(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PODCAST

Caso Backer: 'Tinham que ser todos presos', diz v�tima sobre investiga��o

Misto de al�vio e certeza de que ainda h� muita luta pela frente para que justi�a seja feita marcou rea��es de v�timas ao fim do inqu�rito sobre contamina��o de cerveja


postado em 10/06/2020 06:00 / atualizado em 10/06/2020 11:52


Na antessala da cl�nica de exames, na manh� de ontem, o banc�rio Luciano Guilherme de Barros, de 57 anos, mantinha a aten��o ao celular.




Acompanhou com interesse a divulga��o do resultado das investiga��es da Pol�cia Civil para o misterioso caso das cervejas contaminadas em Belo Horizonte.

O professor Cristiano Mauro de Assis Gomes, de 47, assistiu tudo ao vivo, do Youtube da Pol�cia Civil.

E a farmac�utica Camila Massardi Demartini soube depois, pelo Whatsapp, do resultado do inqu�rito; estava dedicada aos cuidados com o marido Lu�s Felipe Teles Ribeiro, de 38.

As v�timas da intoxica��o por dietilenoglicol, produto encontrado em cervejas da Backer depois de um – agora confirmado – vazamento nos tanques de resfriamento, se alternam entre o al�vio e o entendimento de que ainda haver� muita luta por justi�a.

Depois de perder o pai, Paschoal Demartini Filho, de 55, primeira morte confirmada no caso, Camila hoje cuida do marido, em casa. "Nada vai trazer o meu pai de volta, mortes e danos morais s�o irrepar�veis", sentencia.

Ela conta como reagiu ao saber que o delegado indicou neglig�ncia dos respons�veis:

"N�o me traz paz, n�o. Sinceramente, isso me desacredita da humanidade um pouco. Mas me acalenta de certa forma, porque no come�o, houve muita gente para defender e dizer que era imposs�vel que uma empresa como a Backer pudesse fazer algo do tipo. E eu achava que o tempo se encarregaria de mostrar quem eles eram de verdade".
 
Camila foi quem movimentou as pesquisas preliminares pela potencial causa do que, �quela altura, era tratado como uma doen�a misteriosa com sintomas nefroneurais. Ou�a o epis�dio dO Caso Backer que conta essa hist�ria.

"� de alguma forma gratificante porque, como ajudamos nessa investiga��o desde o come�o, evitamos que uma cat�strofe acontecesse e que outras pessoas fossem envenenadas, ou que morressem ou que tivessem sua vida virada do avesso".

Depois de 180 dias no hospital, Luciano, uma das v�timas da intoxica��o, teve alta na �ltima semana. Diante da not�cia do indiciamento de 11 pessoas por les�o corporal, homic�dio e intoxica��o alimentar, ele reagiu:

"Para mim, tinham que ser todos presos, porque eles v�o continuar dando as desculpas mais esfarrapadas poss�veis".

No hospital, Luciano teve tr�s infec��es e s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG). "Era como um coronav�rus, diziam os m�dicos, com a diferen�a de que a COVID-19 � natural. No meu caso, foi uma situa��o provocada", compara.

Luciano se recorda de que imaginava que passaria dois dias no hospital e que custou a tomar consci�ncia do que de fato havia ocorrido.

Logo a ele, um "contumaz" consumidor de cerveja, f� do r�tulo Belorizontina, foco da contamina��o:

"Fiquei sabendo do que aconteceu quando sa� do CTI. S� tr�s meses depois da interna��o que me contaram. Qual n�o foi a minha indigna��o na hora em que vi que a Backer fez isso com a gente e, o que � pior, n�o deu assist�ncia nenhuma. Tomara que eles coloquem a m�o na consci�ncia e possam ajudar quem precisa. Todas as v�timas precisam. Uns mais, outros menos, mas todos precisam, porque j� gastaram e ainda v�o gastar muito dinheiro."

