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Estado de Minas Bastidores da ci�ncia

Entenda a "normalidade" que BH vive e orienta o funcionamento da cidade

Sistema que serviu de refer�ncia para reabertura da cidade � a base de conceito criado pelos infectologistas Carlos Starling e Br�ulio Couto e que o EM detalha


03/07/2021 04:00 - atualizado 03/07/2021 11:05

O infectologista Carlos Starling integra, junto a outros especialistas, o comitê de enfrentamento à virose na capital mineira (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
O infectologista Carlos Starling integra, junto a outros especialistas, o comit� de enfrentamento � virose na capital mineira (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)

O universo de pessoas vacinados contra a COVID-19 aumenta em Belo Horizonte, ao passo que os indicadores da pandemia recuam. Diante desse cen�rio, a pergunta cada vez mais frequente � sobre quando a vida  voltar� ao normal. A resposta para o questionamento parte de um novo conceito criado pelo infectologista Carlos Starling, que integra o comit� de enfrentamento � virose da prefeitura da capital: a “taxa de normalidade”.
A nova “taxa de normalidade” considera seis crit�rios: a incid�ncia da doen�a (novos casos por 100 mil habitantes nos �ltimos 14 dias) e sua tend�ncia (redu��o, aumento ou estabilidade); a mortalidade (�bitos por COVID-19 por 1 milh�o de habitantes nos �ltimos 14 dias) e sua tend�ncia; a letalidade global da doen�a (percentual de infectados que perdem a vida); e qual a quantidade de pessoas do p�blico-alvo da campanha de vacina��o j� imunizadas.

 
Para cada um desses par�metros, os especialistas atribuem uma pontua��o de acordo com os dados do boletim epidemiol�gico, o que gera um resultado entre 6 (0% de normalidade) e 30 (100% de normalidade). Essa porcentagem calculada ao final do processo foi usada, por exemplo, para liberar os eventos na cidade, mas, ao mesmo tempo, manter o ensino m�dio das escolas ainda em regime remoto.
 
Em 25 de junho, por exemplo, BH tinha uma taxa de normalidade de 68%. Esse �ndice est� acima da China, do estado de Minas e da cidade do Rio de Janeiro, do munic�pio de Contagem e de outros pa�ses, como o Reino Unido. O percentual � mais favor�vel do que aqueles atribu�dos � Argentina, ao Brasil e a Minas, e fica logo abaixo de S�o Paulo. “Poucos pa�ses fizeram um matriciamento dessa natureza. � uma novidade muito grande. � algo in�dito. Criamos m�tricas para definir a reabertura dos setores. Estamos usando essa metodologia tamb�m no comit� da prefeitura”, explica o infectologista Carlos Starling, que assina o estudo ao lado do epidemiologista Br�ulio Couto, professor do UNI-BH. Em artigo que o Estado de Minas publica nesta p�gina, Starling detalha o m�todo e fala da volta ao “normal” da vida.
 
Entre outros indicadores da pandemia, a Prefeitura de BH informou ontem, por meio de seu boletim epidemiol�gico, que permanece sem �ndices na zona cr�tica da escala de risco. As ocupa��es dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) e de enfermaria est�o no patamar intermedi�rio: respectivamente, 64,5% e 51,2%. J� a transmiss�o do coronav�rus no n�vel mais controlado: 0,9. BH tem 55,5% do seu p�blico-alvo vacinado com a primeira dose e 18,6% com a unidade de refor�o. O total de �bitos � 5.821 e o de casos confirmados 238.404. Confira o artigo de Carlos Starling.

Desafio de f�nix diante do nebuloso tempo da pandemia


A f�nix, ou f�nix, � um p�ssaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combust�o e, passado algum tempo, ressurgia das pr�prias cinzas. Outra caracter�stica da f�nix � sua for�a, que lhe permite carregar cargas muito pesadas enquanto voa. H� lendas sobre sua capacidade de carregar elefantes. No in�cio da Era Crist� essa ave fabulosa foi s�mbolo do renascimento e da ressurrei��o. Nesse sentido, ela simboliza o Cristo ou o Iniciado, recebendo uma segunda vida, em troca daquela que foi sacrificada.
 
