
“Foi um dos casos mais dif�ceis que tive contato”, afirma o m�dico Vin�cius Colares, de 42 anos, nefrologista da Santa Casa de Juiz de Fora, na Zona da Mata, primeiro a notificar a Secretaria de Estado de Sa�de (SES) sobre a s�ndrome nefroneural. A doen�a est� relacionada � intoxica��o de 19 pessoas, sendo que quatro acabaram morrendo, pela subst�ncia dietilenoglicol, encontrada na cervejaria mineira Backer.
Em 19 anos na medicina, o nefrologista, que fez a resid�ncia na especialidade e o doutorado na Universidade de S�o Paulo (USP), ressalta ter vivido com a investiga��o da intoxica��o por dietilenoglicol um dos momentos mais desafiantes da carreira. Em entrevista ao Estado de Minas, ele conta os detalhes de como o caso foi esclarecido pelas equipes m�dicas.
O que o levou a notificar o caso � Secretaria de Estado de Sa�de (SES)?
O que chamou aten��o desde o in�cio foram os dois casos da mesma fam�lia. Um paciente j� estava internado em BH e outro que foi pra Ub� e depois veio pra c�. Eles tinham frequentado o mesmo ambiente logo antes. Toda vez que acontece isso temos que pensar em intoxica��o, mas a gente n�o achava o que tinha causado.De que forma conseguiram identificar a causa?
Fomos atr�s de tudo. Tinha uma hist�ria de alimenta��o, uma pimenta. Teve a quest�o da cerveja, mas era industrial. Inicialmente pensamos em metanol, mas o que chamava aten��o � porque o metanol sai muito f�cil com a di�lise. E a� j� entrei em contato com o m�dico de BH pra tentar encontrar o que os casos tinham em comum e como iam evoluir para tentar manejar. Verificamos se eles tinham tido contato com radiador de carro, que tem monoetileglicol. Nem familiaridade com a subst�ncia dietilenoglicol a gente tinha. Pensamos at� em um v�rus novo circulando, numa doen�a infecciosa.
Como fecharam a suspeita de intoxica��o pela cerveja?
A gente s� teve certeza quando saiu a dosagem pela Pol�cia Civil. N�o consegu�amos encontrar o elo exato. Um m�dico da nossa equipe tentou entrar em contato com a cervejaria Backer, perguntando se no processo seria poss�vel de alguma forma haver contamina��o. Responderam que n�o.E como tratar uma doen�a misteriosa de causa desconhecida?
Os pacientes foram tratados de forma ampla, com antibi�tico, antiviral, n�o pod�amos perder tempo. Tudo que era poss�vel fazer foi feito. Esse paciente (da Santa Casa de Juiz de Fora) j� chegou com insufici�ncia renal.Houve alguma orienta��o?