Outra v�tima que se recupera em casa, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Cristiano Mauro de Assis Gomes acompanhou a coletiva da Pol�cia Civil, no apartamento onde mora, no Bairro Buritis, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, que concentrou a maior parte das contamina��es.

"Ficamos muito emocionados. O indiciamento � um reconhecimento de que aquela a��o � criminosa, � inadequada. Esperamos a continua��o do processo de justi�a. Estamos agora no meio do caminho".

Cristiano era atleta, ficou conhecido durante a interna��o como o "gal� do CTI". �udio exclusivo publicado pelo podcast O caso do Backer, do Estado de Minas, revelou que a recupera��o fonoaudiol�gica do paciente seguia passos lentos, mas progressivos, ainda no hospital.

Durante a tarde de ontem, em conversa ao telefone com a reportagem, indicou melhora significativa. "Vamos melhorando, mas lentamente", disse.

Atualmente, o professor est� hipertenso, faz hemodi�lise tr�s vezes por semana, tem paralisia facial, neuropatia nas pernas e p�s, al�m de comprometimento do equil�brio. Foi a �nica v�tima que recebeu custeio da Backer (por apenas dois meses).

"N�o h� assist�ncia da empresa, fizeram duas parcelas de dep�sito inicial e depois cancelaram. N�o realizam o custeio do tratamento de nenhuma das v�timas. Evidentemente, teremos de lutar na Justi�a, porque a Backer n�o demonstra movimenta��o ativa de nenhum cuidado conosco, as v�timas", reclama.

O que dizem outros sobreviventes
"Depois de cinco meses no CTI, continuo lutando pela recupera��o, agora em total isolamento, por causa da COVID-19. A paralisia facial dificulta muito ainda. O resultado de per�cia confirma o que todos sab�amos, tendo em vista a postura irrespons�vel da empresa diante de todos n�s"
Humberto Fernandes Melo, de 64 anos, microempres�rio, se recupera em casa

"A investiga��o confirmou que existia um erro, independentemente se foi causado intencionalmente ou n�o, o erro aconteceu e a empresa tem que se responsabilizar por aquilo, afinal de contas ela � respons�vel pelo produto que coloca no mercado. O m�nimo que espero deles � que o tempo que meu pai ainda estiver vivo, ele tenha qualidade de vida para estar bem"
�ngela Minghini Cotta, filha de Marco Aur�lio Gon�alves Cotta, de 65 anos, no CTI desde 30/12/2019

"Fica a indigna��o pelo descaso, pela falta de responsabilidade dessa cervejaria. Pouco caso e desd�m. Espero que de agora em diante a Justi�a ande mais r�pido porque n�s j� n�o aguentamos mais"
Ney Eduardo Vieira Martins, de 65 anos, ficou com sequelas neurol�gicas

"Depois de cinco meses, a empresa n�o fez ainda nenhum contato com a nossa fam�lia. Nenhum suporte. Recebemos a not�cia do fim do inqu�rito com al�vio, porque tem a resposta para as perguntas que tanto nos martirizavam, e tamb�m tristes, por saber de uma irresponsabilidade t�o grande de uma empresa que se dizia t�o s�ria"
Christiani Neves de Assis, de 40 anos, filha de Maria Augusta de Campos Cordeiro, falecida em 28/12/2019

"Esperamos ainda, depois de todo esse tempo perdido, que haja justi�a por esse crime. E que a Backer n�o consiga mais se esconder atr�s de nenhuma desculpa e arque com suas responsabilidades em rela��o a todas as v�timas que j� sofreram tanto.
Vanderlei de Paula Oliveira, intoxicado em fevereiro de 2019

Backer responde

Por meio de nota, a Backer informou que vai honrar todas as responsabilidades junto � Justi�a, �s v�timas e aos consumidores. Sobre o inqu�rito policial, a cervejaria afirma que,t�o logo os advogados analisarem o relat�rio, vai se posicionar publicamente.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)