
De acordo com a promotora de Justi�a de Defesa do Consumidor da �rea criminal, Vanessa Fusco, as fichas j� haviam sido enviadas pela Backer ao Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) de forma digital, ou seja, foram escaneadas. No entanto, t�cnicos da pasta verificaram que houve uma ‘supress�o de dados’ no envio dos documentos. O MPMG, ent�o, viu a necessidade de ter acesso f�sico aos pap�is, que podem ser fundamentais na solu��o do caso.
“O Minist�rio da Agricultura viu que naquelas fichas tinham algumas observa��es que mereciam ter an�lises mais aprofundadas. Em nenhum momento elas apareceram no inqu�rito policial. Esse foi o motivo da busca e apreens�o. As fichas n�o foram entregues de forma f�sica ao Mapa. Foram escaneadas. Houve uma supress�o de algumas anota��es. N�o sab�amos se a supress�o foi volunt�ria ou n�o. Se houve ou n�o a inten��o de fazer a supress�o. O MPMG precisava ter acesso f�sico �s fichas de produ��o”, disse a promotora.
A an�lise dos documentos ficar� a cargo da Pol�cia Civil. Nesta semana, um parecer t�cnico tamb�m deve ser emitido pelo Mapa, de acordo com Vanessa. A princ�pio, a pasta detectou uma ‘desorganiza��o’ no processo de fabrica��o da Backer. Mas somente uma aprecia��o melhor das fichas poder� indicar o que, de fato, aconteceu.
“O Minist�rio da Agricultura nos mostrou que as fichas mostram uma desorganiza��o no processo fabril. Quando se vai produzir um lote de cerveja, h� uma anota��o. H� diversos campos em que s�o colocadas as datas da adi��o dos ingredientes. Algumas dessas fichas chamaram a aten��o do Mapa, que detectou o vazamento de glicol. Se esse vazamento se deu de forma volunt�ria ou involunt�ria. Agora vamos verificar em que momento v�o influenciar nas cervejas e lotes contaminados, posteriormente ingeridos. Esse � o trabalho que a Pol�cia Civil vai executar, de posse dessas fichas de produ��o”, declarou Vanessa.
As fichas de produ��o ainda n�o estavam integradas ao inqu�rito que investiga a contamina��o de lotes de cervejas produzidas pela Backer, mesmo depois de v�rios mandados de busca e apreens�o na sede da empresa. Os documentos s�o assinados por um t�cnico, ainda n�o identificado. A poss�vel omiss�o ou desorienta��o ser� analisada pela Pol�cia Civil, que repassar� os resultados ao Minist�rio P�blico.
“Chegou a passar pela nossa cabe�a a omiss�o. Mesmo porque a Pol�cia Civil esteve l� num primeiro momento. Ainda n�o sabemos se por m� f� ou desorienta��o, ela (empresa) n�o forneceu tudo o que estava l�, no escrit�rio, de documentos, � Pol�cia Civil. N�o posso afirmar se houve um dolo da empresa em ocultar documentos. Mesmo porque esses documentos estavam com o Minist�rio da Agricultura, escaneados, de uma forma n�o muito cuidadosa. Algumas fichas tinham cortes que n�o possibilitava a leitura de alguns dados. N�o sabemos se houve omiss�o ou manuseio inadequado no scanner. � muito prematuro afirmar se houve m� f� ou desorienta��o por parte da empresa”, explicou Vanessa Fusco.
A promotora disse que h� ind�cios de que a Backer j� teria conhecimento do vazamento do material t�xico nas cervejas. Ainda de acordo com Fusco, a an�lise das fichas poder� mudar os rumos do inqu�rito policial contra os s�cios da empresa e os t�cnicos respons�veis pela manuten��o dos equipamentos, podendo gerar at� um novo indiciamento.
"H� ind�cios por essa apreens�o de agora que isso j� era do conhecimento da empresa. Que havia vazamento desse glicol que eles colocam l�, n�o dizendo o tipo de glicol seria. Essa � a grande quest�o: at� que ponto esse conhecimento vai levar a responsabiliza��o penal”, concluiu.
O Estado de Minas procurou a Backer, mas at� a publica��o desta reportagem a empresa ainda n�o havia se posicionado.
"H� ind�cios por essa apreens�o de agora que isso j� era do conhecimento da empresa. Que havia vazamento desse glicol que eles colocam l�, n�o dizendo o tipo de glicol seria. Essa � a grande quest�o: at� que ponto esse conhecimento vai levar a responsabiliza��o penal”, concluiu.
O Estado de Minas procurou a Backer, mas at� a publica��o desta reportagem a empresa ainda n�o havia se posicionado.
Inqu�rito
Na conclus�o do primeiro inqu�rito policial, em junho, a Pol�cia Civil confirmou 29 v�timas e mais 30 casos ainda em an�lise. O caso segue com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais.
Na ocasi�o, �ngela Minghini Cotta, filha de Marco Aur�lio Gon�alves Cotta, de 65 anos, �ltima v�tima constatada, disse ao Estado de Minas que esperava que o pai tivesse qualidade de vida em seus �ltimos dias.
"A investiga��o confirmou que existia um erro, independentemente se foi causado intencionalmente ou n�o, o erro aconteceu e a empresa tem que se responsabilizar por aquilo, afinal de contas ela � respons�vel pelo produto que coloca no mercado. O m�nimo que espero deles � que o tempo que meu pai ainda estiver vivo, ele tenha qualidade de vida para estar bem", disse.
Quebra de sigilo
O Tribunal de Justi�a determinou a quebra de sigilo banc�rio das empresas que comp�em o grupo econ�mico da Backer em 9 de julho.
O processo investiga os danos sofridos pelas v�timas de contamina��o por monoetilenoglicol e dietilenoglicol ap�s consumo das cervejas produzidas pela Backer. A ideia � apurar poss�veis manobras para ocultar o patrim�nio da cervejaria, cujos donos alegam falta de recursos para arcar com o tratamento m�dico dos intoxicados.