
BRUMADINHO – Desistir n�o � uma op��o. A Opera��o Brumadinho completa, nesta quinta-feira (21/10), 1 mil dias de trabalhos de buscas por v�timas que foram soterradas pela avalanche de lama que se desprendeu da Barragem B1, da Mina C�rrego do Feij�o, de propriedade da Vale.
A trag�dia deixou 270 mortos e oito pessoas ainda n�o foram encontradas – j�ias que s�o a motiva��o para o trabalho n�o parar.
Na manh� desta quinta-feira (21/10), o Corpo de Bombeiros concedeu entrevista coletiva na Base Bravo (local onde os militares se re�nem em Brumadinho) para detalhar a nova estrat�gia de buscas, divulgada pelo Estado de Minas na segunda-feira (18/10). Esta nova fase pode diminuir em dois anos o tempo de buscas – antes, a previs�o era de que as buscas poderiam levar mais quatro anos at� o fim.
“Tudo vai depender do funcionamento de como os trabalhos v�o ser desenvolvidos com as esta��es de busca”, afirmou o coronel Erlon Dias Machado, chefe do estado-maior do Corpo de Bombeiros. “Com essa nova proposta, � apenas uma estimativa que se reduza de dois anos para tr�s. N�o tem como afirmar se ser�o dois anos, mas a gente entende que (possa ser) de dois anos pra tr�s. Depende de como cada esta��o vai funcionar.”
“Tudo vai depender do funcionamento de como os trabalhos v�o ser desenvolvidos com as esta��es de busca”, afirmou o coronel Erlon Dias Machado, chefe do estado-maior do Corpo de Bombeiros. “Com essa nova proposta, � apenas uma estimativa que se reduza de dois anos para tr�s. N�o tem como afirmar se ser�o dois anos, mas a gente entende que (possa ser) de dois anos pra tr�s. Depende de como cada esta��o vai funcionar.”
O processo consiste na utiliza��o de cinco esta��es de busca na �rea onde funcionava o Terminal de Carga Ferrovi�rio (TCF) da mineradora. Essas esta��es abrigam um maquin�rio capaz de melhorar a observa��o do rejeito revirado pois j� � utilizada para "peneirar" o min�rio e foi adaptada especificamente para a Opera��o Brumadinho.
Esse novo m�todo � baseado na segrega��o granulom�trica. Um maquin�rio recebe o rejeito que ainda n�o foi vistoriado e separa para vistoria de acordo com a gramatura do material. Dentro da cabine, dois bombeiros observam atentos tudo que passa pela esteira e, em caso de visualizar algum objeto que possa ser segmento de corpo, o operador interrompe a m�quina, o material � recolhido e enviado para an�lise do Instituto M�dico-Legal (IML).
Tecnologia para agilizar
O major Ivan Neto explicou que, no m�todo anterior, os bombeiros conseguiam observar 25 metros c�bicos por hora. Nesta nova t�tica, s�o revirados 120m3 de rejeito por hora, o que significa um aumento de 380% de efetividade. "Dessa forma a gente consegue diminuir a longevidade da opera��o e por consequ�ncia, o sofrimento das fam�lias", afirmou.

"Amanh� completa um m�s que a primeira esta��o funcionando e dez segmentos foram encontrados. A gente ficou muito satisfeito com esse resultado, estamos otimistas", comentou o major. "O que nos motiva hoje � a esperan�a de trazer alento aos familiares', concluiu.
Na data marcante, representantes dos atingidos prestaram homenagem ao Corpo de Bombeiros com a entrega de flores. O Estado de Minas registrou o momento com exclusividade. Confira:
Na data marcante, representantes dos atingidos prestaram homenagem ao Corpo de Bombeiros com a entrega de flores. O Estado de Minas registrou o momento com exclusividade. Confira:
Mil dias de opera��o
O coronel Erlon Dias Machado relembrou que 1 mil dias de trabalho representa horas intensas de trabalho.
"O marco temporal de hoje � importante pois essa � a maior opera��o de buscas da hist�ria", afirmou. "A cada momento, resultados foram encontrados, isso justifica o momento em que estamos hoje."
Durante a trajet�ria da opera��o, muitos m�todos foram utilizados, entre eles, as buscas com c�es farejadores. Atualmente, o canil n�o � mais acionado pois n�o h� possibilidade de encontro com uso dos animais, segundo os bombeiros.
“Os c�es t�m treinamento espec�fico de v�rias formas. Existe um per�odo em que ele consegue manter o olfato satisfat�rio, isso n�o passa de meses”, explicou o coronel Erlon. “N�o h� c�o que tenha condi��o de busca neste per�odo, pois s� tem parte �ssea (em meio aos rejeitos)”.
Com a chegada do per�odo chuvoso, o trabalho n�o deve ser paralisado. Isso porque as esta��es de busca conseguem manter sua rotina mesmo com o clima �mido. Al�m disso, os bombeiros devem utilizar lonas para proteger o solo.