A F�nix � uma ave mitol�gica que representa os ciclos da vida, o recome�o e a esperan�a num futuro melhor. De origem eg�pcia, o mito est� presente em v�rias culturas como a grega, romana, �rabe e chinesa. Eu acrescentaria trata-se de um ser mitologicamente pand�mico e muito apropriado ao momento atual. Retomar nossas vidas como antes � o grande desafio que temos no momento. Responder quando, como e de que maneira faz�-lo com seguran�a e responsabilidade �, certamente, um caminho pand�mico pantanoso.
 
Queremos e precisamos achar a trilha desenhada por indicadores epidemiol�gicos que nos permitam ir passo a passo reconquistando nossas escolas, espa�os de trabalho, nossa vida social, o abra�o dos amigos e dos desconhecidos nos campos de futebol.
 
Nessa reconquista do mundo perdido, passamos pelas nossas profecias estat�sticas iniciais, praticamente todas, coincidentes com a realidade tr�gica nacional. Em algumas situa��es a realidade foi pior do que jamais poder�amos imaginar. Para outras, a previs�o catastr�fica foi contida pela sensatez e sensibilidade pol�tica dos representantes p�blicos eleitos.

Entendo ter sido Belo Horizonte um bom exemplo, claro, com a devida v�nia do meu conflito de interesse. Vimos em nosso plano nacional um dos maiores vexames mundiais na condu��o da pandemia, que se arrasta at� os dias de hoje, sendo conceituado como um verdadeiro genoc�dio por v�rios depoentes na CPI em curso no Senado Federal.

Foi nessa busca de encontrar par�metros para ir passo por passo retomando nossas vidas que ousamos, mais uma vez, propor par�metros t�cnicos que nos permitissem seguir o mito da F�nix. Reciclados pela dor da perda de milhares de amigos, parentes e irm�os distantes, certamente n�o poder�amos propor alguma coisa que ultrapassasse os limites do conhecimento cient�fico do momento. Muito menos, o fato de n�o termos a seguran�a quanto ao comportamento das variantes que brotam a todo momento, principalmente, em locais onde a ignor�ncia (ou m� f�) predominou e “deixaram o v�rus viajar”.
 
Foi com a inten��o de encontrarmos o caminho das Minas, que desenvolvemos modelos matriciais usando indicadores de f�cil acesso e p�blicos para acharmos a “Taxa de Normalidade” do momento. Para chegarmos at� ela, usamos a Incid�ncia por 100.000 habitantes e a tend�ncia da incid�ncia (redu��o, estabilidade, ou aumento no n�mero de casos) , as quais refletem a velocidade de progress�o do v�rus na comunidade.
 
Usamos a taxa de mortalidade, a tend�ncia da taxa de mortalidade e a letalidade como par�metros do impacto do n�mero de casos sobre o sistema de sa�de e a capacidade deste de responder a essa press�o. Todos esses par�metros, indiretamente, refletem tamb�m o grau de transmissibilidade e virul�ncia das variantes circulantes, assim como, o grau de ades�o da comunidade as` medidas de distanciamento social, as quais s�o fundamentais para conten��o da dissemina��o viral.
 
Por outro lado, o percentual de pessoas vacinadas na comunidade � um fator de prote��o fundamental que contrap�e e reverte a tend�ncia de progress�o da epidemia. Quanto maior o percentual de pessoas vacinadas e utilizando as medidas de distanciamento social, mais perto estaremos de passar por esse momento terr�vel e renascer.
 
A tabela 1 mostra os elementos da matriz de risco e sua pondera��o. Nas linhas, ficam os indicadores e nas colunas as diferentes faixas de risco e os pesos dados a cada um dos itens.
 
Quando somamos os pesos de cada item da matriz, temos, no m�nimo 6 pontos poss�veis e no m�ximo 30 pontos. Ou seja, 6 pontos correspondem a Zero % de normalidade e 30 pontos a 100% de normalidade. Para aqueles que gostam de entender mais a fundo nos temas, segue a f�rmula de c�lculo utilizada. Mas, se voc� fica arrepiado quando se depara com f�rmulas, siga apenas pelo texto.
 
