Fam�lias de pacientes intoxicados por dietilenoglicol divulgam carta aberta contra Backer
Um m�s depois do in�cio da investiga��o, parentes de pessoas que consumiram cerveja contaminada afirmam que empresa n�o prestou qualquer assist�ncia. PC investiga 34 casos, sendo seis mortes
postado em 10/02/2020 18:56 / atualizado em 10/02/2020 20:17
A Pol�cia Civil investiga 34 casos relacionados � contamina��o das cervejas da Backer, sendo seis mortes
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Fam�lias de pessoas com suspeita de intoxica��o por dietilenoglicol, subst�ncia t�xica encontrada em cervejas da Backer, publicaram nesta segunda-feira carta aberta contra a empresa cobrando assist�ncia aos pacientes.
Eles denunciam “o comportamento atroz que a Cervejaria Tr�s Lobos - Backer vem apresentando perante os consumidores que est�o com grav�ssimos problemas de sa�de ap�s a ingest�o da cerveja Belorizontina”.
O prazo de 72 horas estabelecido pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) para uma resposta da empresa venceu na semana passada. Segundo o �rg�o estadual, a Backer deve realizar o custeio das despesas solicitadas ou apresentar a negativa.
O documento informa que, mais de um m�s depois da confirma��o da contamina��o das cervejas e vencido o prazo que o MPMG, “a Backer n�o prestou qualquer aux�lio”.
O Minist�rio P�blico promoveu, em 30 de janeiro, audi�ncia p�blica entre familiares e representantes da cervejaria. A empresa se reuniu individualmente com 12 fam�lias.
“Durante essas reuni�es individualizadas, ocorridas em 03 de fevereiro, o enfoque da Backer passou longe de ser a sa�de das v�timas. A empresa pretendia coletar informa��es por meio de um question�rio que envolviam perguntas sem nenhuma rela��o com as necessidades e custeios de tratamento. Tratou-se de investiga��o pr�pria que pode at� mesmo embasar teses de defesa em face das v�timas.”, informou.
Familiares de pessoas que se intoxicaram com as cervejas est�o sendo ouvidos pela Pol�cia Civil (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
A carta chama aten��o para a gravidade do quadro dos pacientes.
“Existem v�timas que est�o em coma, tetrapl�gicas e entubadas, outras em CTI com problemas nos rins, fazendo di�lises diariamente, e com problemas neurol�gicos como paralisia de movimentos e facial, al�m de preju�zo a quest�es b�sicas como vis�o, fala e paladar. Existem v�timas que est�o na fila do SUS aguardando tratamento e rem�dios, outras que n�o est�o no hospital, mas n�o conseguem mais trabalhar devido �s sequelas neurol�gicas e de vis�o”, relata o documento.
De acordo com as fam�lias, at� 10 de fevereiro nenhuma fam�lia foi respondida e nenhjum contato informado.
“Temos certeza de que a comunidade mineira deseja que nossas empresas prosperem, mas n�o �s custas de vidas, desprezo e tanto desamparo”, apontam.
Na quinta-feira, quando esse prazo havia encerrado, a cervejaria informou, em nota, que nas �ltimas 72 horas, analisou documentos e realizou reuni�es de forma individualizada com 12 parentes de consumidores, com exce��o de dois que n�o compareceram.
“E ficou definido que a ‘log�stica’ do atendimento (total ou parcial) ser� definida e formalizada junto aos familiares, uma vez que h� pedidos que extrapolam o mero fornecimento de recursos financeiros”.
Nesta segunda-feira, a empresa informou que "as tratativas feitas em conjunto com o Minist�rio P�blico est�o sendo observadas na �ntegra e todas as comunica��es oficiais est�o sendo formalizados perante a autoridade competente que est� ciente do cumprimento dos atos pela empresa. A Backer tamb�m informou que est� oferecendo atendimento psicol�gico �s fam�lias".
A Pol�cia Civil investiga 34 casos relacionados � contamina��o das cervejas da Backer, sendo seis mortes.
CONFIRA A CARTA NA �NTEGRA
CASO BACKER – CARTA ABERTA DAS V�TIMAS � COMUNIDADE DE MINAS GERAIS
Belo Horizonte, 10 de fevereiro de 2020.