“Hoje n�o ser�o mais utilizadas grandes tendas e sim o lonamento para guardar grandes montantes de rejeitos que ser�o transportadas at� as esta��es de trabalho”, acrescentou.
As oito fases da opera��o
Durante entrevista coletiva, a institui��o relembrou as oito estrat�gias de busca que foram utilizadas at� o momento. Relembre:
Primeira fase
A estrat�gia 1 foi implementada pelas primeiras equipes que chegaram ao local. As buscas foram realizadas ininterruptamente com emprego de todos os recursos operacionais na �rea do rejeito, devido �s chances de encontro de sobreviventes. Nesta fase, foi necess�rio intenso controle e manejo do grande n�mero de corpos encontrados, al�m de grande empenho de equipes especializadas, aeronaves e c�es.
Ainda nesta fase foi implementado o Sistema de Comando de Opera��es (SCO), ferramenta gerencial utilizada como o mecanismo de gerenciamento da opera��o. Esta ferramenta permite que seja adotada uma estrutura organizacional integrada e padronizada, com a distribui��o das principais tarefas e atribui��es da opera��o de resposta entre os agentes empregados e tamb�m que o trabalho dos diversos �rg�os empenhados ocorra de forma organizada e eficiente.
Segunda fase
A estrat�gia 2 foi implementada no quarto dia ap�s o rompimento da barragem, priorizando a buscas de corpos e segmentos na superf�cie do terreno. Durante esta fase houve a constru��o e recomposi��o de acessos �s �reas atingidas, bem como a demoli��o de estruturas colapsadas pela lama de rejeitos. Houve tamb�m a integra��o de 55 �rg�os p�blicos municipais, estaduais e federais, com objetivo de fornecer melhor resposta ao desastre.
Terceira fase
Findadas as buscas superficiais na mancha de rejeitos e �reas adjacentes, a estrat�gia tr�s foi implementada no quadrag�simo primeiro dia de opera��o. Nesta fase, houve uma completa mudan�a do contexto operacional, diante do in�cio de buscas de corpos e segmentos soterrados pela lama, necessitando-se do emprego de maquin�rios pesados para a escava��o das �reas secas.
Quarta fase
A quarta estrat�gia adotou como par�metro o cruzamento de dados, que definiu as �reas de maior interesse, potencializando a utiliza��o de maquin�rios pesados para a realiza��o de escava��es pontuais e profundas. Em determinadas �reas, as escava��es foram realizadas at� a cota zero, ou seja, todo o rejeito do local foi vistoriado at� evidenciar o solo natural caracter�stico existente, antes do rompimento.
Quinta fase
A quinta estrat�gia foi implementada diante da constata��o de que cerca de 92% dos corpos e segmentos localizados durante as buscas haviam sido encontrados a uma profundidade de at� tr�s metros. Desta forma, definiu-se como crit�rio a realiza��o de buscas em extens�o, por meio de escava��es na camada inicial, em at� tr�s metros de profundidade. Por conta do per�odo chuvoso, tamb�m foi feita a montagem de tenda e enrolamento do rejeito.
Sexta fase - Pandemia
Devido � pandemia de COVID-19, no in�cio do ano de 2020, as buscas da Opera��o foram interrompidas do dia 21 de mar�o ao 26 de agosto. No entanto, para n�o prejudicar o andamento dos trabalhos, houve a otimiza��o dos Sistemas de Informa��es Geogr�ficas (GIS) e o aumento do controle dos rejeitos nos Dep�sitos Tempor�rios de Rejeito (DTR), com uso de tecnologias que permitiram a quantifica��o do volume de rejeito vistoriado ou pendente de vistoria, sendo implementada desta forma a sexta estrat�gia.
S�tima fase
A s�tima fase da opera��o foi marcada pelo enfrentamento ao per�odo chuvoso, na qual foram instaladas tendas gigantes para garantir a exist�ncia de material seco a ser vistoriado nos intervalos de estiagem, enquanto obras de drenagem nas frentes de trabalho eram feitas simultaneamente. Nesta fase, parte do rejeito, que � mantido coberto por lonas em p�tios levemente inclinados, chamados de �rea de espera, s�o vistoriados sem a interfer�ncia das chuvas.
A s�tima fase foi uma das mais longas e neste intervalo a opera��o teve que ser interrompida parcialmente pela segunda vez, em fun��o da pandemia. A parada ocorreu em mar�o deste ano e a retomada se deu no m�s de maio para dar continuidade a s�tima fase e planejar a implementa��o da oitava que ainda est� em andamento.
Oitava fase
A �ltima fase implementada consiste na utiliza��o de quatro esta��es de busca na �rea denominada TCF, onde funcionava o Terminal de Carga Ferrovi�rio da mineradora.
N�meros da opera��o
- Total de v�timas: 270
- Desaparecidos: 8
- Dura��o: 1000 dias
- Efetivo empenhado: 4.142, aproximadamente 70% do efetivo na ativa.
- Efetividade da opera��o: 97,03%