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Estado de Minas LUTO NA GASTRONOMIA

Memmo Biadi: amigos relembram momentos marcantes com o chef do Dona Derna

Italiano de Monsummano Terme, na regi�o da Toscana, ele seguiu os passos da m�e, servindo a tradicional comida da It�lia em Belo Horizonte


20/09/2020 12:38 - atualizado 21/09/2020 19:13

(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
 

Memmo Biadi � refer�ncia em comida italiana em Belo Horizonte. O restaurante que herdou da m�e, Dona Derna, serve h� quase 60 anos pratos tradicionais do seu pa�s. Para al�m da cozinha, o chef � lembrado como uma pessoa que cultivava amizades, tanto que sempre viveu rodeado de amigos, e tinha uma paix�o incondicional pela gastronomia.


Leia: Morre em BH o chef Memmo Biadi, do Dona Derna

Amigo de Memmo h� mais de 40 anos, o jornalista S�rgio Augusto Carvalho lamenta a perda de um cara "sem defeitos", empreendedor, idealista e tradicional nas receitas. "Ele tinha um astral �timo, isso vai fazer muita falta. A comida do restaurante pode se manter com o mesmo sabor, mas o tempero da presen�a dele acabou", disse, sem esconder as l�grimas.

 

Quando crian�a, S�rgio morava perto do restaurante da fam�lia de Memmo, o Fontana di Trevi, no Bairro Gutierrez. Ia muito l� para bater papo com Dona Derna. Ele acompanhou de perto a mudan�a para a Rua Tom� de Souza, na Savassi, onde ganhou o nome da fundadora. Depois viu o filho assumiu a cozinha ap�s a morte da m�e. "Pode ter comida tradicional italiana igual, mas nunca melhor que a deles", defende o jornalista, que gostava de comer ossobuco � milanesa, parmegiana e lasanha, todos "sensacionais" na opini�o dele.


S�rgio e Memmo fundaram juntos uma confraria no Mercado Central, originalmente com uma turma de 30 amigos. O grupo aumentou, depois diminuiu, mas resiste at� hoje. Todas as sextas, eles se encontram para almo�ar no Dona Derna. "Memmo construiu uma maternidade para criar porco de ra�a e fazer confit de leit�o na fazenda da companheira dele, perto de Paraopeba", conta S�rgio, que conversava com o amigo praticamente todos os dias por telefone.

 

Ivo Faria conheceu Memmo no in�cio dos anos 1970, no jantar de lan�amento de um avi�o da Alitalia, companhia a�rea italiana, em BH. Desde este primeiro encontro, eles sonhavam em trabalhar juntos e o sonho se concretizou com a abertura do Vecchio Sogno, em 1995. “Conheci a cozinha italiana com o Memmo. A minha especialidade era a francesa e ele me ensinou os princ�pios b�sicos de como se cozinha na It�lia”, aponta o chef. 

Um sonhador 

Pelas palavras de Ivo, Memmo era uma pessoa admir�vel, de car�ter, sempre pronto para compartilhar, decidido, rodeado de grandes amigos. Al�m disso, vision�rio, tanto que teve a ideia de contratar um sommelier para o Vecchio Sogno, o que era uma novidade em Minas Gerais. “Memmo era muito sonhador, e sonhar � muito bom. Quando voc� sonha, tem a possibilidade de realizar. Gra�as a Deus, v�rias coisas sonhamos e realizamos juntos”, diz Ivo.

A sociedade terminou seis anos depois (Ivo comprou a parte de Memmo no Vecchio Sogno), mas eles continuaram pr�ximos. Ivo costumava ir ao Dona Derna para bater papo com o ex-s�cio e amigo. A �ltima foto deles juntos � de um almo�o no ano passado. O chef gostava de comer massa no Derna Derna. “Achava a massa dele incr�vel, fresca, feita na hora, de qualidade, era especialidade da casa. Mas ele tamb�m fazia cordeiro e porchetta muito bem. Era amante da boa comida e do bom vinho.

 

Hoje chef do restaurante Via Destra, em Tiradentes, Rubens Beltr�o frequentou muito o Dona Derna na �poca em que trabalhava na Fiat. J� era tradi��o: levava todo italiano que visitava BH para comer os pratos de Dona Derna, e depois Memmo, considerados refer�ncia de It�lia na cidade. “Aprendi a gostar mais de cozinha italiana com a fam�lia dele. Sempre quando ia l�, pedia a massa palha e feno (de duas cores) com fil�-mignon. Eu amava.”


Mais tarde, o Dona Derna serviu de inspira��o para Rubens elaborar o card�pio do seu restaurante, o Via Destra, que j� tem 20 anos. Segundo ele, Memmo era uma exemplo na cozinha e fora dela. “Ele era uma pessoa extremamente simp�tica, um catalisador de pesaos da minha gera��o. Ele deixa de legado o amor pela cozinha. Poderia ter seguido outra carreira, como v�rios filhos de donos de restaurante, mas eles seguiu com a hist�ria da m�e”, destaca.

''Grande professor''

O chef Am�rico Piacenza, propriet�rio da Cantina Piacenza, fundada em 2008, relembra com carinho do dia em que conheceu Memmo Biadi. "Foi no Mercado Central, h� cerca de 20 anos. Estava aprendendo a cozinhar e fui comprar um cordeiro para fazer um raviolli. Lembro-me que pedi ao a�ougueiro do A�ougue Montalv�nia que preparasse uma paleta para fazer o recheio. Pedi que desosasse o cordeiro", diz.


(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )


"Memmo estava ao lado, escutou a conversa e perguntou o que eu iria fazer. Recomendou que eu optasse por um outro corte e que servisse o cordeiro com cebola, cenoura e aipo (trito)." A partir da�, Am�rico conta que se tornaram amigos e que ele foi ao Dona Derna posteriormente para conhecer o restaurante.

"� uma grande perda, sem d�vida. Nunca nos vimos como concorrentes. Memmo foi uma figura emblem�tica na gastronomia, um grande professor."


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