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Estado de Minas EM QUASE R$ 1,3 MIL

Vereador mineiro quer multar professor que usar linguagem neutra em sala

Parlamentar de Patos de Minas tentou criar lei na cidade para multar docentes que usassem linguagem; ap�s projeto ser barrado, deseja proibir em todo o Brasil


03/12/2021 16:18 - atualizado 03/12/2021 16:47

Livro em cima de carteira em uma sala de aula
Vereador deseja proibir linguagem neutra nas salas de aula, o que � criticado por estudiosos em educa��o (foto: Imagem ilustrativa - %u73BA%u6EE8/Pixabay)
Um vereador de Patos de Minas quer proibir a linguagem neutra em escolas e universidades e, para tanto, tentou criar uma lei municipal para multar o professor que apresentasse o dialeto em quase R$ 1,3 mil. A proposta, no entanto, foi barrada em comiss�o e agora o legislador quer vetar a linguagem em todo o Brasil.
 
O vereador da cidade do Alto Parana�ba � Gladston Gabriel (Podemos), que classifica a linguagem neutra como um "atentado � norma culta da l�ngua portuguesa", al�m de causar preju�zos a indiv�duos com defici�ncia comunicativa, como autistas. Especialistas em educa��o, no entanto, discordam de tal vis�o ao classificar o veto como "uma pol�tica de silenciamento e discrimina��o" (leia mais abaixo).  
 
De qualquer forma, o projeto de lei nº 5375/2021 foi rejeitado nessa segunda-feira (29/11) pela Comiss�o de Legisla��o, Justi�a e Reda��o (CLJR) por ser inconstitucional. Segundo o parecer, a compet�ncia de promover modifica��o desse tipo � federal. 
 
Inconformado, o vereador afirma agora que tentar� uma interven��o a n�vel federal para proibir a linguagem neutra em todo o territ�rio nacional. Gladston Gabriel pretende solicitar, formalmente, provid�ncias junto ao Ministro da Educa��o, Milton Ribeiro.

“Desta forma, a gente sensibiliza o �rg�o respons�vel, a n�vel federal, para que verse sobre esse assunto, para que tenhamos a prote��o da l�ngua portuguesa em nossa na��o”, diz.
 

Justificativa do vereador


Gladston Gabriel justifica que o projeto visa garantir o emprego da norma culta da l�ngua portuguesa. "A l�ngua portuguesa e suas regras gramaticais t�m como intuito facilitar a comunica��o, representando a identidade, hist�ria e valores de uma na��o."
 
Gladston Gabriel na Câmara Municipal de Patos de Minas
Gladston Gabriel (foto: Reprodu��o/gladston.gabriel/Instagram)
 

O vereador pondera ainda que a linguagem neutra pode comprometer o entendimento por pessoas que apresentam defici�ncias de comunica��o. "Outro fator � o preju�zo na comunica��o verbal e escrita, e aqui em especial das pessoas disl�xicas, surdos e cegos. Neste contexto, a linguagem neutra, promoveria ainda mais a dificuldade de inclus�o social para estas pessoas, que por sua vez j� tiveram por base seus aprendizados na norma culta da l�ngua portuguesa".

O que previa o projeto barrado?

O projeto de lei nº 5375/2021, que foi barrado pela CLJR, estabelecia a proibi��o do uso da chamada "linguagem neutra" nas escolas e universidades p�blicas e particulares de Patos de Minas. Pelo texto, o professor que usar tal dialeto estar� sujeito, em caso de reincid�ncia, a multa de R$ 1.299,00.

A proposta de Gladston Gabriel possui tr�s artigos que estabelecem:

 

  • � garantido o n�o uso de linguagem neutra, nas institui��es de ensino p�blico e privado  de Patos de Minas e a sua n�o utiliza��o em materiais did�ticos e curriculares, assim como em editais de processos seletivos e concursos p�blicos.

  • Aplica-se nos curr�culos da educa��o infantil, do ensino fundamental, m�dio e t�cnico, estendendo-se ao ensino superior.

  • O descumprimento acarretar� san��es administrativas aos estabelecimentos que menciona e aos profissionais de educa��o. Sendo:

 

I – Advert�ncia para as institui��es e ou profissionais da educa��o;

 

II – Multa de 300 UFPM’s (R$ 1.299), ao profissional da educa��o, seja da rede privada ou p�blica, em caso de reincid�ncia.



O que � linguagem neutra?


Trata-se da substitui��o dos artigos feminino e masculino por "x", "e" ou at� pela "@" em alguns casos. "Amigo" ou "amiga" virariam "amigue" ou "amigx". As palavras "todos" ou "todas" seriam trocadas, da mesma forma, por "todes", "todxs" ou "tod@s".

Esse tipo de linguagem visa adaptar o portugu�s para pessoas n�o bin�rias (que n�o se identificam nem com o masculino nem com o feminino) ou intersexo. 
 
Ouvido pelo Estado de Minas em projeto semelhante proposta em Juiz de Fora, o doutor em educa��o pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Roney Polato, “a proposi��o desse tipo de projeto de lei demonstra profundo desconhecimento sobre o que � a educa��o e, sobretudo, sobre a escola, seus curr�culos e suas pr�ticas.”
 
“Proibir que estudantes da educa��o b�sica possam conhecer outras formas de express�o da l�ngua – e as m�ltiplas linguagens que caracterizam as maneiras de ser e estar no mundo – fere a pr�pria Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional, j� que ela define a educa��o como algo que deve ser inspirado em princ�pios de liberdade e solidariedade humana”, disse o docente, em contraponto ao que foi apresentado pelo parlamentar, em Juiz de Fora, do ponto de vista da legisla��o. 
 
“Portanto, tentar proibir o uso da diversidade das linguagens na escola, o que inclui conhecer e pensar sobre o uso da linguagem neutra, � colocar-se contra princ�pios legais e constitucionais. Sobretudo, � promover uma pol�tica de silenciamento e discrimina��o com as pessoas que n�o se enquadram em normas socialmente constitu�das”, concluiu o docente. 
 
Leia o que pensa outro especialista em educa��o aqui


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