Belo Horizonte tem diferen�a nos �ndices de COVID-19 entre regi�es mais privilegiadas (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press - 4/3/2021)
Jovens adultos, pobres e sem vacina. O perfil das v�timas da pandemia do novo coronav�rus em Belo Horizonte foi confirmado em um estudo do Observat�rio de Sa�de Urbana de BH (OSU-BH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trata-se da edi��o 13 do chamado “InfoCOVID”, levantamento ao qual o Estado de Minasteve acesso nesta ter�a-feira (1º/06).
O informe analisou a base de dados do Sistema de Informa��o da Vigil�ncia Epidemiol�gica da Gripe (Sivep-Gripe), disponibilizada em 27 de abril de 2021, com enfoque em interna��es e �bitos por S�ndrome Respirat�ria Aguda-Grave (SRAG) que evoluiu para COVID-19 e SRAG n�o especificada, ocorridos em Belo Horizonte.
A nova edi��o ainda utilizou informa��es da base de dados do Programa Nacional de Imuniza��o (PNI), com os registros de vacinas contra a COVID-19 aplicadas em Belo Horizonte, de 18 de janeiro a 17 de maio de 2021.
As an�lises ajudam a descrever a din�mica da epidemia na capital mineira, diante das interven��es adotadas desde meados de mar�o de 2020, com as restri��es e flexibiliza��es do com�rcio.
M�dia m�vel de interna��es por SRAG-COVID e SRAG n�o especificada por dia, em Belo Horizonte, 29/12/2019 a 10/04/2021 (1� SE de 2020 a 14� SE de 2021) (foto: InfoCOVID-OSUBH)
M�dia m�vel de �bitos (B) por SRAG-COVID e SRAG n�o especificada por dia, em Belo Horizonte, 29/12/2019 a 10/04/2021 (1� SE de 2020 a 14� SE de 2021) (foto: InfoCOVID-OSUBH)
Jovens e sem comorbidade
O estudo comprovou que houve aumento no n�mero proporcional de interna��es em pessoas sem comorbidades e mais jovens.
Esse perfil refletiu, de certa maneira, nas caracter�sticas das mortes hospitalares, onde tamb�m foi observado maior aumento percentual de causalidades em indiv�duos de 20 a 40 anos, seguido pelos de 40 a 60 anos, bem como maior aumento entre indiv�duos sem comorbidades.
Ainda t�mida, mas relevante, � a observada redu��o negativa proporcional dos casos de interna��o e �bitos entre quem tem mais de 60 anos, notadamente para os idosos de 80 anos ou mais.
Interna��es por SRAG-COVID de acordo com a faixa et�ria e presen�a de comorbidades, em Belo Horizonte (foto: InfoCOVID-OSUBH)
“O que j� se falava com base em alguns elementos, agora a gente v�, com mais tempo para observar os dados, que realmente houve essa curva mostrando um pico muito grande na cidade, em torno de 120 casos na m�dia m�vel entre mar�o e abril. Tamb�m observamos que os dados epidemiol�gicos estiveram em sincroniza��o entre fechar e abrir a cidade”, explica a coordenadora do OSU-BH, Waleska Teixeira Caiaffa, professora titular da Faculdade de Medicina da UFMG.
“E vimos tamb�m essa mudan�a do perfil com rela��o � faixa et�ria. A gente v� um impacto muito grande em jovens sem relatos de comorbidades”, acrescenta.
Propor��o de interna��es e �bitos por faixas de idade (COVID) (foto: InfoCOVID-OSUBH)
Por outro lado, os idosos com mais de 80 anos est�o mais protegidos, inclusive os que ainda n�o tomaram a segunda dose.
“� muito interessante o decl�nio da propor��o de 80 anos ou mais, tanto em hospitaliza��o quanto em �bito. A gente v� a modula��o de dois fatores: a imuniza��o e a manuten��o do isolamento desse grupo. Na medida que a vacina��o for progredindo, a gente fica otimista”, pontua a m�dica.
Lugares mais pobres
Outro ponto da pesquisa mostra a distribui��o espacial na cidade com grupos residindo em �reas vulner�veis, alvo constante de maiores densidades de casos graves da COVID-19.
“Morar em �rea de risco vulner�vel, a gente v� que ainda tem propor��o de �bitos. �reas mais pobres, que s�o as pessoas geralmente inseridas nos trabalhos essenciais e que n�o podem parar, e agravou ainda com o corte da ajuda econ�mica”, explicou Waleska.
Propor��o de interna��es e �bitos por categoria de IVS (COVID) (foto: InfoCOVID-OSUBH)
A pesquisa se baseou no �ndice de Vulnerabilidade da Sa�de (IVS) – �ndice da prefeitura que faz uma combina��o de vari�veis socioecon�micas em um indicador s�ntese, utilizado pela Secretaria Municipal de Sa�de/PBH para apontar �reas priorit�rias para interven��o e aloca��o de recursos.
Em rela��o aos percentuais de varia��o por IVS entre os dois per�odos, no primeiro trimestre de 2021, nas �reas de baixo risco houve diminui��o das interna��es e �bitos; pequeno aumento nas �reas de m�dio e aumento bem maior nas �reas de elevado e muito elevado risco.
Terceira onda
Diante das novas flexibiliza��es do com�rcio e da lentid�o no ritmo da campanha de vacina��o, h� uma especula��o de que uma terceira onda de casos possa ocorrer.
Para a m�dica coordenadora do estudo, a hip�tese n�o est� descartada.
“� muito dif�cil prever, mas a gente tem que ter cuidado, sen�o podemos voltar a cair na curva do ano passado, de quando ca�mos, flexibilizamos e come�ou tudo outra vez. Nosso componente novo � a vacina��o. Provavelmente, considerando a popula��o vacinada, vamos ter menor taxa de interna��o e menor n�mero de �bitos”, observa Waleska.
Por outro lado, a professora lembra da presen�a de novas variantes, que n�o s�o consideradas na pesquisa, mas que refletem no aumento de casos de contamina��o.
“Sabemos que as variantes t�m alta capacidade de transmiss�o e mesmo que a vacina proteja 70% da popula��o, o que ainda n�o temos em Belo Horizonte, as variantes v�o se multiplicando ao longo do tempo, a muta��o faz parte do v�rus. Ent�o, as variantes v�o aparecendo se as pessoas continuam nessa intera��o social. Na medida que as pessoas v�o relaxando, a gente n�o sabe o cen�rio”, adverte.
“� tudo muito din�mico, s�o dois pratos e uma balan�a. De um lado, temos os vacinados e, do outro, os poss�veis infectados. Se pesar mais para o lado dos vacinados, n�o vamos ter outro pico epid�mico. Mas, se pesar para as variantes, a falta de uso de m�scara, de isolamento social, pode desequilibrar e ter novo pico”, alerta a professora.