(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CERVEJAS CONTAMINADAS

'Foi um dos casos mais dif�ceis que tive', diz m�dico sobre dietilenoglicol

Nefrologista que fez a primeira notifica��o sobre a s�ndrome nefroneural no caso Backer relata corrida para encontrar diagn�stico


20/01/2020 06:00 - atualizado 20/01/2020 07:45

Origem da contaminação ainda é investigada pela polícia e técnicos(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Origem da contamina��o ainda � investigada pela pol�cia e t�cnicos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


“Foi um dos casos mais dif�ceis que tive contato”, afirma o m�dico Vin�cius Colares, de 42 anos, nefrologista da Santa Casa de Juiz de Fora, na Zona da Mata, primeiro a notificar a Secretaria de Estado de Sa�de (SES) sobre a s�ndrome nefroneural. A doen�a est� relacionada � intoxica��o de 19 pessoas, sendo que quatro acabaram morrendo, pela subst�ncia dietilenoglicol, encontrada na cervejaria mineira Backer.

Natural de Bras�lia, Colares cuidou de Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos, morto dia 7. A subst�ncia foi identificada em exames de sangue do paciente. O genro de Paschoal, que tamb�m consumiu a cerveja Belorizontina, continua internado em BH. A ocorr�ncia dos sintomas semelhantes em duas pessoas da mesma fam�lia foi o que acendeu o alerta para a possibilidade de uma intoxica��o.

Em 19 anos na medicina, o nefrologista, que fez a resid�ncia na especialidade e o doutorado na Universidade de S�o Paulo (USP), ressalta ter vivido com a investiga��o da intoxica��o por dietilenoglicol um dos momentos mais desafiantes da carreira. Em entrevista ao Estado de Minas, ele conta os detalhes de como o caso foi esclarecido pelas equipes m�dicas.


O que o levou a notificar o caso � Secretaria de Estado de Sa�de (SES)?

O que chamou aten��o desde o in�cio foram os dois casos da mesma fam�lia. Um paciente j� estava internado em BH e outro que foi pra Ub� e depois veio pra c�. Eles tinham frequentado o mesmo ambiente logo antes. Toda vez que acontece isso temos que pensar em intoxica��o, mas a gente n�o achava o que tinha causado.

De que forma conseguiram identificar a causa?

Fomos atr�s de tudo. Tinha uma hist�ria de alimenta��o, uma pimenta. Teve a quest�o da cerveja, mas era industrial. Inicialmente pensamos em metanol, mas o que chamava aten��o � porque o metanol sai muito f�cil com a di�lise. E a� j� entrei em contato com o m�dico de BH pra tentar encontrar o que os casos tinham em comum e como iam evoluir para tentar manejar. Verificamos se eles tinham tido contato com radiador de carro, que tem monoetileglicol. Nem familiaridade com a subst�ncia dietilenoglicol a gente tinha. Pensamos at� em um v�rus novo circulando, numa doen�a infecciosa.


Como fecharam a suspeita de intoxica��o pela cerveja?

A gente s� teve certeza quando saiu a dosagem pela Pol�cia Civil. N�o consegu�amos encontrar o elo exato. Um m�dico da nossa equipe tentou entrar em contato com a cervejaria Backer, perguntando se no processo seria poss�vel de alguma forma haver contamina��o. Responderam que n�o.

E como tratar uma doen�a misteriosa de causa desconhecida?

Os pacientes foram tratados de forma ampla, com antibi�tico, antiviral, n�o pod�amos perder tempo. Tudo que era poss�vel fazer foi feito. Esse paciente (da Santa Casa de Juiz de Fora) j� chegou com insufici�ncia renal.

Houve alguma orienta��o?

Vinícius Colares, nefrologista da Santa Casa de Juiz de Fora, primeiro médico a notificar sobre a síndrome(foto: ARQUIVO PESSOAL)
Vin�cius Colares, nefrologista da Santa Casa de Juiz de Fora, primeiro m�dico a notificar sobre a s�ndrome (foto: ARQUIVO PESSOAL)
A gente tem uma Sociedade Mineira de Nefrologia muito forte. Foram surgindo outros casos, fomos tentando padronizar todas as condutas e coletar os mesmos exames, mas n�o conseguia fechar. Chegamos a achar que era o monoetileglicol. O monoetileglicol � cl�ssico nos Estados Unidos e na Europa porque � uma subst�ncia muito usada para a �gua dos carros n�o congelar no inverno.

O que m�dicos aprenderam com esse epis�dio?

Que a gente precisa de uma vigil�ncia epidemiol�gica forte para fazer o rastreio dessas coisas at�picas. E quando a popula��o quando tiver esses dados que entrem em contato com os m�dicos pra ajudar a gente no esclarecimento. Considero que foi r�pido nesse caso, porque o paciente chegou dia 31 de dezembro e no dia 10 j� sab�amos que era dietilenoglicol.

E o que representou esse caso da intoxica��o por dietilenoglicol para voc�?

Foi um dos casos mais dif�ceis que tive contato, porque j� t�nhamos uma ideia do que era, mas n�o consegu�amos estabelecer o elo. Um caso extremamente grave de duas pessoas da mesma fam�lia.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)