(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas Meio ambiente

Cerrado e mata atl�ntica sob dupla amea�a de devasta��o em Minas

Queimadas na Amaz�nia e no Pantanal chamam a aten��o do mundo, mas Minas tem dom�nio da segunda vegeta��o que mais sofre com chamas no pa�s


27/09/2020 04:00 - atualizado 26/09/2020 19:30

(foto: Leandro Couri/EM/d.a press)
(foto: Leandro Couri/EM/d.a press)
A temporada de inc�ndios que atinge seu �pice este m�s agrava ainda mais um cen�rio j� preocupante em �reas verdes que dominam a paisagem em Minas Gerais. De acordo com estudo da Funda��o SOS Mata Atl�ntica com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 4.972 campos de futebol foram devastados no bioma em territ�rio mineiro no ano passado – um recorde nacional.

Ao mesmo tempo, n�meros do Inpe mostram que, na atual esta��o, a floresta queima em �rea menor que o cerrado – predominante no estado. At� o fim da �ltima semana, de um total de 5 mil pontos de queimadas contabilizados em Minas, mais de 3,1 mil estavam entre as �rvores retorcidas desse tipo de vegeta��o, enquanto a mata atl�ntica registrava cerca de 1,7 mil.

O cerrado tamb�m � o segundo bioma que mais sofre em escala nacional (28,3% dos focos identificados no Brasil), perdendo apenas para a Amaz�nia (48,7%). Em todo o pa�s, o Inpe computava mais de 42 mil focos de inc�ndio no cerrado at� o fim da semana passada, enquanto no Pantanal, a terceira paisagem mais afetada, com 10,9% do total de registros verificados, somava cerca de 16 mil focos desde o in�cio do ano.

A situa��o � influenciada sobretudo pela caracter�stica do cerrado: uma vegeta��o que no per�odo de seca perde as folhas e se torna combust�vel perfeito para a propaga��o das chamas. � o que explica o capit�o Warley Barbosa, do Batalh�o de Emerg�ncias Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), do Corpo de Bombeiros.



 “O cerrado � mais propenso aos inc�ndios. A propaga��o � muito mais r�pida e violenta. O inc�ndio n�o � mais dif�cil de ser combatido, mas � mais frequente. A mata atl�ntica, por exemplo, � mais �mida, o que faz as chamas se espalharem menos”, afirma o militar. Outro agravante no caso do cerrado � o agroneg�cio, pontua o capit�o Warley Barbosa. O avan�o dos motosserras sobre a vegeta��o predominante no estado � comum, al�m da neglig�ncia de pequenos agricultores.

 “Percebemos que principalmente o pequeno agricultor costuma queimar a vegeta��o, em vez de usar ro�adeiras ou capinar. Isso � complicado, porque muitas vezes ele perde o controle das chamas, o que desvasta e tamb�m mata animais”, pontua o bombeiro do Bemad.

Área calcinada nos arredores de BH: de um total de 5 mil focos registrados em Minas este ano, 3,1 mil ocorreram no cerrado e 1,7 mil na mata atlântica(foto: Alexandre Guzanshe/em/d.a press)
�rea calcinada nos arredores de BH: de um total de 5 mil focos registrados em Minas este ano, 3,1 mil ocorreram no cerrado e 1,7 mil na mata atl�ntica (foto: Alexandre Guzanshe/em/d.a press)


Ainda que os dados sejam significativos neste ano, capit�o Warley assegura que as chamas consomem o cerrado em 2020 com menor intensidade no comparativo com 2019. Mas a not�cia n�o � exatamente boa. Segundo o militar, isso ocorre porque, quando o fogo causa muita destrui��o em um ano, no posterior a vegeta��o n�o est� totalmente recuperada, o que reduz a quantidade de focos.

Outro fator que acaba contribuindo para o encolhimento da vegeta��o natural do bioma s�o as monoculturas do eucalipto. Apesar de n�o ser nativa do Brasil, a esp�cie � plantada em escala industrial no cerrado, porque cresce rapidamente e pelo lucro proveniente da ind�stria de madeiras e da celulose.