As v�timas da intoxica��o por dietilenoglicol e seus familiares v�m, por meio desta carta aberta, denunciar o comportamento atroz que a Cervejaria Tr�s Lobos - Backer vem apresentando perante os consumidores que est�o com grav�ssimos problemas de sa�de ap�s a ingest�o da cerveja Belo Horizontina.
� importante desde j� indicar que dentre os mais de 30 (trinta) casos relacionados e 6 (seis) mortes, existem v�timas que est�o em coma, tetrapl�gicas e entubadas, outras em CTI com problemas nos rins, fazendo di�lises diariamente, e com problemas neurol�gicos como paralisia de movimentos e facial, al�m de preju�zo a quest�es b�sicas como vis�o, fala e paladar. Existem v�timas que est�o na fila do SUS aguardando tratamento e rem�dios, outras que n�o est�o no hospital, mas n�o conseguem mais trabalhar devido �s sequelas neurol�gicas e de vis�o.
Diferentemente do que a empresa afirma na m�dia, AT� AGORA, MAIS DE 30 (TRINTA) DIAS DA CONFIRMA��O DO CASO E 5 (CINCO) DIAS DEPOIS DO PRAZO ESTABELECIDO PELO MINIST�RIO P�BLICO, A BACKER N�O PRESTOU QUALQUER AUX�LIO.
No dia 30 de janeiro deste ano, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais notificou familiares das v�timas e a cervejaria para uma audi�ncia p�blica, na qual ficou ajustado que a cervejaria custearia as despesas envolvendo o tratamento de sa�de das v�timas intoxicadas e aux�lio psicol�gico a todos os familiares. Ficou acordado que a empresa realizaria reuni�es individualizadas com os representantes das v�timas e, em 72 (setenta e duas) horas, efetivaria o custeio das despesas por eles apontadas ou apresentaria negativa fundamentada.
Durante essas reuni�es individualizadas, ocorridas em 03 de fevereiro, o enfoque da Backer passou longe de ser a sa�de das v�timas. A empresa pretendia coletar informa��es por meio de um question�rio que envolviam perguntas sem nenhuma rela��o com as necessidades e custeios de tratamento. Tratou-se de investiga��o pr�pria que pode at� mesmo embasar teses de defesa em face das v�timas. Ficou claro que, al�m de a cervejaria n�o estar preocupada com as v�timas e seus familiares, tamb�m n�o pretende arcar com os gastos referentes aos tratamentos. Muito pelo contr�rio. Frases como "voc�s n�o sabem o que a Backer est� passando" ou "est� cheio de oportunistas por a�" para justificar a exig�ncia de documentos pela empresa comprovaram a total FALTA de humanidade da empresa.
Em 06 de fevereiro, a empresa enviou nota � imprensa comunicando que por iniciativa pr�pria (o que n�o � verdade), recorreu ao Minist�rio P�blico para ampliar o apoio humanit�rio que tem dado aos familiares dos consumidores intoxicados pela cerveja Belo Horizontina, e informando que a log�stica do atendimento seria definida e formalizada junto aos familiares. Al�m disso, disseram que seria informado contato para agendamento com psic�loga.
Ocorre que, at� a presente data, NENHUMA fam�lia foi respondida. NENHUM contato foi informado. N�O est� sendo prestada qualquer assist�ncia. Mesmo ap�s o vencimento do seu prazo de 72 horas, a empresa ignora o nosso sofrimento.
Perante a m�dia, no entanto, a Backer informa que est� prestando assist�ncia, inclusive por quest�o de humanidade e solidariedade. Onde est� a humanidade em ser tratado como n�mero, com descaso e sem respostas?
Como se n�o bastasse, a empresa utilizou do prazo concedido de boa-f� pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais e todas as v�timas da intoxica��o para tomar provid�ncias em benef�cio pr�prio. O Pub Backer Gourmet, localizado no aeroporto de Confins, j� teve seu nome alterado. Qual � o pr�ximo passo? Esconder patrim�nio?
Temos certeza de que a comunidade mineira deseja que nossas empresas prosperem, mas n�o �s custas de vidas, desprezo e tanto desamparo. A falta de respeito conosco e a postura dissimulada da empresa devem ser de conhecimento de todos, contamos com a ajuda de cada um de voc�s.
Minas Gerais n�o merece ter mais essa marca em seu povo.