O c�lculo da taxa de “normalidade” (Tx(%)) � feito por interpola��o linear, considerando a pontua��o total, que vai de seis a 30 pontos de tal forma que 5 pontos = 0% de “normalidade” e 30 pontos = 100% de “normalidade”:
Tx(%) = X-5 30-5 × 100
Onde: X = total de pontos do pa�s, estado, munic�pio ou localidade
Tx(%) = Taxa de Normalidade
O passo seguinte para identificar as “faixas de normalidade” e o que cada uma delas permite que seja retomado: essas faixas, a princ�pio, ter�o que ser arbitradas e posteriormente validadas pelos dados epidemiol�gicos e experi�ncias vivenciadas.
Na tabela 2, encontramos um exemplo de faixas de normalidade para retorno as` atividades presenciais nas escolas.
 

Trata-se de um modelo e uma proposta em franca evolu��o e expans�o para a retomada de outras �reas, como por exemplo, atividades culturais, eventos sociais atividades esportivas com p�blico, retorno ao trabalho presencial em empresas, cultos religiosos, funcionamento de bares, restaurantes, etc.
 
Ao contr�rio do retorno de todas essas atividades pela press�o e desespero dos seus atores sobre o poder p�blico, passamos a dispor de uma ferramenta que nos d� par�metros mais sens�veis para expandir ou retroceder nas medidas e decis�es a serem tomadas.
Mostramos tamb�m a situa��o atual, em faixas de normalidade, nos munic�pios de todo o pa�s e a situa��o dos munic�pios de Minas, al�m de uma compara��o do Brasil com outros pa�ses.
 
Esses par�metros nos permitir�o aos poucos retomar nossas vidas, devendo ser ajustados conforme avan�amos no conhecimento cient�fico sobre o v�rus e seu impacto clinico, epidemiol�gico e econ�mico sobre os diversos tecidos sociais.
 
A esperan�a e a inten��o � expormos de forma transparente todos os princ�pios t�cnico-cient�ficos que permeiam essa tentativa de retorno a “normalidade”, mesmo que ainda estejamos num cen�rio pand�mico extremamente incerto.
 
Todo esse trabalho n�o seria poss�vel, se n�o fosse o brilhantismo, parceria cient�fica e amizade do Professor Br�ulio Couto, com o qual compartilho a autoria desse modelo, juntamente com todos os colegas que comp�em o comit� de gest�o da pandemia da prefeitura de Belo Horizonte.
 
Espero que a F�nix alce voo em c�u de brigadeiro e possa ajudar a todos voltar a dormir em paz.

REFER�NCIAS


COUTO & STARLING (2020). Mathematical Modeling of COVID-19 Transmission by a k Phases SEIR Model. In: Open Forum Infectious Diseases, 7 (Supplement_1), S283–S285. https://doi.org/10.1093/ofid/ofaa439.627

ECDC - European Centre for Disease Prevention and Control. COVID-19 situation update for the EU/EAA and UK, 24 October 2020 – 8 December 2020. https://www.ecdc.europa.eu

WU, Zunyou; MCGOOGAN, Jennifer M (2020). Characteristics of and Important Lessons From the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Outbreak in China. Jama, [s.l.], p.1-4, 24 fev. 2020. American Medical Association (AMA). https://dx.doi.org/10.1001/jama.2020.2648

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Quais os sintomas do coronav�rus?

Desde a identifica��o do v�rus Sars-CoV2, no come�o de 2020, a lista de sintomas da COVID-19 sofreu v�rias altera��es. Como o v�rus se comporta de forma diferente de outros tipos de coronav�rus, pessoas infectadas apresentam sintomas diferentes. E, durante o avan�o da pesquisa da doen�a, muitas manifesta��es foram identificadas pelos cientistas. Confira a rela��o de sintomas de COVID-19 atualizada.

O que � a COVID-19?

A COVID-19 � uma doen�a provocada pelo v�rus Sars-CoV2, com os primeiros casos registrados na China no fim de 2019, mas identificada como um novo tipo de coronav�rus pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) em janeiro de 2020. Em 11 de mar�o de 2020, a OMS declarou a COVID-19 como pandemia.

(foto: Hudson Franco/EM/D.A Press)
(foto: Hudson Franco/EM/D.A Press)

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