Fauna e flora em risco

O cerrado predomina hoje em cerca de 50% do territ�rio de Minas Gerais, especialmente nas bacias dos rios S�o Francisco e Jequitinhonha. Entre os animais que habitam o bioma est�o esp�cies em extin��o, como a on�a-pintada, o tatu-canastra, o lobo-guar� e a �guia-cinzenta – vulner�veis tanto �s queimadas quanto ao plantio do eucalipto.

Com tantas vulnerabilidades, a esperan�a acaba tendo de vir sobretudo do c�u. O progn�stico � de menos queimadas nas pr�ximas semanas, diante da chegada das chuvas, principalmente a partir do m�s que vem. “Se os inc�ndios diminuem, a gente se prepara para os alagamentos que est�o por vir”, lamenta Warley Barbosa, militar dos bombeiros.

Ano eleitoral traz desafio e oportunidade

O papel do poder p�blico e de autoridades � determinante na preserva��o ou devasta��o ambiental. Por isso, a express�o “passar a boiada”, usada pelo ministro do meio ambiente, Ricardo Salles em reuni�o ministerial de 22 de abril – referindo-se � desregulamenta��o do setor, foi vista por ambientalistas como uma esp�cie de marco da falta de gest�o.

“J� destru�mos grande parte da mata atl�ntica no Brasil, mas desde que o Salles assumiu, temos um desgoverno. O desmatamento cresceu no bioma, mas aumentou tamb�m na Amaz�nia e no Pantanal”, opina o diretor de Pol�ticas P�blicas da Funda��o SOS Mata Atl�ntica, M�rio Mantovani, atribuindo o quadro a um reflexo do governo.



Nesse contexto, as elei��es municipais deste ano surgem como desafio e oportunidade. “Nos anos de elei��es municipais, sempre temos um aumento (do desflorestamento). O que j� � ruim, pode ficar pior. O prefeito deixa o pessoal fazer loteamento, tirando um pouco da cobertura florestal, porque isso ajuda na campanha”, critica o ambientalista. Momento, portanto, de eleger candidatos preocupados com a quest�o ambiental, e, mais do que isso, de ficar atento a quem j� est� no poder

Opera��es emergenciais

Diante da possibilidade de aumento do desmatamento em ano eleitoral, o Minist�rio P�blico iniciou no �ltimo dia 21 mais uma edi��o da opera��o Mata Atl�ntica em P�, que conta com apoio do Ibama, Semad e Pol�cia Militar do Meio Ambiente. O trabalho se estende aos 17 estados que abrigam o bioma.

Ver galeria . 7 Fotos Na galeria, fotos de incêndios em Araguari, Araxá, Campo do Meio e UberlândiaDivulgação/Corpo de Bombeiros
Na galeria, fotos de inc�ndios em Araguari, Arax�, Campo do Meio e Uberl�ndia (foto: Divulga��o/Corpo de Bombeiros )


Historicamente, o trabalho se guiou a partir do Atlas da mata atl�ntica. Neste ano, por�m, as partes v�o contar tamb�m com a plataforma MapBiomas Alerta. Trata-se de um programa de alertas e emiss�o de relat�rios de constata��o de desmatamento, que usa tecnologias de monitoramento e tratamento de dados. A iniciativa soma esfor�os de universidades, empresas de tecnologia e organiza��es n�o governamentais.

Nos �ltimos anos, entre 2018 e 2019, o Ibama, pol�cias, Minist�rio P�blico e outros �rg�os ambientais finalizaram quatro fases da opera��o Mata Atl�ntica em P�. Nesse per�odo, foram fiscalizadas 316 propriedades e aplicados R$ 37 milh�es em multas.

Al�m disso, a fiscaliza��o apreendeu 37 mil metros c�bicos de madeira, armas de fogo, carv�o, ve�culos e prendeu quatro pessoas. Foram confirmados 6.757 hectares desmatados nas quatro opera��es.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)