extrativismo, para uma de mais preserva��o e sustentabilidade”, disse o analista de programas socioambientais da Funda��o Renova, Felipe Drummond. O programa de nascentes atuar� em 420 propriedades. J� foram gastos R$ 15 milh�es de um total estimado de R$ 300 milh�es. Cada propriedade ter� uma m�dia de investimentos de R$ 40 mil a R$ 60 mil.

As microbacias beneficiadas s�o determinadas pelo Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Doce (CBH-Doce), que seleciona estrategicamente aquelas mais degradadas ou de maior contribui��o para o rio. “Vamos at� os produtores dessas regi�es procurar saber quem se interessa. Damos incentivo para cercar a nascente e plantamos mudas nativas. Com isso, o gado para de pisotear a nascente, reduzimos a eros�o e o ingresso de sedimentos para l�, aumentando a reten��o de �gua na �rea de recarga que abastece o olho d’�gua”, disse Jacomelli. At� o momento, foram utilizadas 140 mil mudas, sendo que a previs�o � de que se chegue a 1 milh�o.

O rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, despejou cerca de 40 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro, matando 19 pessoas, atingindo aproximadamente 500 mil pessoas e devastando a bacia hidrogr�fica do Rio Doce, at� o litoral brasileiro, nessa que � considerada a pior trag�dia socioambiental brasileira e uma das piores do mundo. 

Marcos Jacob da Costa, fazendeiro:
Marcos Jacob da Costa, fazendeiro: "A minha esperan�a � mesmo cuidar das nascentes que est�o bem aqui na minha propriedade. Isso daqui � tudo que tenho para sustentar a minha fam�lia" (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


Esperan�a para a produ��o

O C�rrego Boa Vista flu�a o ano inteiro e de suas �guas o fazendeiro Marcos Jacob Costa abastecia seu terreno, uma propriedade rural que recebeu de heran�a dos seus pais, em 1986. O l�quido � precioso para matar a sede das cerca de 300 cabe�as de gado de corte e leiteiro nos terrenos erodidos e secos que s�o comuns na regi�o de Governador Valadares, um reflexo de anos de derrubada da Mata Atl�ntica, plantio de capim e pisoteamento pelo gado.

“Fui subindo o c�rrego e descobri que muita gente, inclusive uma mineradora, n�o pararam de puxar a �gua nem com essa seca”, conta o fazendeiro, que foi obrigado a construir barragens com sacos de areia no leito seco e arenoso para manter empo�amentos durante a estiagem. Mas nem essa solu��o garantiu o abastecimento da propriedade. “A minha esperan�a � mesmo cuidar das nascentes que est�o bem aqui na minha propriedade. Isso daqui � tudo que tenho para sustentar a minha fam�lia”, disse. O produtor ainda foi atingido diretamente pela trag�dia. “Moro em Valadares e at� hoje s� bebo �gua mineral. Na �gua das torneiras ningu�m mais confia depois que desceu aquela lama contaminada”, afirma.


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